quinta-feira, 17 de abril de 2008

No trânsito, o inferno é o outro

Fala-se tanto dos problemas do trânsito nas grandes cidades: dos acidentes, dos engarrafamentos kilométricos, da poluição e dos excessos de todo tipo.

Fala-se, todo mundo fala! Fala-se como se o "lance" ou os "lances', fossem com o outro, do outro, um sujeito - milhões - abstrato, já que ninguém se vê como agente do que esta aí... que é sempre culpa do outro.

Outro, anônimo, indefectível, não adversário, mas inimigo mesmo, que teima em impedir a minha posse como "dono absoluto" das vias públicas e dos passeios também - para estacionar - ou dos pedestres que teimam em passar na frente, na faixa ou fora dela, o que da no mesmo...

Ninguém se sente - de fato - como parte de um coletivo, de uma coletividade que, quanto maior, mais complexa, o que torna um imperativo, radical, a observância das normas, das regras, para que prevaleça o estado de direito e todos possam ser beneficiados e tudo funcione a contento.

Estudos comprovam que cada motorista se sente como um detentor do direito absoluto no trânsito. O outro é sempre um obstáculo, um incômodo, um desrespeito ao seu "direito divino":o outro carro, o guarda, o pedestre e até mesmo um simples semáforo, ou radar, que parecem ter sido colocados ali só para contrariá-lo.

No trânsito, impera a máxima do Sartre: "O inferno é o outro".

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