Os dados
da última “renovação” do Congresso Nacional ajudam a explicar a guinada à
direita, e porque não, de retrocesso, no cenário político no Brasil. À atuação
da ‘grande mídia’, também, deve ser computada responsabilidade por esse quadro parlamentar
nocivo aos interesses genuínos da população.
Ao lado
das investidas contra conquistas sociais importantes, e/ou por trás disso tudo,
também, está o dedo de interesses não nacionais, que financiam esta mídia vendida,
bem como parlamentares que, embora eleitos pelo voto popular, estão a soldo de
empresas estrangeiras, que tentam relativizar e/ou suprimir a soberania do país,
como é o caso do Serra (PSDB/SP), que mancomunado com a mídia, saiu do foco,
das manchetes, e trabalha em surdina contra o Brasil.
O seu aparente
ostracismo não é aleatório, pois, enquanto se discutem questões “sociais”, relevantes
em si mesmas, que ocupam as manchetes, ele pode se dedicar a manipular à vontade
na consecução de seus objetivos antinacionais e até aprová-los sem que o país
se dê conta. Como é o caso da Petrobrás.
"Dilma e a sociedade abram os olhos para as ciladas armadas no Congresso
Eduardo Cunha, presidente da
Câmara dos Deputados, é daquele grupo político que não prega prego sem estopa.
Ao lançar nas redes sociais, pelo Twitter, a proposta de uma consulta popular
sobre a redução da maioridade penal, de 18 para 16 anos, posteriormente à
provável aprovação da emenda constitucional, é ação planejada para atingir
objetivos políticos e eleitorais.
“O
PT não quer a redução da maioridade penal e acha que todos têm de concordar com
eles”, provoca Cunha.
O
PT, porém, é um objetivo colado a outro. Querem conter e cercar os movimentos
do governo como vem acontecendo seguidamente. Assim é a faceta golpista do PMDB
expressada numa pauta de ciladas ora na Câmara, ora no Senado.
Contrária
à redução da maioridade penal, como já se manifestou publicamente, Dilma
sugeriu, para evitar a colisão direta com Cunha, o endurecimento da punição
para adultos que manipulam “adolescentes para atuar nos crimes”. Isso
também não parece ser o remédio.
A
presidenta está com a popularidade pessoal e administrativa reduzida no nível
dos porcentuais das represas na crise hídrica em São Paulo. O momento é frágil.
.
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No
ambiente de terror ante a violência crescente, por motivos enraizados na
história do País, qualquer decisão aparentemente propícia no combate ao crime
terá respaldo da sociedade. Há dez anos, quando a violência já preocupava, a
proposta racional com o objetivo de restringir o uso de arma de fogo foi
recusada. A maioria adotou outro caminho e entrou na contramão. Em vez de
“sim”, disse “não.
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.
O
temor é compreensível, mas é mau conselheiro. O medo empurra a sociedade para a
radicalização e essa marcha insensata pode desembocar numa solução ainda mais
dramática. Essa não pode ser a reação do poder público.
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Caso
fosse proposto hoje um plebiscito sobre a pena de morte, alguém duvida de que
essa punição seria aprovada?
Uma
olhadela para a composição da maioria da Câmara provoca arrepios. Lá, reduto da
soberania da sociedade, se expressa a vontade de uma maioria conservadora e
reacionária até.
A
eleição de 2014
provocou a renovação de 40% dos deputados federais. Mais seis partidos se
juntaram aos já existentes na Casa. Segundo estudo de Antônio Augusto de
Queiroz, analista do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar
(Diap), esses novos deputados são, essencialmente, pastores evangélicos,
apresentadores de programas policialescos na televisão e, ainda, parentes de
políticos famosos.
Em
entrevista dada logo após os resultados da eleição, Queiroz alertou nas páginas
do jornal Estado de Minas: “Houve esse expressivo crescimento de setores
mais conservadores e uma redução da bancada ligada aos movimentos sociais”.
Essa é
a base de apoio de Eduardo Cunha e trampolim para construir uma pauta de
votações ao feitio dele. Homem de fé religiosa, segue um evangelho político que
inclui o fortalecimento da “Bancada da Bala”; projeção da reação à homofobia e
a já citada proposta de redução da maioridade penal e rejeição à legalização do
aborto.
Sobre
o apoio a temas desse calibre, ele, na presidência da Câmara, costuma se
esquivar escondido atrás da frase: “É o que a Casa pensa”.
por Mauricio Dias
(Carta Capital)
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