No
mínimo é uma forma de se inteirar como estas técnicas de manipulação dos corações
e mentes das pessoas, ou dos telespectadores, funcionam. Ninguém está a salvo,
mas, uma forma de quase se vacinar contra isso é saber o que de fato ocorre no momento
em que passivamente e, para muitos, lesamente, assiste aos jornais globos da
vida.
Entretanto,
a única forma de se vacinar, mesmo, é mudar de canal ou sair da sala de TV.
É
um artigo/reflexão publicado aqui em 12/04/2015, mas que permanece atual e
oportuno, embora diante de alguns fiascos tão gritantes nas hostes golpistas, a mídia associada de sempre ande posando
de “mídia”, quando na medida do possível divulga – com grandes refinos
editoriais, diga-se passagem – para tentar manter o telespectador/leitor fiel e
submisso como sempre.
Ou
alguém acredita que coisas tipo globos, vejas & Cia estariam, mesmo, fazendo jornalismo?
"A profecia autocumprida
“Contra a corrupção e o
governo” era a frase mais repetida na cobertura das manifestações de domingo
(15/3) na GloboNews. O professor Guilherme Nery, da Universidade Federal
Fluminense, notou a insistência. Não era necessário ser estudioso do assunto,
como ele, para perceber a associação semântica: governo = corrupção, e
vice-versa. “É gritante a falta de responsabilidade”, concluiu.
Martelar uma ideia até
que ela seja incorporada pelo público e apareça como expressão espontânea –
embora, ao contrário do que se costuma pensar, nada seja, de fato, espontâneo,
porque nada surge do nada –, martelar uma ideia até transformá-la em suposta
expressão espontânea de uma legítima e inquestionável reivindicação é uma
conhecida estratégia da propaganda, que tem a ver com o conceito de “profecia
autocumprida”. O sucesso ou fracasso dependerá da predisposição do público em
aceitar a ideia.
O jornalismo
transformado em propaganda – esse que, segundo a própria entidade representante
das grandes empresas que o produzem, anunciou que assumiria o papel que a
oposição não estava conseguindo exercer – tentou essa estratégia no caso do
mensalão. Não teve êxito, pelo menos não imediatamente: apesar de tudo, o PT
venceu as eleições em 2010. Mas a estratégia se manteve e agora, diante do
escândalo da Petrobras, finalmente parece render frutos.
Há fatores concretos
para a revolta? Evidentemente sim, e não é preciso ter estômago especialmente
sensível para se chegar ao limiar do vômito diante da platitude com que os
envolvidos na Operação Lava Jato expõem o sistema de distribuição de propinas
milionárias. Mas imaginemos como o público se comportaria se outros escândalos
tivessem sido investigados: o caso Sivam, a compra de votos para o segundo mandato
de Fernando Henrique, a privatização das teles, o caso Banestado...
O fio da meada
Lembrar esses episódios
não significa tentar minimizar ou diluir as atuais denúncias de corrupção, no
velho estilo “sou, mas quem não é?” – ou, como disse Lula quando percebeu que
não poderia abafar a história do mensalão, “sempre foi assim”, inclusive porque
quem votou no PT apostou na mudança. Significa oferecer argumentos para se
entender por que “a pecha de corrupto pegou mesmo no PT”, como certa vez
comentou um membro do governo, enquanto outros partidos posam de campeões da
moralidade.
Se quisermos entender
como o movimento pró-impeachment ganhou as proporções atuais, precisaremos
recuar até as vésperas do segundo turno, em outubro do ano passado, quando a Veja
antecipou a distribuição de sua edição semanal para uma sexta-feira e saiu com
a famosa capa – pela qual foi condenada a oferecer direito de resposta –
acusando Dilma e Lula de saberem “de tudo”. (“Tudo”, como se recorda, era o
esquema de corrupção na Petrobras, e a denúncia se baseava em depoimento do
doleiro Alberto Youssef, pelo acordo de delação premiada.)
Naquela mesma
sexta-feira, o jornalista Merval Pereira, de O Globo,escreveu que, se
comprovada a denúncia, “o impeachment da presidente será inevitável, caso ela
seja reeleita no domingo”. Escreveu assim, no meio da coluna, como quem não
quer nada, e ali plantou a semente.
O desdobramento é
conhecido: no domingo seguinte, Dilma foi reeleita por pequena margem e já na
segunda-feira um grupo saía às ruas de São Paulo para pedir o impeachment.
Trinta pessoas: uma irrelevância que, entretanto, O Globo transformou em
notícia. Ao mesmo tempo, a eleição era posta sob suspeita pelo PSDB, que
ensaiou um pedido de recontagem de votos. Foi-se consolidando, entre os derrotados,
o sentimento de que o governo era espúrio e precisava ser derrubado. (Por
Sylvia Debossan Moretzsohn)
No Observatório da
Imprensa
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