Este artigo do Luiz Nassif é longo, mas vale muito à pena dar
uma conferida, pois vai ilustrar um pouco mais o pano de funda das
“crises” e do papel muitas vezes incompreensível de instâncias
de justiça locais, que agem como se movidos por algo que
chega a transcender a própria lei e, pasme, a própria Justiça.
Como vem comprovando episódios recentes.
Rolam por aí, teorias mais “graves” sobre esse tal “pano de
fundo”, que se fundamentam em “conexões multinacionais”
com lideranças locais – lideranças entre aspas – com interesses
que articulam a efetivação do país como uma espécie de colônia
pós-moderna.
É um jeito de colocar nossos recursos e riquezas, muitas das
quais únicas e raras, a seus serviços, quando a população local
continuará em seu mundinho quimérico, embalado por uma mídia
subserviente, e bem recompensada, como as globos da vida.
A “imunidade”, impunidade, que alguns políticos e
figuras públicas parecem gozar como se estivessem de alguma maneira
blindados, malgrado todas as evidências de comprometimento com a
ilegalidade e a corrupção, ilustram um pouco esse
cenário oculto.
Mas, voltando ao artigo no Nassif, com certeza ele vai ajudá-lo a
situar melhor as coisas. A história está aí para provar, que nem
sempre o que parece, é, ou como se diz: que “existe mais coisas
entre o céu e a terra do que imagina a nossa vã filosofia”.
"Lava Jato: tudo começou em junho de 2013
Para entender o nosso jogo de xadrez é importante clareza sobre
um divisor de águas: a condução coercitiva de Lula a Congonhas.
Para o juiz, os procuradores justificaram que a intenção seria
proteger a imagem e a integridade de Lula. Na nota oficial, os
procuradores sustentam que pretenderam conferir a Lula o mesmo
tratamento aplicado em 114 réus anteriores. Quem está enganando
quem?
A operação fugiu do padrão escracho da Lava Jato. Lula foi
conduzido em sigilo à sala VIP do aeroporto de Congonhas, na beira
da pista, com um jatinho da Polícia Federal no hangar pronto para
decolar.
Pesados todos os fatos e possibilidades, a hipótese mais robusta
foi levantada por José Gregori, ex-Ministro da Justiça do governo
FHC: a intenção era, de fato, prender Lula e conduzi-lo a Curitiba.
No interrogatório havia quatro delegados da PF e quatro
procuradores. À medida que o tempo avançou e divulgou-se a
localização de Lula, de dentro da sala era possível ouvir os urros
da multidão do lado de fora.
Seja lá o que ocorreu, a ida de deputados do partido a Congonhas,
a aglomeração de manifestantes, o fato é que não se consumou a
operação.
No final do dia, um Sérgio Moro visivelmente assustado com os
riscos da operação, soltou a nota oficial explicando que o pedido
partiu dos procuradores, enfatizando a intenção de preservar a
imagem e a integridade de Lula e lançando um apelo pela paz e pela
concórdia.
Mesmo com a perspectiva de acirramento de conflitos de rua, os
procuradores da Lava Jato trataram de botar mais óleo na fervura,
soltando a nota em que desmentiam as razões invocadas por Moro e se
comportavam como deuses ex-machina lançando raios do Olimpo.
A história reconhecerá no futuro a enorme contribuição do
procurador Carlos Fernando dos Santos Lima para expor a conspiração
quase em tempo real. Seu estilo grosseiro, tosco, atropela e expõe
uma estratégia muito mais refinada. Tão refinada que parece difícil
que tivesse sido planejada em Curitiba.
A estratégia se completa com a matéria de ontem da Folha,
de que a Lava Jato prepara um conjunto de ações de improbidade
visando impedir Lula de concorrer novamente (http://migre.me/tbiYy),
confirmando, aliás, os cenários que venho traçando.
Os dois comunicados, mais as informações adicionais, colocam, de
uma vez, quatro peças a mais no nosso quebra-cabeças.
Peça 1 – A radicalização é alimentada pelos
procuradores da Lava Jato. Mais do que explicações, a nota oficial
dos procuradores é um libelo, antecipando a peça final da acusação.
Peça 2 – Moro não é nem nunca foi o cérebro
por trás da operação.
Uma operação dessa envergadura não poderia ter sido obra de um
juiz de primeira instância, de um estado pouco relevante
politicamente, conhecido por seu conservadorismo, rígido nas
sentenças, mas tímido, tosco até fora dos limites dos autos. Foi
só recuar para ser atropelado pela Força Tarefa.
Peça 3 – A Polícia Federal é um mero
instrumento nas mãos dos procuradores.
Domingo, o Estadão publicou matéria condenando os abusos da
operação, atribuindo-os à Polícia Federal. Ora, a PF limitou-se a
cumprir um mandado requerido pelos procuradores e autorizado pelo
juiz Moro. Já os procuradores formam um todo coeso, obedecendo a uma
estratégia nítida: a inabilitação política de Lula.
Peça 4 – Em meio às turbulências políticas,
houve o risco de confrontos entre manifestantes se alastrarem por
todo o país. Um mero Procurador Regional de Curitiba pode definir,
por si, a oportunidade de um libelo político com aquele grau de
temperatura?
Aí cabem duas hipóteses:
Hipótese 1 – O Ministério Público Federal é
um arquipélago formado por comitês, regionais
independentes, cada
qual com poderes de interferir até nos aspectos psicossociais do
país, sem nenhuma forma de coordenação ou de controle interno.
Hipótese 2 – há um comando central, de nível
hierárquico superior ao dos procuradores do Paraná.
Em qualquer hipótese se abre um enorme flanco na armadura
institucional do Ministério Público. Quando o modelo de atuação
torna o país refém de um juiz de 1a instância armado
por procuradores regionais beligerantes, há algo de errado na
história.
Para entender o jogo, vamos relembrar o histórico da perseguição
a Lula.
A perseguição a Lula
As declarações reiteradas dos procuradores – que investigam
fatos e não pessoas – foram desmentidas cabalmente pela última
operação.
A perseguição a Lula pela Lava Jato começou em março do ano
passado, em cima das investigações da Bancoop pelo Ministério
Público Estadual (MPE).
Continue lendo aqui.
Vale a pena.
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