quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

“PEC do teto dos gastos trará danos graves à educação”, diz Banco Mundial

Depois que o carinha que está Secretário de Educação do Alckmin ter afirmado que educação não é um direito básico, o que vemos a nível federal pós-golpe é a extensão para todo o Brasil desta ‘política’ de educação, ou melhor, de trato com o direito do povo, que não se limita apenas à educação, que sempre fez parte do ideário dos psdbs da vida.

O desastre é tão óbvio, que só um coxinha extremamente alienado não vê que, como disse a diretora global de Educação do Banco Mundial, quando afirma que o congelamento de investimentos no ensino será um desastre para as novas gerações e comprometerá a produtividade dos futuros trabalhadores no Brasil.

O que para muito pode parecer algo pontual, por mais absurda que seja mesmo uma visão assim, na verdade representa no médio longo prazo um grande entrave para o país como um todo, o que “vai sobrar pra todo mundo”.
"PEC do teto dos gastos trará danos graves à educação"
O Senado vota na terça-feira, dia 13/12, em 2º turno, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, conhecida como PEC do teto dos gastos públicos. Elaborada como uma tentativa de conter a crise econômica, a proposta fixa um limite para os gastos do governo pelos próximos 20 anos. No 1º turno, realizado no final de novembro, os senadores aprovaram a proposta por 61 votos favoráveis e 14 contrários.

Se a PEC 55 for aprovada, a partir de 2018 os investimentos mínimos para educação e saúde deixam de crescer proporcionalmente à receita do país e passam a ficar congelados – corrigidos apenas pela inflação do ano anterior. Como se trata de um piso, e não de um teto, é possível, na teoria, que a União invista mais que o mínimo estipulado. Mas como as outras áreas estarão com seus orçamentos limitados, é improvável que sobre dinheiro para gastos extras com educação e saúde.

Em entrevista à DW Brasil, Cláudia Costin, diretora global de Educação do Banco Mundial, afirma que os impactos da PEC 55 serão danosos às futuras gerações de alunos. “O Brasil continuará com o desastre educacional que tem hoje.”

Cláudia já foi secretária de Educação da cidade do Rio de Janeiro, de Cultura do estado de São Paulo e ministra da Administração e Reforma do governo de Fernando Henrique Cardoso. Hoje, vive nos Estados Unidos, onde leciona na Faculdade de Educação de Harvard. Segundo ela, é imprescindível que o Brasil invista mais nos salários e na formação dos professores para aumentar a produtividade dos novos trabalhadores brasileiros.

“Se não conseguirmos avançar nessas medidas, estaremos condenados a uma educação de baixa qualidade, e o Brasil não vai conseguir crescer economicamente. O país será uma promessa falida”, afirma Cláudia.

  DW Brasil: Como a senhora avalia os impactos da PEC 55 para a educação?

Cláudia Costin: Estamos com um problema sério e de longo prazo. Acredito que a PEC 55 vai trazer danos graves para a educação, sem ganhos significativos do ponto de vista fiscal. Não sou contra medidas de austeridade. Houve uma gestão irresponsável das contas fiscais, gastando-se mais do que se podia. Mas na tentativa de correção do problema, é fundamental preservar a educação. 

Normalmente, quando países têm problemas fiscais, ao menos os mais desenvolvidos, eles preservam a educação dos cortes. O Brasil optou por não fazer isso. É uma grande pena.

   - Qual será o ponto mais prejudicado pelas novas regras para investimentos em educação?

Muitos olham para os números e dizem que o Brasil já gasta muito com educação. Isso não é verdade. Países que deram saltos na qualidade da educação tiveram de aumentar os investimentos durante um certo período. Não estamos fazendo o mesmo. Pelo contrário.

Hoje, não investimos o suficiente no ensino básico e pagamos mal os professores. Acredito que o mais complicado será lidar com a questão da atratividade da profissão de professor, que vai continuar baixa pelos próximos 20 anos. Caso não se estabeleça um mecanismo de revisão logo [antes dos dez anos previstos pela proposta], o Brasil vai continuar com o desastre educacional que tem hoje.

  - Quais serão as consequências de não se adotar esses investimentos?

O impacto direto é condenar o Brasil a uma baixa qualidade da educação das crianças por um período de 20 anos. Nenhum sistema educacional é melhor que a qualidade de seus professores. Melhorar o salário do professor é uma das medidas mais importantes para aumentar a atratividade da licenciatura, para aqueles jovens que ainda vão escolher que profissão seguir. Pesquisas mostram que os piores alunos tendem a escolher profissões de baixa atratividade. Corrigir esses salários demanda um esforço importante, constante e progressivo. Ao congelarmos os gastos por 20 anos, isso não poderá ser feito. Não é a única medida para melhorar a educação, mas é uma das mais importantes.

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