À
primeira vista pode parecer aleatória, ou até justa e patriota, aos desavisados
esta forma odiosa e antinacional de “fazer noticia”, de fazer jornalismo, ou ‘jornazismo’
dos meios hegemônicos da mídia local, mas, é tudo pensado, planejado, é
elaborado com o fim específico de tentar detonar as iniciativas que possam
livrar o país e o povo brasileiro de décadas de sujeição e alienação não só
econômica, mas, sobretudo de consciência e assim preservar um arremedo de país
a serviço de uma minoria local associada a interesses estrangeiros, notadamente
ao grande mentor, os EUA, que não se conforma em ter perdido a neo-colônia a
partir dos governos Lula/Dilma.
* Ivana Bentes, professora e pesquisadora da UFRJ, foi convidada pelo ministro Juca Ferreira para comandar a Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural da pasta.
"O ‘ódiojornalismo’ segundo
a nova secretária de Cidadania e Diversidade Cultural
Postado em 12 de janeiro de 2015 às 7:13 pm
Ivana
Bentes, professora e pesquisadora da UFRJ, foi convidada pelo ministro Juca
Ferreira para comandar a Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural da
pasta.
Algum
tempo atrás, Ivana concedeu uma entrevista ao site da Unisinos na qual fez uma
análise do “ódiojornalismo”.
A
fábrica de fatos e a produção da opinião pública
Essa
cultura do “ódiojornalismo” e o estilo Veja também aparecem na retórica dos
articulistas e colunistas de diferentes jornais e veículos de mídia que formam
hoje uma espécie de “tropa de choque” ultraconservadora (Arnaldo Jabor, Diogo
Mainardi, Reinaldo Azevedo, Merval Pereira, Demétrio Magnoli, Ricardo Noblat,
Rodrigo Constantini, são muitos), que alimentam uma fábrica de memes de uma ultradireita
que se instalou e trabalha para minar projetos, propostas, seja de programas
sociais, seja de ampliação dos processos de participação da sociedade nas
políticas públicas, seja de processos de democratização da mídia e todo o
imaginário dos movimentos sociais.
Essa
demonização da política tornada cultura do ódio se expressa por clichês e por
uma retórica de anunciação de uma catástrofe iminente a cada semana nas colunas
dos jornais e que retroalimentam, com medo, insegurança, ressentimento, uma subjetividade
francamente conservadora de leitores e telespectadores.
Se
lermos os comentários das notícias e colunas nos jornais (repercutidos também
nas redes sociais), vamos nos deparar com um altíssimo grau de discursos
demonizantes, raivosos e de intolerância, à direita e agora também à esquerda.
Trata-se de uma redução do pensamento aos clichês, memes e fascismo,
extremamente empobrecedora, mas incrivelmente eficaz.
Essa
pedagogia para os microfascismos e a educação para a intolerância podem ser
resumidos na retórica que desqualifica e aniquila o outro como sujeito de
pensamento e sujeito político, o que fica explícito na fala de alguns
colunistas.
Um
exemplo muito claro, inclusive no seu cinismo, é este trecho de uma coluna do
Arnaldo Jabor de 28/10/2014, pós-eleições. Com uma argumentação pueril e
assujeitante que coloca eleitores, nordestinos e nortistas, pobres como
“absolutamente ignorantes sobre os reais problemas brasileiros”, em um cenário
pós-eleições em que “nosso futuro será pautado pelos burros espertos,
manipulando os pobres ignorantes. Nosso futuro está sendo determinado pelos
burros da elite intelectual numa fervorosa aliança com os analfabetos”.
Numa
coluna anterior, de 14/10/2014, podemos ver como funciona essa pedagogia
calcada na construção de memes e clichês, a obsessão anacrônica por Cuba e
agora pelo “bolivarianismo” e o caráter ameaçador que se dá a qualquer política
pública contemporânea e modernizante que tenha como horizonte a participação
social:
“—
Qual é o projeto do PT? — Fundar uma espécie de bolivarianismo tropical e
obrigar o povo a obedecer ao Estado dominado por eles.
— Que é bolivarianismo? — É um tipo de governo na Venezuela que controla tudo, que controla até o papel
higiênico e carimba o braço dos fregueses nos supermercados para que eles só
comprem uma vez e não voltem, porque há muito pouca mercadoria.”
Trata-se
de metáforas primárias, mas capazes de se difundir velozmente em um
“semiocapitalismo” para usar a expressão do ativista e pensador italiano Franco
Beraldi, inspirada em Félix Guattari, que tem como base signos, imagens,
enunciados que giram velozmente, viralizam, comovem. Essa é a base tanto do
ativismo, da publicidade social, quanto do pensamento conservador. A questão é
como desconstruir esses clichês e trabalhar para que essas mudanças em curso se
massifiquem a ponto de se tornarem um novo comum.
A
próxima desconstrução massiva da mídia se dará em torno das noções de
“participação popular”, “liberdade de expressão” e “controle social”, buscando
construir uma valoração negativa e associá-las a um projeto autoritário de
“menos democracia” e de restrição de direitos, quando se trata justamente de
redistribuir poder simbólico e capital midiático pelos muitos. Uma operação que
está em curso e que busca articular: políticas de regulação da mídia com
“censura” de conteúdos.
Publicado em o diáriodocentrodomundo
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