domingo, 7 de junho de 2015

A Editora Abril agoniza em praça pública. Uma sugestão para o seu epitáfio


Vou contar um segredo aqui. É que tinha como hábito, toda vez que ia aos caixas em supermercados aqui na cidade com aquelas onipresentes estantes com exposição de revistas ao lado e sempre tinha nos locais mais visíveis, a Veja do dia, da semana ­ou da hora, com aquelas capas ‘indecentes’, isto politicamente falando, geralmente com o PT ou alguém do governo, não raro o Lula ou a Dilma, e com as manchetes ‘bombásticas’ sobre algum delírio ‘vejista’.

Então, o segredo é que eu me aproximava da dita estante, pegava a revista e depois de disfarçar como se estivesse lendo algo, eu a repunha virada, ‘de costas’. Na medida do possível eu fazia isso com todas, duas ou três.

Era para poupar os corações e mentes das pessoas na fila, de seus impropérios... Embora eu nunca tenha visto alguém com uma delas na mão. 

O lance curioso é que comecei a perceber que quando chegava ao caixa as revisitas já se encontravam viradas... É isso, todas elas! Eu não era o único. O que, de certo modo, até me aliviou do desconforto com o meu atentado à “liberdade de expressão” da dita cuja.

  "Em 1989, a revista Veja deu uma capa que provocou uma barulhenta polêmica.
Cazuza estava morrendo de AIDS, e seu emagrecimento avassalador vinha sendo acompanhado por todos em fotos. Na etapa final, Cazuza parecia uma caveira.

A capa da Veja estampava Cazuza na etapa final com a seguinte chamada: agonia em praça pública.

A Veja matou em vida Cazuza.

Era um tempo em que os autores não assinavam textos na Veja. Aos curiosos, quem escreveu o texto final foi Mario Sergio Conti, um dos jornalistas mais maldosos que conheci. (Hoje, MSC faz os espectadores dormir num programa de entrevistas na Globonewzzzzzzzz).

Bem, mas o que eu ia dizer é que, passados cerca de 25 anos, a Veja poderia dar uma outra capa na mesma linha agônica.

Apenas, em vez de Cazuza, o personagem seria a Editora Abril, que publica a Veja.

A Abril parece também estar com AIDS, não na versão controlável de hoje, mas no modelo fatal dos dias de Cazuza.

O emagrecimento da editora é extraordinário.

Nesta semana, no que já se tornou uma rotina, mais revistas foram fechadas (ou despachadas para a semimorte na Editora Caras, da qual os Civitas são sócios) e mais demissões foram feitas.


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