terça-feira, 9 de junho de 2015

A “ética” jornalística local orientada politicamente e pela renda oculta lado negro do HSBC que sai do país


Apresentada como sendo um sinal da crise brasileira, pouca atenção se dá ao fato de que a crise do HSBC nada tem a ver com nosso país e, sequer, é motivada pelo enfraquecimento da instituição com a revelação – oh! – de que mantinha contas irregulares na Suíça, cujos titulares são zelosamente protegidos por uma “ética” jornalística que se gradua pela renda e pela orientação política de quem desliza para fora da lei.

A crise do banco é muito profunda e vem desde 2008, quando teve perdas imensas com a crise mundial  – calculadas em US$ 18,7 bilhões no mercado norte-americano – e começou a “passar a tesoura” em seus negócios e, claro, em seus funcionários.

Ali começava a história do “fim” – ao menos como grande banco de varejo –  do braço brasileiro do chamado “banco do ópio”, que nasceu nas possessões inglesas   Hong Kong e Xanghai, em 1865, para financiar a colheita e o comércio de ópio na China e na Índia, liberado após a Guerra do Ópio, terminada pouco anos antes, com a ocupação de Pequim por tropas inglesas e a imposição do Tratado de Tianjin, que liberou o tráfico de ópio – consumido em grande escala pelos chineses – e a entrada de “missionários”. Tianjin faz parte do que os chineses chamam de “tratados iníquos” e do “século da humilhação”.

Ironico que, 150 anos depois, durante a primeira década do século 21,  o banco tenha voltado a se envolver com o tráfico de drogas, como revelou a investigação do Senado dos EUA que a fez reconhecer que lavava dinheiro dos barões mexicanos da cocaína.

O HSBC, que nasceu sob as bênçãos de FHC, com a liquidação do Bamerindus, vai ser agora disputado ferozmente pelo Bradesco, pelo Santander e pelo Itaú, salvo se surgir um estrangeiro como Citibank ou o banco do bilionário Carlos Slim, o Inbursa.

Com ele, o comprador leva pouco mais de 2% do mercado bancário brasileiro, a sétima fatia do setor e uma clientela física de alta renda (um quarto dos negócio do HSBC), a única em que o escândalo da Suíça – legalmente encerrado, com o pagamento de indenização ao país, coisa que aqui acham pecado e lá uma virtude – pode ter, de fato, alguma perda de prestígio.

Não é, portanto, um reflexo da “perda de confiança” no Brasil.

É parte de um corte de US$ 140 bilhões na sua divisão de global banking & markets.

Um pedaço de carne financeira pelo qual a banca privada saliva de apetite, porque dinheiro é – e sempre foi – a mais ansiosa substância alucinógena.


Título original: Fuga do HSBC é crise que vem de longe. Faz tempo que o banco do ópio vai muito mal

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