Isto é que é
poder, não? “Cria” um decreto, especificamente, (?) para salvar “o amigo” das
garras da lei? Uma expressão meio vintage, hoje mais restrita aos alfarrábios
da Historia, poder absoluto do ‘governante”...
Um carinha que
não só explorava, usava, pessoalmente, o abuso
de crianças, mas chefiava uma rede – quadrilha – que fazia isso sistemática
e profissionalmente...
E quando a gente
pensava que já tinha visto de tudo...
“Ex-prefeito acusado de
pedofilia tem pena de 11 anos de prisão extinta
Acusado de chefiar uma rede que explorava
sexualmente meninas de 9 a 15 anos, conforme mostrou série de reportagem do
Fantástico em 2014, o ex-prefeito de Coari (AM) Adail Pinheiro recebe indulto
natalino, ganha liberdade e se livra de processo.
Condenado a 11 anos de
prisão por exploração sexual de crianças e adolescentes, o ex-prefeito de Coari
(AM) Adail Pinheiro recebeu indulto e teve sua pena extinta nessa quarta-feira
(24). Com isso, o político acusado de chefiar uma rede que explorava sexualmente
meninas de 9 a 15 anos, conforme mostrou série de reportagem do Fantástico em
2014, ganhará liberdade e se livrará das acusações.
A decisão que o
beneficiou foi tomada pelo Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), com base em
parecer favorável do Ministério Público estadual, que concluiu que Adail se
encaixava nos requisitos do perdão presidencial, definido em decreto assinado
no final de 2016 pelo presidente Michel Temer. O ex-prefeito cumpria pena em
regime domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica.
O decreto presidencial
prevê o indulto a condenados em crimes praticados sem grave ameaça ou violência
à pessoa e quando a pena não for superior a 12 anos de prisão. O preso, no
entanto, precisa ter cumprido um quarto da pena, se não for reincidente, ou um
terço, se tiver reincidido em crime.
A sentença foi assinada
pelo juiz da Vara de Execuções Penais (VEP), Luís Carlos Valois, que alega ter analisado apenas a conformidade do
parecer do Ministério Público com o decreto presidencial do indulto.
“A pena aplicada e o
período de pena cumprido, somados à ausência de infração disciplinar (requisito
subjetivo disciplinado no art.9º do mesmo decreto) indicam que realmente o
apenado preenche os requisitos do decreto, na forma do que já foi esclarecido
nos autos, nesta decisão e no parecer do Ministério Público”, escreveu Valois
na decisão em que determina a soltura do político.
Celular na cadeia
Adail foi condenado
pelo Tribunal de Justiça do Amazonas, em novembro de 2014, a 11 anos e 10 meses
de prisão em regime fechado por exploração sexual de crianças e adolescentes.
Ele já estava preso preventivamente à época em processo que apura outros casos
de pedofilia. Em novembro do ano passado, passou a cumprir a pena em prisão
domiciliar.
Embora a decisão que o
livrou da pena ateste seu bom comportamento, em julho de 2016 uma revista na
cela onde Adail estava preso com outros dois ex-prefeitos encontrou três
aparelhos celulares, dois carregadores e R$ 100. O político já havia sido
preso, em 2008, por suspeita de desviar R$ 40 milhões dos cofres públicos, na
Operação Vorax, da Polícia Federal.
A família do
ex-prefeito ainda exerce forte poder político em Coari, cidade de 77 mil
habitantes localizada às margens do Rio Solimões. O filho dele, Adail Junior
foi eleito prefeito no ano passado. A vice, Mayara Pinheiro, também é filha
dele. Jeany Pinheiro, a vereadora mais votada, é irmã de Adail. Um sobrinho
dele também é vereador, segundo o jornal A Crítica, de Manaus.
Uma série de
reportagens do Fantástico mostrou, no início de 2013, depoimento de
adolescentes e familiares, além de outras testemunhas, que apontavam Adail como
chefe de uma quadrilha que explorava sexualmente meninas
de 9 a 15 anos. “Eu
tinha 9 anos. E a minha mãe cozinhava no barco. Eu ficava lá brincando,
enquanto minha mãe estava trabalhando. Ele me estuprou dentro do barco mesmo,
entendeu. Eu fiquei muito apavorada, com vergonha, nunca consegui colocar isso
para fora. Hoje em dia, ele quer a minha filha”, contou uma vítima.
“Ela tem 11
anos, então ele está destruindo a minha vida inteira, porque aconteceu comigo,
aconteceu com o meu sangue e agora ele quer a minha filha. É monstruoso
demais”, acrescentou.
Adail sempre negou as
acusações.
Por Edson Sardinha Congresso em
Foco
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