Há uma onda reacionária
rolando mundo afora, inclusive por aqui.
O que parece ser algo aleatório é
observado mesmo nas conversas no cotidiano, pelas ruas, ônibus, metrô, quando o
‘papo de direita’ parece ter dominado os corações e mentes da população,
independente de sua condição sócio-econômica, com destaque – bizarro –
para os pobres, entre aspas que embarcaram no discurso que lhes puxa o tapete e
nem tem noção disso.
A mídia é um instrumento
fundamental nesta unanimização direitista que acometeu as pessoas,
quando, pelo visto, “deve estar sendo muito bem paga para isso”.
Confira:
- Trump renega problemas climáticos globais e quer “tirar corpo fora”
- E aí, o ambientalismo acabou? O Brasil ainda lidera em numero de ‘mortes’ deles
- O meio ambiente e a segurança jurídica estão indo pelo ralo. Meio ambiente é a bola da vez
A questão
ambientalista parece ser ‘coisa de esquerda’, já que as iniciativas nesta área
têm sido feitas por administrações de ‘não direita’, digamos assim, tanto aqui
como em outros países, como é o caso do EUA, com o governo Trump x Obama, ou Haddad x Doria, por aqui.
O interino local vem ensaiando suas iniciativas, entre
aspas, nessa área com muita desenvoltura e sem grandes alardes em áreas vitais
para o país, como a questão indígena e a preservação da Amazônia, por exemplo.
"Trump, na contramão do mundo
A temperatura bate recorde e o presidente dos EUA anuncia investimentos
em energias fósseis
Ninguém se surpreendeu com as
primeiras medidas tomadas por Donald Trump na presidência dos Estados Unidos, uma vez que entre as suas
principais bandeiras de campanha estava o desmonte das obras e legados de
Barack Obama.
Na área ambiental, a primeira ação da
nova administração foi eliminar do site da Casa Branca a página com notícias e
ações do governo sobre mudanças climáticas. O objetivo imediato de Trump é
acabar com o Plano de Ação Climática do governo anterior e iniciar fortes
investimentos na exploração de petróleo, gás e carvão.
No último dia 24, ele assinou ordens
executivas aprovando a construção dos polêmicos oleodutos Keystone XL e Dakota Access que, por seus enormes riscos ambientais, haviam
sido barrados por Obama.
Para Trump, acabar com o legado
ambiental será uma forma de “eliminar políticas danosas e desnecessárias” e,
segundo ele, gerar empregos.
Trump não apresentou evidências disso,
mas ignora provas do aquecimento global. Dados divulgados pela Organização
Meteorológica Mundial e pela Nasa, a agência espacial norte-americana,
constataram que 2016 foi o ano mais quente da história, sendo o terceiro ano
consecutivo de recorde no aumento da temperatura global.
Os levantamentos apontam para a
continuidade desse processo de aquecimento constante e as simulações para 2050
mostram que, veja só a ironia, os EUA chegarão a um aumento de 2º C antes
do resto do mundo. Em alguns dos estados mais ricos do país, a temperatura
deverá atingir 3º C a mais do que a média planetária.
Consequentemente, os Estados Unidos,
grandes produtores de alimentos, devem ter perdas agrícolas enormes, além de
experimentarem um crescimento de fenômenos climáticos extremos, tais como
tornados, enchentes e secas prolongadas.
São sinais eloquentes de que não será
possível para Donald Trump considerar os Estados Unidos uma ilha, por mais que
ele cerque o país com muros. No caso das mudanças climáticas não existem soluções
nacionalistas. Este é um problema que envolve decisões conjuntas de toda a
comunidade internacional. O horizonte é de grandes perdas econômicas e, como se
pode ver, os Estados Unidos serão muito afetados em decorrência do aquecimento global.
Resistências à truculência e
ignorância do novo mandatário norte-americano começaram a surgir.
Uma delas e de grande relevância foi a
carta endereçada a Trump por mais de 540 empresas e 100 grandes investidores
participantes do movimento empresarial Low-Carbon
USA O grupo pede à nova
administração da Casa Branca e também ao novo Congresso apoio às políticas que
acelerem a transição do país para uma economia de baixo carbono, com o objetivo
de enfrentar as mudanças climáticas.
Entre as empresas signatárias estão
gigantes como Starbucks, Nike, L’Oreal, Gap, Levi’s, Unilever, General Mills,
Hilton, Dupont e Schneider Electric, entre outras. Juntas, essas corporações
representam receita anual superior a 1,15 trilhão de dólares e empregam cerca
de 2 milhões de pessoas em todo o país.
A carta faz menção ao Acordo Climático
de Paris e à necessidade de se cumprir suas metas de redução das emissões
globais dos gases de efeito estufa. As empresas listadas afirmam que farão sua
parte para “cumprir os compromissos do Acordo Climático de Paris de uma
economia global que limita o aumento da temperatura planetária bem abaixo de
dois graus Celsius”. Entre as ações listadas pelas empresas estão o aumento
da eficiência energética e a utilização crescente de energias limpas e
renováveis.
Para Anna Walker, diretora sênior de
Política Global e Advocacy da Levi Strauss & Co., "é imperativo que as
empresas tomem um papel ativo no cumprimento dos objetivos estabelecidos pelo
Acordo Climático de Paris". “Será fundamental que trabalhemos juntos para
garantir que os EUA mantenham sua liderança climática, garantindo, em última
instância, a prosperidade econômica de longo prazo de nossa nação", disse.
Trump deve ficar atento à essa
realidade. Empresas norte-americanas já investiram muitos bilhões de dólares em
energia renovável dentro e fora do país. Além disso, esse mercado é promissor
para os EUA, ainda que a liderança esteja em disputa com China, Alemanha e
Japão, entre outros.
O que o mundo e os EUA menos precisam
neste momento é de uma visão limítrofe e atrasada. Trump, o “presidente do fim
do mundo”, pode retardar o avanço para uma economia de baixo carbono, mas,
espera-se, não poderá sozinho alterar os rumos da economia mundial, inclinada
nesse sentido. Ainda assim, neste aspecto parece evidente que sua passagem pela
Casa Branca será ruim para todos, inclusive para seus eleitores.
Por Reinaldo Canto — Carta Capital
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