Rede
social, quem não tem? Só no Facebook temos no Brasil algo em torno de 101 milhões de usuários...
É muito poder em mãos de quem sabe usar... Não é verdade?
O detalhe é que pode fazê-lo como e quando quiser ...
Depois de alguns escândalos radicais que podem ter
tudo a ver com a eleição do Trump
(EUA), até tivemos por aqui algo de gênero promovido pelo carinha de extrema direita
local, da MBL,
– que tanta gente gosta – no Brasil e sua organização execrável, o ‘dono’ resolveu
fazer alguma coisa.
Como estava virando ‘a casa de mãe Joana’ e só depois de ter tomado um puta rombo de, ‘só’, 50 bilhões de dólares nas finanças
pessoais, é que resolveu dar um jeito e limitar um pouco os acessos indevidos. O
que não quer dizer que não vinham sendo feitos até então de forma mais discreta,
digamos assim, e a nossa privacidade já estivesse nas cucuias há muito tempo.
Como saldo visível temos a moda da fake news, que promete para as próximas
eleições por aqui...
Confira!
“O coronelismo digital
O voto de cabresto e a promessa de
cesta básica são coisas do passado. A manipulação das redes atinge o mesmo
resultado
Neste mês
veio à tona mais um capítulo do uso indevido dos dados pessoais processados
diariamente pelo Facebook. O jornal britânico The Guardian revelou
que informações de 50 milhões de americanos foram acessadas sem consentimento
pela Cambridge Analytica, empresa inglesa de marketing e análise de dados. O
período de acesso ocorreu durante a campanha presidencial que elegeu Donald Trump em 2016.
A empresa foi criada
por Steve Bannon, nomeado chefe de estratégia de Trump depois da vitória nas
urnas. Os dados coletados ilegalmente foram usados no que são chamadas “psyops”
(ou operações psicológicas). Em vez de enviar maciçamente uma informação
idêntica para os milhões de contatos roubados tentando convencê-los a tomar
determinada posição, a Cambridge Analytica distribuía conteúdos personalizados
para grupos específicos de eleitores.
A
partir das postagens de cada usuário e seus movimentos na rede social, eram
formatadas mensagens específicas que incluíam mentiras, boatos, fake
news, vídeos apelativos, correntes e outras técnicas. O sistema
desenvolvido identificava as suscetibilidades emocionais dos usuários e quais tipos de conteúdo audiovisual
seriam capazes de desestabilizar suas opiniões e sentimentos.
Em conversa recente com
Fábio Malini, um dos maiores analistas de rede do Brasil, tive a dimensão do
que está em jogo com a manipulação de dados. A coleta de informações pessoais
pelo Facebook e outras empresas identifica padrões de comportamento e menções
nem sequer percebidas pelo próprio usuário. Trata-se de sondar tendências da
ordem do inconsciente e incidir sobre elas com propaganda, seja ela de um
iPhone, seja de um candidato.
É um
padrão sofisticado de manipulação, na medida em que é personalizado, diferente
do marketing tradicional. Ao identificar os medos, desejos e expectativas de
alguém, por seu comportamento nas redes, o Facebook dá “soluções” sob medida.
O efeito imediato dessa
revelação foi a perda de mais de 50 bilhões de dólares de valor de mercado do
Facebook e repetidos pedidos de desculpas dos seus executivos. O criador da
empresa, Mark Zuckerberg, garantiu que a empresa fará de tudo para garantir a
integridade das eleições em diferentes países, Brasil incluído.
O bilionário não
citou nosso país apenas porque teremos eleições em 2018. O Brasil lidera o uso
de redes sociais na América Latina. No ano passado, estimava-se em 101 milhões
o número de brasileiros conectados aos Facebook.
Calcula-se também
que cada brasileiro navega na internet em média 9 horas e 14 minutos por dia.
Somos a terceira nação que mais passa tempo na rede.
A revelação do uso de
dados ilegais dos usuários tem profundos desdobramentos políticos para a nação.
Especialmente, desde o processo de impeachment de Dilma
Rousseff, as redes sociais tornaram-se verdadeiras arenas da luta política. E
do uso indiscriminado de mentiras, calúnias e fake news,
especialmente por grupos “novos” de direita.
Vivemos a repetição
dessa batalha nas redes após a execução covarde da vereadora do PSOL no Rio de
Janeiro, Marielle Franco. Uma quantidade imensa de fake news,
calúnias e uma série de outros absurdos contra a memória da ativista chegou à
população, tanto por meio de agentes públicos (parlamentares, juízes e
policiais) quanto por páginas ligadas a esses grupos de direita. Pesquisa do Datafolha
revelou que 60% dos cariocas receberam algum tipo de notícia falsa sobre Marielle.
Uma delas, oriunda do Movimento Brasil Livre,
foi retirada do ar e logo em seguida seu suposto criador afirmou tratar-se de
uma “guerra política” e que eles estavam ganhando. Quando um cidadão admite
alimentar calúnias e repassar informações criminosas, o mínimo a fazer é
julgá-lo por seus atos e investigar a rede que financia esses grupos de ódio. A
polarização e o avanço do conservadorismo não cessarão com medidas judiciais,
mas é fundamental que o Poder Judiciário atue diretamente sobre essas redes.
Além disso, mais do que
desculpas, o Facebook deveria oferecer transparência, elemento quase ausente
nos algoritmos e no uso dos dados pessoais de seus usuários.
Difícil falar em
democracia quando o comportamento político passa a ser grosseiramente
influenciado por mensagens, feitas sob medida, que respondem a seus anseios e
esperanças inconscientes. Estamos na verdade diante de um coronelismo digital.
Voto de cabresto e promessa de cesta básica são coisas do passado. A
manipulação de redes obtém os mesmos resultados de forma mais sutil e com ares
de consentimento.
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