"Reservatório" de Cantareira |
De chuvas, talvez!
A ênfase de certa mídia em uma “falta de água
natural”, movida por injunções da natureza, é parte do pagamento que recebe
para pasteurizar os desmandos e incompetências associados a pouca preocupação e
interesse real na coisa pública, já que o governo do Estado não passa de uma
ação em causa própria e de seus financiadores.
O que surpreende é a vulnerabilidade dos eleitores
a argumentos tão fajutos como aqueles que ouvem à exaustão na mídia associada, que já tem como saldo
20 anos de desgoverno.
Quem sabe muito bem sobre a gravidade da crise de água no Estado é quem abre
suas torneiras diariamente, o resto é conversa de mídia vendida.
"Pesquisadores brasileiros
denunciam: Por negligência, Sabesp jogou o Cantareira numa catástrofe.
Cantareira tem ‘transição catastrófica’, diz
estudo publicado em revista internacional
Pesquisadores brasileiros mostram como bacia
hidrográfica passou para estado de ineficiência na produção de água em janeiro
de 2014
Um
artigo recém publicado por pesquisadores brasileiros em uma revista científica
americana afirma que o Sistema Cantareira sofreu uma “transição catastrófica”,
entre o fim de 2013 e o início de 2014, provocada pela demora dos gestores em
reduzir a exploração do manancial, apesar dos indícios de estiagem.
Os
cientistas afirmam que, desde janeiro de 2014, quando a crise foi anunciada
pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), o
Cantareira já havia mudado do “estado normal” para um “estado de ineficiência”,
no qual a água da chuva já não se reverte em aumento do nível de armazenamento
das represas porque é absorvida pelo solo seco, no chamado “efeito esponja”.
“A
culpa não é do sistema natural, ele sempre funcionou assim. Foi um problema de
gestão, que negligenciou aspectos fundamentais do funcionamento de bacias
hidrográficas”, afirma o ecologista Paulo Inácio Prado, do Instituto de
Biociências da Universidade de São Paulo (USP), um dos autores.
Para
explicar a transição catastrófica, um termo da física que descreve mudanças
bruscas de um estado para outro, o pesquisador Roberto Kraenkel, do Instituto
de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista (Unesp), compara a situação
do Cantareira com a de um barco no lago. “Ele está sob o efeito do vento e das
ondas, mas não vira. Se existir um evento excepcional, sabemos que o barco pode
virar, e de forma rápida. Depois que ele vira, fica muito difícil desvirá-lo.
Infelizmente, foi isso que aconteceu.”
Segundo
Kraenkel, as chuvas na região do Cantareira não diminuíram de repente e o volume
de água que entra nas represas por meio da chuva, dos rios e do lençol freático
já vinha em queda há mais tempo. “Era possível ter percebido isso antes e
reduzido a retirada de água do sistema desde de outubro (de 2013), mas isso só
começou a ser feito em fevereiro. Desta forma, (os gestores) acabaram jogando o
sistema dentro da catástrofe”, diz.
Segundo
Prado, se as medidas tivessem sido tomadas naquela época, o racionamento de
água seria menor hoje e a recuperação do sistema, mais rápida. “A retirada de
água já está em menos da metade e ainda estamos com volume baixo. Se os
próximos meses não forem muito chuvosos, será preciso reduzir ainda mais a
distribuição da água”, diz. O estudo também é assinado pelo pesquisador Renato
Mendes Coutinho, da Unesp.
Em
nota, a Agência Nacional de Águas (ANA) cita relatório climático que aponta que
a estiagem foi “anormal” e “imprevisível” e desde fevereiro de 2014 defende
reduções significativas do uso do Cantareira. A Sabesp e o Departamento de
Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE) não se manifestaram até as 20
horas.
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