Como vê, este conceito de “classe média” é
muito relativo, pois muitos devem supor que se trata de uma condição – como poderia
dizer? – econômico-cultural-informacional, que não se sustenta. O aporte de
dinheiro com frequência se resume, “apenas”, a isto mesmo, um aporte de dinheiro
e/ou melhoria da situação econômica.
Sei, não é pouco, é claro! Mas daí a fazer
ilações adicionais... Vai uma grande distancia.
Ainda uma consideração. É que, provavelmente,
a constatação desta barbaridade – não o voto em si, mas a declaração do tal coordenador
– não vai fazer efeito algum, pois a grande maioria nem vai ficar sabendo, já que,
com certeza o JN/globo não
vai ‘contar’ e na próxima, se usar o mesmo esquema, vai voltar a funcionar
normalmente.
“Vitória em São Paulo: Coordenador de Dória diz que apostou na imbecilidade do eleitor paulistano
Como
enganar os pobres e a classe média paulistana através do marketing político?
Ontem à noite rolou uma palestra sobre marketing
político na Semana de Gestão de Políticas Públicas da EACH-USP. Estavam
presentes os profissionais que coordenaram as campanhas de Marta, Russomanno,
Haddad e Dória.
O destaque da noite, no entanto, foi Luiz Flávio
Guimarães, responsável pela campanha de Dória. Segundo ele, foi relativamente
fácil conduzir a campanha, principalmente pela capacidade de se moldar o
pensamento da massa acrítica paulistana.
Luiz disse que a gestão Haddad foi uma das melhores
que a Prefeitura já teve, que boa parte das políticas feitas pelo prefeito
fazem parte de outras realidades, como as europeias, e que talvez façam sentido
em São Paulo só em 2050. O modo de reorganizar o trânsito, por exemplo,
humanizando-o e dando maior fluidez não faz parte da cultura paulistana,
acostumada ao caos, ao transporte individual e às altas velocidades que matam
diversas pessoas diariamente. Logo, realizar mudanças de paradigmas sem a
devida comunicação de massa gera um choque cultural na cidade, facilitando
ataques e jargões como a “indústria da multa”.
O comunicador apontou, também, o ódio ao PT que
cega as pessoas. Para ele, os veículos de comunicação falam mal do PT durante a
manhã, a tarde e a noite. Isso acaba por gerar um desconforto no imaginário da
população, fazendo com que suas convicções as ceguem. Logo, não importa se Haddad
tenha sido um ótimo prefeito, pois o ódio ao partido falará mais alto na hora
da escolha.
Outro ponto importante foi a imagem de João Dória
que eles conseguiram construir. Luiz disse que a imagem de um empresário é
muito impopular. O fato de Dória ter nascido em berço de ouro e seu patrimônio
ser fruto de heranças não é algo que geraria uma identificação na massa. Logo,
era necessário enaltecer os pontos positivos e contornar os pontos negativos:
“Vamos dizer que ele é um sujeito bem-sucedido [afinal, ele é rico]
e vamos passar a imagem de que ele cresceu a partir de seu trabalho – JOÃO TRABALHADOR”.
Assim, toda classe trabalhadora, seja da periferia
ou do centro expandido, acabou por se identificar com o perfil de um
trabalhador que empreendeu e subiu na vida. (Sheilinha
Couto)
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