domingo, 15 de abril de 2018

O papel fundamental da mídia na campanha de bolsonaro... Boi de piranha?

A velha máxima popular: “Falem mal mais falem de mim”, se aplica muito bem neste caso, do ‘radicalzinho sob encomenda’, que a mídia de sempre adora falar mal, entre aspas, seguindo o “script” que funciona...

Tem eleitor que gosta destas excentricidades. Estamos nos referindo ao eleitor que não tem a mínima noção que votando em coisas assim está votando contra si mesmo, contra seus direitos, inclusive aqueles que já têm, que está usufruindo, e sem qualquer noção de que pode, que vai perder caso o dito cujo seja eleito. Isto para ficar só no ‘benefício direto’.

Uma ideia recorrente é que voto em coisas do gênero seriam de pessoas iletradas, não cultas, com baixo nível de escolaridade... Pelo menos não é o que mostra o DataFolha em pesquisa, que indica ser formado por jovens a maior parte dos votos no dito cujo: 60%.

Estas bravatas que a mídia (associada) gosta de manchetar... São um prato cheio nos corações e mentes desavisadas de muitos. Ele não esconde, pois sabe que é assim que a “coisa" funciona. Arrota as bravatas, os absurdos que parecem certos, justos, aos olhos e ouvidos incautos de tantos eleitores. Ele se coloca como se estivesse acima do cenário político convencional e posa como salvador da pátria.

A mídia de sempre desempenha muito bem o seu papel. Ser radical é virtude preciosa, sobretudo neste concerto caótico em que estamos vivendo no momento político.

Temos um exemplo “cuspido e escarrado” como se diz, nos EUA, e o pior, com poder “para chutar baldes” além-fronteira. 

Entretanto, outra variante na estória local é lançá-lo como boi de piranha, enquanto o verdadeiro candidato da direita, o ícone do fascismo local, corre por fora e no momento exato fará sua estreia triunfal. Quem seria? Então, é o “santo do pau oco” denominado alquimin...
Confira: FAS.CIS.MO. Com um cenário assim, será se precisamos visitar o dicionário?
Até arranjos jurídicos, digamos assim, sobre suas falcatruas e ilegalidades com a coisa pública, que até as pedras já sabem, estão sendo feitos para alisar a sua estreia em alto estilo.
Como lidar com um Trump brasileiro
Tratar candidatos radicais como escândalo durante a campanha só os fortalecerá
Quatorze países latino-americanos terão eleições presidenciais em 2018 e 2019. Na maioria deles, há uma ampla rejeição à elite política. No México, por exemplo, apenas 2% dos eleitores confiam em partidos políticos e só 4% acreditam que o país está no rumo certo. Em quase toda a América Latina ocorre algo similar.

Devido ao baixo crescimento econômico e à desconfiança na classe política — e na própria democracia —, o próximo ciclo eleitoral na região deverá trazer profundas mudanças. Embora isso não seja negativo per se — de fato, as elites políticas precisam ser renovadas urgentemente —, há um risco enorme de que o atual descontentamento generalizado levo ao surgimento de salvadores da pátria no continente, os quais têm maior tendências autoritárias e menor apreço aos chamados freios e contrapesos, pilares de qualquer sistema democrático.

No Brasil, a confiança dos eleitores na classe política também é baixíssima. Não surpreende, portanto, que recentes pesquisas sobre intenção de voto para a disputa presidencial de 2018 mostrem o deputado Jair Bolsonaroem segundo lugar. O capitão da reserva do Exército apresenta propostas de extrema direita semelhantes às do presidente filipino Rodrigo Duterte, líder de um governo globalmente criticado pela sistemática violação dos direitos humanos. Muitos ainda esperam que o deputado carioca se autodestrua nos próximos meses em virtude de suas polêmicas afirmações. Considerando o resultado da eleição presidencial dos EUA de 2016 e em vários países europeus ao longo dos últimos anos, essa expectativa parece perigosamente ingênua.

Candidatos como Trump adotam a estratégia de escandalizar, de maneira sistemática, para crescer nas pesquisas de opinião e definir a pauta do debate público. Muitas de suas declarações têm como objetivo gerar rejeição e estigmatização pelo establishment político. Como afirma um memorando interno do partido da extrema direita “Alternativa para a Alemanha” (AfD) — que teve seu melhor resultado histórico nas eleições parlamentares no mês passado, "quanto mais eles tentam estigmatizar o AfD por causa de palavras provocativas ou ações, melhor para o perfil do AfD. Ninguém dá ao AfD mais credibilidade do que nossos adversários políticos." Trump e o AfD foram politicamente incorretos de propósito e, tanto nos EUA quanto na Alemanha, a imprensa e a elite política erraram ao fazer da ameaça extremista o tema central da campanha. Como Thorsten Benner, um dos principais analistas alemães, afirma em recente artigo na Foreign Affairs, “esse foco [no AfD] impediu que partidos tradicionais envolvessem os eleitores no debate sobre as demais questões com as quais eles [eleitores] se preocupam profundamente, desde previdência e educação públicas até a crise nos asilos alemães, e apresentassem uma visão para a transformação da Alemanha na era digital.”

Cabe, portanto, criticar afirmações absurdas, mas sem dar destaque a provocações nas manchetes dos jornais. Elas, tampouco, precisam dominar as timelines das redes sociais. Compartilhar um post crítico de um candidato extremista pode, ao contrário do que se espera, beneficiá-lo. Ademais, com isso, pode-se estar reduzindo o espaço para as ideias de outros candidatos.

Nos debates durante a campanha — na TV, em universidades, em comícios etc. —, a presença de candidatos espalhafatosos requer perguntas objetivas sobre propostas concretas, como políticas públicas para economia, educação, saúde e segurança — temas para os quais eles normalmente não têm respostas convincentes. Em vez de rotulá-los e isolá-los, assim dando a esses radicais tratamento especial que desejam, é preciso haver diálogo para demonstrar as fragilidades de suas candidaturas.

Fazer abaixo-assinados de intelectuais contra Bolsonaro, como ocorreu recentemente para tentar impedir a palestra do presidenciável na Universidade George Washington, tem o mesmo efeito que sanções econômicas dos Estados Unidos contra o regime de Maduro na Venezuela: ajudam sua causa e mobilizam sua base. Argumenta Benner, no mesmo artigo, sobre a entrada do partido extremista no parlamento alemão: “Nos próximos meses, partidos políticos, os meios de comunicação e as organizações não governamentais não devem procurar apresentar uma frente unida contra o AfD. Fazê-lo só fortalece o argumento do AfD de que [ele] seja a única alternativa a um establishmentmonolítico.”

Muitos votaram em Trump, no AfD e em outros partidos extremos não porque acreditam em suas teses, mas porque rejeitaram todas as alternativas. No Brasil, muitos apoiam Bolsonaro porque perderam a esperança no sistema político. No caso da Alemanha, 85% dos eleitores da AfD disseram que o voto no partido era uma expressão de desapontamento com as elites políticas e o único veículo com o qual poderiam expressar seu protesto, de acordo com pesquisa do Infratest Dimap. Em vez de apenas atacar os extremistas por suas bravatas durante toda a campanha — como aconteceu na Alemanha e nos EUA —, é preciso enfrentá-los onde eles mostram suas maiores fraquezas: no campo das ideias e propostas concretas.


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