MPF do Rio não considerou a ofensa – gravíssima,
diga-se de passagem – que o ícone máximo da direita local fez aos negros, como um
exercício de ‘liberdade de expressão’...
Logo, habituée
nestas performances, desta vez ele vai
ter que ‘se explicar’ na Justiça.
“MPF-RJ
move ação contra Bolsonaro por ataques a negros e quilombolas
O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro
ajuizou, nesta segunda-feira (10/4), ação civil pública contra o deputado
federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) por danos morais coletivos a comunidades
quilombolas e à população negra em geral.
Em palestra no Clube Hebraica do Rio, ocorrida no
dia 3 de abril, Bolsonaro afirmou que visitou uma comunidade quilombola e que
“o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas”. Ainda citando a visita, o
parlamentar disse que os moradores daquele local “não fazem nada, eu acho que
nem pra procriador servem mais”.
Para os procuradores da República Ana Padilha e
Renato Machado, tais afirmações desumanizam as pessoas negras, retirando-lhes a
honra e a dignidade ao associá-las à condição de animal — algo que teria
ocorrido quando Bolsonaro usou a medida “arrobas”, geralmente empregada para
bovinos, para estimar o peso de um negro.
Na visão de Ana e Machado, o julgamento ofensivo,
preconceituoso e discriminatório do réu a respeito das populações negras e
quilombolas é incontestável. “Com base nas humilhantes ofensas, é evidente que
não podemos entender que o réu está acobertado pela liberdade de expressão,
quando claramente ultrapassa qualquer limite constitucional, ofendendo a honra,
a imagem e a dignidade das pessoas citadas, com base em atitudes
inquestionavelmente preconceituosas e discriminatórias, consubstanciadas nas afirmações
proferidas pelo réu na ocasião em comento”, apontam os procuradores na ação.
Se condenado, o deputado federal pode ser obrigado
a pagar indenização no valor de R$ 300 mil pelos danos morais coletivos
causados ao povo quilombola e à população negra em geral, a ser revertida em
projetos de valorização da cultura e história dos quilombos, a serem indicados
pela Fundação Cultural Palmares.
Da Consultor Jurídico
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