segunda-feira, 7 de março de 2016

Por que a visita ao Brasil de um Nobel da Paz foi ignorada pela mídia. Se não viu, é melhor repensar suas fontes

Se suas fontes de informações são os JN's da vida, com certeza não ficou sabendo da visita de uma personalidade internacional cuja presença em qualquer país é, no mínimo, noticiada pelos meios de comunicação local.

Então… Porque será que os aficionados pela mídia “oficial” local, ou que só se “informam” por essa via, não ficaram sabendo? Estranho, não?

Se der uma olhada no artigo abaixo vai descobrir.
Por que a visita ao Brasil de um Nobel da Paz foi ignorada pela mídia.
Enquanto toda a imprensa enfiava goela abaixo de seu público novos detalhes da novela do “sítio e do triplex do Lula”, uma visita importante ao Brasil foi completamente ignorada.

Esteve aqui o engenheiro indiano Kailash Satyarthi, Prêmio Nobel da Paz de 2014. Ativista pelos direitos das crianças contra o trabalho escravo infantil, ele encerrou uma maratona de conversas com chefes de Estado brasileiros no último domingo (7).

Nem mesmo o portal UOL, que abriga o blog do jornalista Leonardo Sakamoto que denúncia desrespeitos aos direitos humanos no trabalho, deu espaço para ele.

Kailash Satyarthi conversou com a presidente Dilma Rousseff, foi questionado brevemente por repórteres — sobre o impeachment — e visitou tanto Recife quanto Brasília. Ao jornalista Paulo Moreira Leite, do 247, o indiano defendeu o Bolsa Família e os programas sociais do PT.

“O Brasil tem hoje a legislação mais progressista do mundo sobre trabalho infantil. Para começar, o trabalho só é autorizado depois dos 16 anos. Nos outros países, como a Índia, o limite é 14”, afirmou.

“A legislação brasileira protege a criança com exigências rigorosas, o que facilita a ação de quem está interessado em punir abusos. É uma diferença importante, pois outros países não tem nada parecido”.

Satyarthi foi boicotado por ter sido convidado pelo Instituto Lula. “Satyarthi está formando um conselho com a presença de outros ganhadores do Prêmio Nobel e líderes mundiais para colocar em pauta questões como trabalho infantil, tráfico de pessoas e o trabalho escravo”, informa o instituto.

Nascido em Vidisha, região central da Índia, Kailash Satyarthi tem 62 anos e abandonou sua carreira estável de professor universitário em 1980 para se envolver em um movimento trabalhista pelo fim da escravidão em seu país. Com maior participação em mobilizações sociais, criou a Marcha Global Contra o Trabalho Infantil em 98.

Satyarthi formou-se como engenheiro elétrico e deu aulas no ensino superior, mas ganhou fama ao empreender campanhas a favor do consumo consciente entre os indianos, acreditando que a falta de políticas sociais dão espaço para o trabalho escravo.

Tal regime forçado traz a pobreza, a exploração infantil e o desemprego para seus conterrâneos. Esse trabalho articulado o levou a se tornar membro da UNESCO, contribuindo para políticas educacionais da ONU.

O Prêmio Nobel que ele ganhou em 2014 foi dividido com a ativista paquistanesa Malala Yousafzai, que foi baleada por talibãs e passou a militar pela educação feminina no Oriente Médio. Kailash Satyarthi se aproxima de Malala no sentido de encarar a escola e os mecanismos sociais como ferramentas de emancipação social.

Só o trabalho de Satyarthi junto com as organizações que ajudou a criar protegeu 83 mil crianças em 144 países ao redor do mundo, segundo o Hindustan Times. As atitudes dele em sua “cruzada” contra a escravidão e os abusos infantis geraram diretrizes adotadas globalmente.

A formação das crianças, distante dos trabalhos forçados, é uma forma de diminuir e tentar eliminar a miséria em países pobres.

Não vimos nenhum sinal de apuração dos jornais de São Paulo sobre o Nobel. Não houve menção ao encontro na agenda das editorias de política dos portais de internet.

Nada aconteceu para a mídia brasileira.

Lula aceitou a proposta para entrar no Conselho Global Pelos Direitos das Crianças, que ainda está em formação e provavelmente terá uma atuação junto com outros trabalhos de Satyarthi dentro e fora da Índia.
Os brasileiros não ouviram falar do Nobel, mas foram entupidos de notícias sobre barcos de 4 mil reais, pedalinhos e elevadores privativos. Dentro da lógica antipetista, notícias sobre uma organização contra trabalho infantil não são notícias.

Por Pedro Zambarda de Araujo
 
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2 comentários:

  1. Aqui no Brasil os meios de comunicação estão a trabalho somente da direita fascista. O que é relevante fica de fora infelizmente.

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  2. Olá, Jorge!

    Você disse tudo: “… os meios de comunicação estão a trabalho somente da direita fascista”, logo não estão a serviço do que seria a sua função efetiva, que seria informar, literalmente.

    Agindo assim não passam de panfletos partidários, e, ainda, há quem os comprem e os levam a sério… Infelizmente!

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