Uma atitude assim da mídia local, sobretudo um
paroxismo do desespero da Folha de São Paulo,
só pode ter uma leitura. Já que as
tiragens/vendas estão indo pelo ralo há já um bom tempo, a única forma de sobrevivência
seria os cofres públicos de um governante generoso e que pague os préstimos de
uma mídia tão boazinha e subsiervente regiamente.
Em tempos onde a internet e as novas tecnologias da comunicação, pelo menos
em tese, garantem desvendar segredos até então facilmente ‘escondíveis’, dar um
chute assim, é como disse acima: é desespero puro. Confira!
"O jornalismo, do colapso à fraude
Nunca antes na história o nível ético da imprensa
comercial esteve tão baixo. Na ânsia de derrubar a qualquer custo um governo
eleito, mandou às favas valores consagrados internacionalmente; artigo de Lalo
Leal, na Revista do Brasil.
Assistimos
ao colapso do jornalismo comercial brasileiro. Nunca antes na história deste
país o nível ético de jornais, rádios e TVs esteve tão baixo. Na ânsia de
derrubar a qualquer custo um governo eleito democraticamente, as empresas de
comunicação mandaram às favas princípios e valores jornalísticos consagrados
internacionalmente. Causaram espanto em quem viu esse processo com olhar
estrangeiro. O jornalista estadunidense Glenn Greenwald, radicado no Brasil,
arregalou os olhos. Primeiro surpreendeu-se com a unanimidade da mídia
tradicional brasileira na defesa dos mesmos interesses, sem espaço para
divergências.
É
dele a melhor definição desse processo, ao comparar a situação real do Brasil
com um cenário hipotético dos Estados Unidos, no qual todos os meios de
comunicação adotariam a linha conservadora da Fox News. Para quem vive naquele
país, ficou fácil de entender. Por aqui, é mais difícil. A maioria da população
se informa pelo rádio e pela TV, que por sua vez ecoam o que dizem jornais e
revistas, num círculo fechado à controvérsia.
Do
susto inicial ao constatar essas evidências, o jornalista foi além e desvendou
uma das maiores fraudes já ocorridas na imprensa brasileira veiculada pelo
jornal Folha
de S. Paulo, espetacularizada pelo programaFantástico, da Rede Globo, e
disseminada por diferentes meios de comunicação. Greenwald, depois com o
importante complemento do jornalista brasileiro Fernando Brito, editor do site Tijolaço,
revelou a manobra operada por aquele jornal com a colaboração do seu instituto
de pesquisa, o Datafolha. Num domingo de julho, a Folha disse que 50% dos brasileiros
desejavam a permanência de Temer na presidência até 2018 e que apenas 3% do
eleitorado era favorável a novas eleições.
Diante
desses números surpreendentemente positivos para um governo tão impopular como
o de Temer, outro jornalista estrangeiro, Brad Brooks, correspondente-chefe da
agência de notícias Reuters no Brasil, também se assustou. Foi o
primeiro a perceber a discrepância entre aqueles números e a informação do
próprio Datafolha, dada em comunicado à imprensa, de que três em cada cinco brasileiros
preferem novas eleições.
Só
que essa informação sumiu até da página do instituto de pesquisa. Foi Fernando
Brito quem descobriu nos escaninhos da internet a versão original dos dados
coletados. Segundo Greenwald e Erick Dau, do site The Intercept, o que foi
encontrado na versão original do documento – aparentemente retirada do ar de
forma discreta pelo Datafolha – é de tirar o fôlego. Ficou comprovado que a
matéria da Folha era uma fraude jornalística completa.
Dizem
os jornalistas, no Intercept:
“A pergunta 14, encontrada na versão original, dizia: ‘Uma situação em que
poderia haver novas eleições presidenciais no Brasil seria em caso de renúncia
de Dilma Rousseff e Michel Temer a seus cargos. Você é a favor ou contra Michel
Temer e Dilma Rousseff renunciarem para a convocação de novas eleições para a
Presidência da República ainda neste ano? ’ Os dados não publicados pelo
Datafolha mostram que 62%
dos brasileiros são favoráveis à renúncia de Dilma e Temer, e à realização de
novas eleições, enquanto 30% são contrários a essa solução. Isso significa que,
ao contrário da afirmação da Folha de que apenas 3% querem novas eleições e 50%
dos brasileiros querem a permanência de Temer como presidente até 2018 – ao
menos 62% dos brasileiros, uma ampla maioria, querem a renúncia imediata de
Temer”.
Mas
a Folha não
ficou por ai. Escondeu também uma pergunta cujas respostas eram mais favoráveis
a Dilma. O Datafolha perguntou: “Na sua opinião, o processo de impeachment
contra a presidente Dilma Rousseff está seguindo a regras democráticas e a
Constituição ou está desrespeitando as regras democráticas e a Constituição?”
Apenas 49% disseram que o impeachment cumpre as regras democráticas e respeita
a Constituição, enquanto 37% disseram que não. “Como a Folha pode omitir este
dado tão surpreendente e importante quando, supostamente, quer descrever a
visão dos eleitores sobre o impeachment?”, perguntam os jornalistas do Intercept.
Para
completar, o jornal embalou esses e outros números numa manchete de primeira
página que dizia: “Cresce o otimismo com a economia, diz Datafolha”. Trabalho
de propaganda para pôr no chinelo as ideias e frases dos mais renomados e
experientes marqueteiros políticos do país.
Pesquisas
realizadas por outros institutos, alguns dias depois, confirmaram a fraude.
Segundo levantamento do Ipsos, publicado pelo jornal Valor Econômico, 20% da população
quer a permanência de Dilma e apenas 16% do interino, que é rejeitado por 68%
da população (a rejeição à Dilma caiu de 61% em março para 48% em julho). A
preferência por novas eleições chega a 52% (bem distante dos 3% da Folha).
Mas o estrago maior para a democracia foi
realizado pela TV, tendo o Fantástico à frente. Foram
longos minutos dissecando didaticamente para o telespectador os números da
pesquisa numa ação de duplo efeito: diminuir a rejeição popular ao governo
interino e, por consequência, dar respaldo aos votos dos senadores golpistas no
processo de impeachment. A fraude no jornalismo acompanha a fraude na política.
Por Lalo Leal, na Revista do Brasil, em Brasil247
Por Lalo Leal, na Revista do Brasil, em Brasil247
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