sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Para quem acha que usar “golpe” é forçada de barra “petista”, veja o que diz o interino

Provavelmente a ideia de golpe para muita gente seria algo meio teatral, quem sabe com tropas nas ruas – como de resto já temos episódios assim em nossa história recente, 64 – e que coisas que aconteceram agora, tituladas como impeachment, feitas ou levadas a efeito por deputados eleitos teriam cunho legal.

Seriam legais se não fosse a forma, bem como as causas e/ou justificativas, no caso forjadas, furadas, que receberam o aval e o caráter legal, construído nos corações e mentes das pessoas desavisadas, pelos meios de comunicação – sobretudo as globos da vida, o jornal nacional, cujas pesquisas confirmam ser a principal fonte, a única, de informação – entre aspas, é claro! – de parcela gigantesca da população brasileira.

Logo, falar em “golpe” passou a ser coisa de “petistas” – alcunha que se tornou figurinha carimbada de qualquer pessoa que não goste ou se contrarie com qualquer coisa do interino/golpe – em uma boa construção/armação da dita cuja mídia associada.

Agora, leia/veja na voz do próprio interino, escalado para ficar à frente ‘das coisas’ em função de sua posição estratégica como vice-presidente, já que o golpe em si mesmo tem suas raízes ‘além fronteira’.
"Michel temer diz que impeachment aconteceu porque Dilma rejeitou ‘ponte para o futuro’
O presidente Michel Temer deixou escapar um “segredo” em discurso para empresários e investidores nos EUA: o impeachment de Dilma Rousseff ocorreu para implementar um plano de governo radicalmente diferente do que foi votado nas urnas em 2014, quando o PT ganhou a presidência pela quarta vez, e não por irregularidades praticadas pela ex-presidente.

Na sede da Sociedade Americana/Conselho das Américas (AS/COA), em Nova York, nesta quarta-feira, dia 21, Temer disse que ele e seu partido começaram a articular o afastamento de Rousseff em consequência direta da não aceitação do programa neoliberal do PMDB pela ex-presidente.

Veja o vídeo aqui:
"E há muitíssimos meses atrás, eu ainda vice-presidente, lançamos um documento chamado ‘Uma Ponte Para o Futuro’, porque nós verificávamos que seria impossível o governo continuar naquele rumo. E até sugerimos ao governo que adotasse as teses que nós apontávamos naquele documento chamado ‘Ponte para o futuro’. E, como isso não deu certo, não houve adoção, instaurou-se um processo que culminou agora com a minha efetivação como presidência da república.”

O “Ponte para o futuro” prescreve a desvinculação dos recursos da saúde e da educação, desindexação dos benefícios e do salário mínimo, mudança de idade para a aposentadoria, parcerias com o setor privado e abertura comercial. Essas ideias estavam claramente refletidas na fala de Temer na AS/COA, que visava dar seguimento à incansável empreitada de privatizaçõese facilitação da entrada do capital estrangeiro no país, listando as vantagens e garantias que seu governo planeja implementar para assegurar o lucro dos membros da platéia, que o ouviam (não tão atentamente) enquanto desfrutavam de suas refeições.

Marcadas pelos já conhecidos eufemismos neoliberais para o que poderia simplesmente chamar de venda do patrimônio nacional, as garantias listadas pelo presidente incluíram a “universalização do mercado brasileiro”, o “restabelecimento da confiança”, uma tal “estabilidade política extraordinária”, parcerias entre os setores público e privado e o avanço de reformas “fundamentais” nas áreas trabalhista, previdenciária e de gastos do governo. “Venho aqui convidá-los a participar dessa nova fase de crescimento do país,” concluiu em tom de leilão.

Os dois grupos são compostos por representantes de corporações multinacionais e membros do estabelecimento de política exterior dos EUA em América Latina. Foram fundados pelo industrialista americano David Rockefeller e têm John Negroponte como presidente emérito – um político neoconservador fundamental para a guerra suja da CIA em Honduras e para a invasão do Iraque em 2003. Em seu site, o Conselho das Américas se define como uma “organização internacional cujos membros compartilham um compromisso comum com o desenvolvimento econômico e social, mercados abertos, estado democrático de direito e democracia por todo o hemisfério ocidental”.

Essa é apenas mais uma singela confirmação de que o impeachment de Dilma não se deu por conta das supostas “pedaladas fiscais”, como quis fazer crer a facção que agora ocupa o executivo federal. Não foi pela família brasileira, não foi por Deus, não foi contra a corrupção. Foi contra o trabalhador e em favor do empresariado. Foi por impunidade, lucro e poder.


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