Uma
‘coisa’ que tem ficado patente nestes tempos eleitorais bicudos é a falsa
postura de certa mídia – pra variar – que a título de jornalismo e de apreço
pela democracia, vem repetindo clichês que de forma subliminar, diríamos assim,
vem induzindo o eleitor ao velho trilho de sempre da direita. Só que neste caso,
endossando um projeto com o que de pior foi feito ou criado no gênero, o velho
e manjado fascismo de tão lamentável memória mundo afora.
Um
bom indício é aquele que insiste em falar em polaridade, em extremos, em pontos
antagônicos, ao se referirem aos dois candidatos, o Haddad e o Bolsonaro, como
se, de alguma maneira, equivalentes e em franca negação do principio democrático simples,
embora com “sinal trocado”.
Confira neste artigo do Jânio de Freitas:
Um ou outro. Assim é a
atual eleição presidencial. Nenhum eleitor, absolutamente nenhum, ainda que se
abstenha por ausência ou voto omisso, deixará de contribuir para a eleição de
um ou de outro. Mas, se a decisão eleitoral se faz entre dois nomes, na
verdade, o eleitor fará outra opção. Vai escolher entre democracia e
autoritarismo.
Não há neutralidade diante desta bifurcação. A decisão do PSDB e do DEM (chama-se Democratas, veja só) de não apoiar Jair Bolsonaro (PSL) nem Fernando Haddad (PT) parece fuga à responsabilidade, a sua tradicional subida no muro.
Não há neutralidade diante desta bifurcação. A decisão do PSDB e do DEM (chama-se Democratas, veja só) de não apoiar Jair Bolsonaro (PSL) nem Fernando Haddad (PT) parece fuga à responsabilidade, a sua tradicional subida no muro.
É, no entanto, apoio a
Bolsonaro e ao que ele representa, já que o beneficiam todas as opções que não
sejam de apoio explícito a Haddad, carente de votos. Os pilatos envergonhados
recorrem ao ardil apenas verbal da neutralidade.
Descendente direto da ditadura, o DEM mudou de nome sem mudar de natureza. O PSDB fez o inverso.
Descendente direto da ditadura, o DEM mudou de nome sem mudar de natureza. O PSDB fez o inverso.
Traído por vários de
seus líderes, renegou as origens e os compromissos promissores, e se tornou o
líder da direita até ver-se agora desbancado por um partido nanico. A escolha
mal disfarçada dos peessedebistas por Bolsonaro e pelo autoritarismo pode ser
coerente, mas é vergonhosa.
Os dois puxadores de tal posição não precisariam mais do que respeitar sua história remota. Nela se conta que Fernando Henrique e José Serra se sentiram ameaçados pela ditadura militar a ponto de buscar refúgio no exterior.
O primeiro teve vida mansa por lá, mas o outro passou por riscos e dificuldades superados só pela sorte.
Os dois puxadores de tal posição não precisariam mais do que respeitar sua história remota. Nela se conta que Fernando Henrique e José Serra se sentiram ameaçados pela ditadura militar a ponto de buscar refúgio no exterior.
O primeiro teve vida mansa por lá, mas o outro passou por riscos e dificuldades superados só pela sorte.
Hoje, é a defensores
nostálgicos da força que os perseguiu, enquanto impunha no país a tortura, a
morte, a censura, o atraso, que Fernando Henrique e José Serra dão a ajuda
capaz de ser decisiva. É demais.
Haddad e Bolsonaro não se equivalem, nem o PT e a corrente política bolsonarista são a mesma moeda, como muitos têm dito e escrito.
A respeito, Hélio Schwartsman já foi claro: “Bolsonaro já deu inúmeras declarações que escancaram seu descompromisso para com a democracia e os direitos humanos. Não é absurdo, portanto, imaginar que, uma vez alçado ao poder, ele dê início a uma escalada autoritária” // “Quanto a Haddad e o PT, se o passado vale alguma coisa, eles já foram aprovados no teste da democracia. O partido teve uma presidente destituída e seu líder máximo preso e em nenhum momento deixou de acatar as regras”.
Os defeitos de
Bolsonaro que nos interessam, muitos, não são vistos em Haddad. As qualidades
de Haddad, como pessoa e como homem público, nunca foram vistas em Bolsonaro
nos seus 27 anos de político. Sem falar no seu tempo de perturbador dos
quartéis. Tratar os dois como equivalentes não é apenas injusto, é também
falso. E não é de boa-fé.
A democracia não é
defendida com posição passiva nem, muito menos, com enganosa neutralidade.
Defendê-la, pelos meios disponíveis, não é comprometer-se senão com a própria
democracia. Não a defender, é traição ao presente do país e às gerações que
nele ainda despontam.
Janio de
Freitas
Jornalista
e membro do Conselho Editorial da Folha.
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