O pensamento, de uma condição excepcional inerente
à própria condição humana, vem sendo relativizado, vem se resumindo nos últimos
tempos, com o seu uso se limitando a mais elementar trivialidade no cotidiano.
É um fenômeno que transcende condições variadas e/ou
diversificadas, que não implicam mesmo em graus de escolaridade, já que a tendência
é ter nestas circunstancias, o seu uso resumido à mera expressão do conhecimento
compartimentado, da funcionalidade profissional, quando muito.
As novas tecnologias de comunicação, sobretudo via
redes sociais, vêm nadando de braçada neste novo fenômeno, entre aspas, com resultados
bem práticos, notadamente em seu sentido de exploração e uso político/eleitoral.
Confira entrevista com o filósofo alemão, Peter
Sloterdijk, sobre o que seria a crise ‘moderna’ do pensar...
(...)
Pergunta. Não lhe parece que o pensar, o pensar de
verdade, se tornou uma excentricidade? Ao ler seus livros, tão intensos,
percebemos que o pensamento sério, o que exige esforço e concentração, não é
numeroso. Nós nos desacostumamos.
Resposta. Sim. Certamente. Isso me lembra uma cerimônia
zen em que o mestre pega uma chaleira, como eu estou fazendo agora, e despeja
chá até encher a taça, e então continua despejando e o líquido derrama. Você
não pode entender nada se a taça não está cheia.
P. Perdemos a capacidade de pensar?
R. Não é capacidade como tal. Mas não ocorrem as
circunstâncias vitais que nos permitem
afastar e ganhar distância*. Para Husserl e sua fenomenologia era preciso
sair do tempo impetuoso da vida, o dispositivo mais elementar era sempre dar um
passo atrás. Essa ação permite que você se transforme em observador. Sem uma
certa distância, sem uma certa desconexão a atitude teórica é impossível. A
vida atual não convida a pensar.
(...)
*O grifo é meu. É que já salientamos isto aqui, sobre uma precondição para ‘ver’, efetivamente, a coisa, o fato, é necessário o “distanciamento crítico” que garanta o observador. Foi quando analisávamos a questão da funcionalidade da informação no sentido político/eleitoral.
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