Fantasiado de gari |
Esta notícia ‘renasceu ‘ na rede e, embora seja meio antiga, tem tudo a
ver, já que o protagonista de historia está se arvorando no papel de ‘consertador’
do país com sua provável candidatura à Presidência da República pelo PSDB.
Conhecendo os processos eleitorais e o poder de manipulação/alienação da
mídia constituída – leia-se, as globos da vida – que controla os corações e mentes
de tantos... Coisa assim pode se tornar realidade, mesmo!
Como uma solução, entre aspas, como esta para o Nordeste, não custa dar
uma pensadinha no que anda rolando na cabeça do dito cujo, inclusive algum eventual
eleitor entusiasta da Região Nordeste.
Confira!
"Há 30 anos, João Dória propôs que seca do Nordeste virasse atração turística para o Sudeste
O hoje prefeito de São
Paulo era presidente Embratur e estava em Fortaleza quando fez a sugestão a
empresários
Há 30 anos, o então presidente
da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur) João
Dória Jr. fez uma proposta para a região Nordeste que
causou enorme polêmica. O hoje prefeito de São Paulo estava
em Fortaleza, em um encontro com empresários locais e representantes do Governo
do Estado, quando propôs que a seca poderia transformar-se em atração
turística.
“A seca, os flagelados
famintos e a caatinga nordestina poderão virar atração turística por sugestão
do presidente da Embratur João Dória Jr., que propôs em
Fortaleza a instalação de albergues turísticos na região”, publicou o
jornal Folha de S. Paulo, em 2 de
julho de 1987, na seção “Dropes”.
As declarações foram
resgatadas nesta terça-feira (28) nas redes sociais e viralizaram.
Internautas também encontraram referências ao discurso em outras publicações.
Por meio de assessoria
de imprensa, Dória afirmou ao Tribuna do Ceará, nesta
quarta-feira (28), que as declarações foram “desvirtuadas”. Ele teria
defendido, na verdade, que o Ceará “não explorasse apenas o litoral em
termos turísticos, mas valorizasse o interior, como a região da caatinga, para
promover a geração de renda”.
Saiba mais.
Algumas
publicações, no entanto, trataram a proposta como abrangente também
à miséria da região. Na época O Globo chegou
a, ironicamente, “sugerir” outros destinos em que a mesma lógica
consideraria atraente.
Jornal o Globo
“Teríamos excursões
anuais às enchentes do Sul (onde o turista talvez comprasse galochas típicas),
caminhadas noturnas na Baixada Fluminense para presenciar o ritual da ‘desova’,
visitas ao Manicômio do Junqueri, caçadas de jacarés no Pantanal e assim por
diante — até o bom senso voltar”.
A mais ácida
publicação, no entanto, foi da revista Agropecuária Tropical,
em edição de setembro de 1987. “O discurso do presidente da Embratur,
proferido em Fortaleza e publicado pelo jornal A Gazeta Mercantil,
de 1º de julho de 1987, afirma que as verbas da irrigação deveriam ser
reduzidas para aumentar as de turismo para exibir os flagelados da seca, porque
os habitantes do eixo Rio - São Paulo só conhecem a Seca através da Imprensa”.
O Tribuna
do Ceará não teve acesso à referida edição de Gazeta
Mercantil. “Ou seja, em vez de empregar dinheiro do Governo para
financiar a produção, empregaria tal verba para que os turistas, em ônibus
refrigerado e regado a Whisky, possam se distrair vendo as crianças
esqueléticas tomando lama em lugar de água”, segue o restante da nota da Agropecuária
Tropical.
Estado de São Paulo
O jornal Estado
de São Paulo publicou que Dória chegou a projetar
como funcionaria o turismo na região com uma comparação com a Serra Pelada,
localidade do Pará famosa pela extração de ouro. “Em Serra Pelada, onde
milhares de garimpeiros vivem em condições subumanas, essa garimpagem já se
transformou em ponto de visitação turística. Lá existem até especialistas em
fotografias daqueles homens, transportando sacos de areia nas costas, em busca
de ouro”.
Jornal do Brasil
Já o Jornal
do Brasil descrevia a revolta da jornalista Adisia
Sá. Ela chegou a dizer que comandaria uma multidão
para fazer voltar debaixo de vaias a primeira excursão do projeto. Uma matéria
de O Globo afirmava que os ouvintes que ligavam para
as rádios eram unânimes na reprovação da proposta.
Não foram os únicos. O
então ministro do Interior Joaquim
Francisco Cavalcante, nordestino do Recife, disse ao jornal O
Globo “preferir imaginar que essas declarações não
existiram”.
Na mesma edição,
o ex-governador de Pernambuco Roberto Magalhães
também criticou: “Turismo não se faz com o sofrimento porque a seca é, na
realidade, um drama causado pela conjunção da pobreza da natureza com a do
homem sertanejo”.
O jornal carioca ainda
mostrava que o secretário do Turismo do
Estado, Barros Pinho, concordava com a ideia. “Ele se disse contra a
exploração da miséria dos flagelados, mas entende que ela só poderá ser
erradicada a partir de investimentos do Governo e da iniciativa privada. Por
isso, considera válido que se transforme as zonas secas em polos de produção
artesanal”.
Segundo
a assessoria de João Dória, o prefeito nunca disse que a miséria da seca
deveria ser explorada ou que os investimentos em irrigação fossem reduzidos.
“Trinta anos depois, estas regiões, e não apenas no Ceará, têm vários atrativos
turísticos — caso de Quixadá, apenas para ficar num
exemplo”, citou Dória para destacar o caráter visionário da proposta.
A assessoria também
destacou trecho do próprio O Globo em que as declarações
de Dória apareceriam de maneira mais fidedigna. “A Caatinga nordestina poderia
ser um ponto de visitação turística e gerar uma fonte de renda para a população
sofrida da área, respeitando as características culturais e humanas da
população, sem exploração da miséria”, disse o gestor, segundo O
Globo de 1º de julho de 1987.
Por
Lucas Barbosa em Política – Tribuna
do Ceará
Obs. Clique nas imagens para ampliar
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