domingo, 18 de setembro de 2016

Perseguição ao Lula? É, também, uma questão de “classe...

O texto é interessante e oportuno. Mas, eu chamo a atenção como inusitado que é pelas reflexões que suscita, bem como pelo lado bizarro, ou até – como diz o povo – ‘digno de pena’, o que seria a pose daqueles que estariam fora desta classificação, mas, que se sentem como tais e fazem questão de posar como se fossem.

É o caso dos milhões de “filhos de lula/dilma”, ou seja, aqueles de passado, relativamente, recente sem eira nem beira, seja de origem, nascimento e/ou de condição social e econômica, que agora posam de classe média, com  letras maiúsculas, como se assim o fossem desde seguidas ‘reencarnações...’ Que fazem, falam, votam, e hoje, ‘desfilam’ e se fazem passar por elite autóctone desde sempre...

É uma forma de tentarem apagar o seu passado – pouco digno? – e de suas famílias, colocando a maior distância possível entre si e este ‘monte de gente’ que gosta e se identifica – e é grato? – às políticas lulodilmistas.

Seria uma reação ‘normal’, ‘natural’... O que acha? Conheço de perto alguns casos bem emblemáticos.
Flávio de Castro: É tudo uma questão de classe
Eu confesso que não sei a verdade: não sei se Lula é ou não dono de um triplex no Guarujá como não sei se FHC é ou não dono de um apartamento na Avenue Foch, em Paris.

Sei apenas que a presunção de ser dono de um triplex no Guarujá é inequivocamente associada à corrupção e a presunção de ser dono de um apartamento em Paris não tem nada a ver, obviamente, com corrupção.

Especialmente se o apê do Guarujá for um tanto novo-rico e o apê de Paris, um tanto elegante.

A questão é estética.

Lula carregando uma caixa de isopor e sendo dono de um barco de lata é uma cômica farofa. Se FHC carregasse uma caixa de isopor e fosse dono de um barco de lata seria uma concessão à humildade.

A questão é classista.

Um Odebrecht sentado à mesa com FHC é um empresário rico. O mesmo Odebrecht sentado à mesa com Lula é um pagador de propina.

Nada disso tem a ver com corrupção. Nada disso revela qualquer preocupação com o país.

A cada dia que passa, é mais evidente que o que está em discussão é quem são os verdadeiros donos do poder.

E os donos legítimos do poder são os elegantes. Aqueles com relação aos quais não interessa saber como amealharam riqueza porque, simplesmente, a riqueza lhes cai bem.

A casa grande tem um perfume que inebria toda a lavoura arcaica e sensibiliza até a senzala. É o que estamos assistindo.

Tudo o mais, tudo o que não é casa grande é Lula e os amigos de Lula!

A questão é preconceito.

Vejam como um fraque cai naturalmente bem em FHC. Um fraque assim em Lula, certamente, deveria ter sido roubado.

O Brasil é o país dos elegantes. De uma elegância classista, racista e preconceituosa deitada eternamente no berço esplêndido do aristocrático século XIX.
[FHC, por favor, levante a gravata do seu lado direito, está um pouco torta, isso, perfeito!]
Flávio de Castro*, no Facebook, republicado a pedidos

*É professor de arquitetura no Centro Universitário de Sete Lagoas, em Minas Gerais


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