sexta-feira, 1 de julho de 2016

Todos os anos, 15 mil rins são vendidos no mercado negro, segundo a ONU... E é “legal”!


Pelo volume do negócio e a frouxidão da repressão/punição é o que se conclui. Isso sem falar em países que o tornaram legal, de fato.

É o de sempre. Além do roubo/crime puro e simples, tem quem venda o seu por uma questão de sobrevivência, entre aspas, é claro.
"Para especialista, tráfico de pessoas para obter órgãos é crime protegido
Desde o início da década de 1990, a antropóloga americana Nancy Scheper-Hughes estuda o tráfico humano para a venda de órgãos, como os rins. Sua pesquisa começou no Brasil, em 1987, em Pernambuco, quando ouviu boatos sobre crianças sequestradas por estrangeiros que eram evisceradas e depois tinham seus corpos abandonados perto de estradas e hospitais.

Ao tentar entender de onde vinham esses rumores (que as autoridades públicas contestavam), ela passou a pesquisar o assunto, desvendando redes internacionais e criminosas de tráfico de órgãos. A partir daí, passou a colaborar com a polícia e com a Justiça de diversos países para a condenação de traficantes e médicos envolvidos.

Em 1999, fundou a organização Organs Watch, que reúne dados sobre o tema.
Veja trechos da entrevista concedida à Folha por e-mail:

Folha - Quem são as principais vítimas do tráfico de órgãos hoje?

Nancy Scheper-Hughes - Comunidades pobres, em geral, como as de agricultores e de favelas. São pessoas em situação muito vulnerável, que precisam desesperadamente de dinheiro. Em alguns lugares, como no sul da Ásia, nas Filipinas e em favelas da América Central, a obrigação de vender um rim para salvar a família é passada de pai para mulher, depois para os filhos mais velhos e até para crianças. Os corpos dessas pessoas passam a ser como "bancos". Todos os anos, 15 mil rins são vendidos no mercado negro, segundo a ONU.

Quais são as consequências para as vítimas do tráfico?

A longo prazo, há perda do bem-estar físico e mental. Como muitos dos vendedores de rins trabalham usando sua força física carregando coisas, mexendo na terra etc, eles acabam perdendo seus empregos. Também sofrem estigma social e sentem que vão morrer cedo. É uma mistura de culpa, vergonha, medo e desinformação. Muitas das pessoas que recebem um rim mencionam que o dia da cirurgia é aquele em que elas renasceram. Já vendedores de rim em Bangladesh se referem ao dia da nefrectomia como "o dia em que eu morri", ligando-a a uma morte econômica, psicológica, espiritual e social.

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