“Quem
não tem (dinheiro) não faz universidade. Não tem dinheiro não faz. Vai estudar
na USP, que é de graça. Vai estudar na USP. Essa é a minha posição. Vai na USP
e faz concurso que lá é de graça”,
(...)
“Volto
a repetir, sou favorável a uma educação de qualidade e contra subsídios do
Estado para quem pode e deve pagar por sua instrução”,
São (d)as novas coordenadas do ‘programa educacional’
dos ‘interventores’. Essa é a ‘fala’ de um deputado do ptb-sp em
repostas a professores.
No fundo muita gente devia andar incomodada com este
“monte de pobres” dividindo sala/aula, retirando algum glamour que muitos acham
que deveria continuar existindo nas academias – no período pré Lula/Dilma – sem
‘pobres/pretos’ por perto, inclusive no mercado de trabalho.
A votação contundente na ‘direita’ nestas eleições
municipais só ratificou posturas assim, que vão, com certeza, promover uma marcha à ré sem precedentes no país.
E olha que só estamos falando de educação. Em princípio
parece que só vai afetar pobre, mas, é esperar pra ver, o leque promete ser bem
mais abrangente.
“Quem não tem dinheiro não faz faculdade”, diz deputado a manifestante
Questionado por professores sobre cortes na saúde
provocados pela PEC 241, Nelson Marquezelli (PTB-SP) diz que verba para ensino
superior tem de ser cortada e que quem não tem dinheiro deve tentar passar na
USP ou parar de estudar
O governo federal tem de cortar gastos com
universidade, e o brasileiro que não tiver dinheiro para bancar os estudos não
deve ir para a faculdade. O cidadão que reclama do atendimento público precisa
cuidar mais da própria saúde para não sobrecarregar o Serviço Único de Saúde
(SUS). Esses foram alguns dos argumentos utilizados pelo deputado Nelson
Marquezelli (PTB-SP) ao defender a proposta de emenda à Constituição que limita
os gastos públicos (PEC 241/16), aprovada em primeiro turno na
última segunda-feira (10).
As declarações foram dadas na própria
segunda-feira, em uma conversa com um grupo de jovens professores que
manifestavam na Câmara contra a PEC. A gravação do diálogo ganhou as redes
sociais. Marquezelli disse, ainda, que seus filhos vão estudar em universidade
porque têm condições de pagar. “Tem que gastar o que tem. O contribuinte
brasileiro não aguenta mais pagar (…) Tem de cortar universidade, tem de
cortar. O governo vai se preocupar com o ensino fundamental. Quem puder
pagar vai ter de pagar. Meus filhos vão pagar”, declarou.
Os manifestantes insistiram: e quem não tem
dinheiro para pagar uma faculdade? “Quem não tem (dinheiro) não faz
universidade. Não tem dinheiro não faz. Vai estudar na USP, que é de graça. Vai
estudar na USP. Essa é a minha posição. Vai na USP e faz concurso que lá é de
graça”, respondeu.
O petebista também foi questionado sobre a piora
na saúde pública com o congelamento dos recursos para a área a partir de 2018,
como prevê a PEC 241. “Se cuida, outro dia vi um cara na rua reclamando com o
cigarro na mão que não é atendido. O cara não se cuida. O cara fuma três
cigarros por dia…”
O interlocutor perguntou se o problema da saúde no
país se devia ao fato de brasileiros fumarem. O deputado reagiu com irritação.
“Não é isso. Só se o senhor for burro, porque minha posição é clara: falta
gestão na saúde, falta gestão na educação. Não adianta forçar a barra que vou
votar favorável (à PEC 241). Não estou preocupado com você, estou preocupado
com o país”, disse deixando os manifestantes para trás sem se despedir. “Vai
bombar nas redes sociais”, afirmou um dos manifestantes.
Produtor de laranja
Em seu sexto mandato na Câmara, Marquezelli é
considerado um dos líderes da bancada ruralista. Um dos maiores produtores de
laranja do país, ele declarou na última eleição um patrimônio de R$ 12,2
milhões. Um projeto de autoria do deputado, já arquivado, previa a
obrigatoriedade da adoção do suco na merenda escolar. Pela proposta, só
receberiam verbas da União para programas alimentares os estados e municípios
que incluíssem o suco na merenda.
Em 2011, Marquezelli foi o responsável pela
elaboração do projeto que reajustou em mais de 60% o seu próprio salário e o
dos demais parlamentares. Dessa forma, disse o deputado ao Congresso em Foco à
época, os deputados não precisariam mais “fazer bico” para
ter uma renda compatível. “Eu acho que ele é condizente com o mandato, eu acho
que é justo. Quando o salário era menor, alguns deputados faziam bico. Agora
estão se dedicando mais ao mandato.”
Na ocasião, o salário dos congressistas passou
para R$ 26,7 mil. Desde o início de 2015, um parlamentar ganha R$ 33,7 mil por
mês, fora os demais benefícios atrelados ao mandato, como auxílio-moradia,
passagens aéreas, plano de saúde e despesas pessoais.
Ação do PT
Procurado pelo Congresso
em Foco para
comentar suas declarações, Marquezelli disse que sua fala foi editada e
atribuiu a gravação a petistas. “O PT é que está bombando isso aí. Eles estão
fazendo isso só contra quem é favorável ao governo atual”, afirmou.
Em nota publicada em seu perfil no Facebook,
Marquezelli não citou o vídeo, mas apresentou sua justificativa para apoiar o
teto dos gastos público. “Volto a repetir, sou favorável a uma educação de
qualidade e contra subsídios do Estado para quem pode e deve pagar por sua
instrução”, escreveu.
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