Vou
contar um segredo aqui. É que tinha como hábito, toda vez que ia aos caixas em supermercados
aqui na cidade com aquelas onipresentes estantes com exposição de revistas ao
lado e sempre tinha nos locais mais visíveis, a Veja do dia, da semana ou da
hora, com aquelas capas ‘indecentes’, isto politicamente falando, geralmente com
o PT ou alguém do governo, não raro o Lula ou a Dilma, e com as manchetes ‘bombásticas’
sobre algum delírio ‘vejista’.
Então,
o segredo é que eu me aproximava da dita estante, pegava a revista e depois de
disfarçar como se estivesse lendo algo, eu a repunha virada, ‘de costas’. Na medida
do possível eu fazia isso com todas, duas ou três.
Era
para poupar os corações e mentes das pessoas na fila, de seus impropérios... Embora
eu nunca tenha visto alguém com uma delas na mão.
O lance
curioso é que comecei a perceber que quando chegava ao caixa as revisitas já se
encontravam viradas... É isso, todas elas! Eu não era o único. O que, de certo
modo, até me aliviou do desconforto com o meu atentado à “liberdade de
expressão” da dita cuja.
"Em 1989, a
revista Veja deu uma capa que provocou uma barulhenta polêmica.
Cazuza estava morrendo de AIDS, e seu emagrecimento
avassalador vinha sendo acompanhado por todos em fotos. Na etapa final, Cazuza
parecia uma caveira.
A capa da Veja estampava Cazuza na etapa final com
a seguinte chamada: agonia em praça pública.
A Veja matou em vida Cazuza.
Era um tempo em que os autores não assinavam textos
na Veja. Aos curiosos, quem escreveu o texto final foi Mario Sergio Conti, um
dos jornalistas mais maldosos que conheci. (Hoje, MSC faz os espectadores
dormir num programa de entrevistas na Globonewzzzzzzzz).
Bem, mas o que eu ia dizer é que, passados cerca de
25 anos, a Veja poderia dar uma outra capa na mesma linha agônica.
Apenas, em vez de Cazuza, o personagem seria a
Editora Abril, que publica a Veja.
A Abril parece também estar com AIDS, não na versão
controlável de hoje, mas no modelo fatal dos dias de Cazuza.
O emagrecimento da editora é extraordinário.
Nesta semana, no que já se tornou uma rotina, mais
revistas foram fechadas (ou despachadas para a semimorte na Editora Caras, da
qual os Civitas são sócios) e mais demissões foram feitas.
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