sábado, 9 de maio de 2009

Fome no mundo não é por falta de alimentos, e sim de recursos para adquiri-los


A fome que vitima, literalmente, mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo, denuncia a perpetuação de um sistema econômico  predominante, injusto e concentrador de renda.
 
Esta situação foi agravada nos últimos anos com o neoliberalismo e a globalização que, segundo relatório da própria ONU, como comentamos em artigo neste blogue: Neoliberalismo e desigualdades“,  tornou os ricos mais ricos e os pobres mais pobres.

Com exceção do continente africano, a produção de alimentos é varias vezes maior que a necessidade das pessoas. Só na América Latina, a produção é 4 vezes maior que as necessidades da população, logo, o que falta é um sistema econômico mais racional e justo que garanta a segurança alimentar de suas populações.

O sistema neoliberal é tão radical e cruel, que vem penalizando as populações dos próprios países centrais, como comentamos em artigo:A globalização empobrece também em países ricos”.

segurança alimentar é um direito inalienável de todas as pessoas e, mais que uma função, é um dever do Estado, que foi criado, em princípio, para suprir todas e quaisquer necessidades de sua população. Isso não implica necessariamente em distribuição direta de alimentos ou subvenções e sim em criar políticas públicas de educação, saúde, emprego e renda para garantir este direito.

Na América Latina, o Brasil, além de alguns outros países, reconhece via Constituição Federal, o direito a alimentação. A Bolsa Família que vem tirando milhões de famílias da miséria, é um recurso temporário, mas, imprescindível para resgatar essa dívida social histórica do Estado brasileiro.

A fome, que não deixa de ser um mecanismo perverso de sujeição ou submissão das massas por uma “elite” cruel e burra, deixa sequelas irreversíveis nas pessoas, o que compromete a sua inserção no mercado de trabalho e no contexto social.

A criança que passa fome no período crucial para a sua formação - nos primeiros anos de vida - tem comprometido o seu coeficiente intelectual e a sua capacidade física e profissional, o que a torna, quando adulta, menos apta ao exercício de uma profissão mais qualificada, o que, com certeza, aconteceu com os seus pais e que vai alimentar, assim, o ciclo da pobreza e miséria.

Apesar da obviedade desse quadro histórico de injustiça social no país, há quem condene o programa Bolsa Família, taxando-o de assistencialista e não aceitando nem o seu caráter provisório, mas, urgente, pois, quem passa fome não pode esperar por medidas de longo prazo para que possa “matar” a fome que o tortura, agora.

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