...o
instituto usou uma lista em ordem alfabética - com Aécio Neves na primeira
posição. (...) Quando... O
próprio Sensus sempre utilizou discos em seus levantamentos... O disco é usado
justamente para evitar que os entrevistados sejam induzidos ao responder...
O
instituto Sensus deve divulgar hoje pesquisa eleitoral feita com metodologia
que distorce resultados e beneficia o pré-candidato tucano ao Palácio do
Planalto, Aécio Neves. Em vez de entregar aos entrevistados um disco com os
nomes dos candidatos à Presidência dispostos em forma circular, o instituto
usou uma lista em ordem alfabética - com Aécio Neves na primeira posição.
O disco é usado justamente para
evitar que os entrevistados sejam induzidos ao responder, já que, em uma lista,
o nome com maior destaque - o primeiro - tende a ser mais citado.
O próprio Sensus sempre utilizou
discos em seus levantamentos (veja quadro). O Estado entrou em contato ontem
com Ricardo Guedes, diretor do instituto, e o questionou sobre detalhes da
pesquisa.
Primeiro, Guedes afirmou que o
levantamento decorre de uma "parceria" entre o Sensus e a revista
IstoÉ, que publicará os números. No registro da pesquisa feito na Justiça
Eleitoral, é o próprio Sensus que aparece como pagante. O registro foi feito no
dia 28 de abril, três dias após o término das entrevistas - o que não é usual.
Quando o Estado perguntou sobre a
adoção da lista em ordem alfabética em vez do disco, Guedes afirmou que estava
em uma reunião e que não se manifestaria antes da publicação dos resultados.
Os diretores dos institutos Ibope
e Datafolha, respectivamente Márcia Cavallari e Mauro Paulino, não quiseram
comentar o caso específico do Sensus, mas explicaram por que seus institutos
utilizam o formato do disco. "É para evitar o efeito de ordem, para que os
entrevistados não optem sistematicamente pelo primeiro ou pelo último nome da
lista", disse a diretora do Ibope.
"Usamos o cartão circular
porque é a forma mais neutra de se apresentar os nomes", afirmou Paulino.
"Assim, não há probabilidade maior de o entrevistado ver o nome de um
candidato em primeiro lugar", acrescentou o diretor do Datafolha.
Governo. O instituto Sensus
também fez perguntas sobre a avaliação do governo Dilma Rousseff. Antes, porém,
interrogou os entrevistados sobre perda do poder de compra de "alimentos e
outros produtos" desde o ano passado.
"Uma pergunta sobre
conjuntura política ou econômica colocada antes da avaliação de governo também
pode induzir a resposta", disse Paulino. "Isso faz com que o
entrevistado pense primeiro em problemas relacionados ao governo antes de se
manifestar sobre a avaliação", afirmou.
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