É uma luta sem quartel que deve ser empreendida por
todos, já que não dá para construirmos
um país justo para todos se coisas assim funcionam como pressupostos para nossos
contatos e relações no cotidiano.
É um cacoete mental, social, que deve dormitar nos
corações e mentes de muitos, mesmo que não andem por aí exercitando esse primitivismo
a torto e direto, mas que se insinua sutilmente em ações e atitudes simples, muitas
vezes trasvestidas de outras coisas.
Temos que ficar atentos e não endossar qualquer ação
nesse sentido, por mais sutil que seja, em nossas relações pessoais, familiares
e profissionais.
Não dá pra deixar passar batido!
É como diz a campanha: Racismo não é uma questão de ponto de vista ou de liberdade de expressão,
é crime, mesmo!
"Menina vítima de racismo aos 4 anos “se esfregava no banho”, diz mãe
"Ela se esfregava
no banho porque achava que a cor ia sair", diz mãe de menina vítima de
racismo aos 4 anos. Criança ouviu de colegas da escola que sua cor é de
"gente suja" e o cabelo é "ninho de bicho".
A assistente sênior Gabriela Gaabe é mãe de Lorena,
uma menina de cinco anos. Antes de completar quatro anos a criança sofreu, pela
primeira vez, racismo. Naquele dia, a mãe chegou do trabalho, a filha olhou
para ela e disse que não queria mais ser negra.
A
mãe ficou surpresa e tentou entender o que tinha acontecido naquele dia. A
resposta foi que o ato racista tinha acontecido dentro da escola e partido das
outras crianças que estudavam com a menina. Quando a Gabriela perguntou para
Lorena o que tinham dito para ela, veio o relato: “Falam que minha cor é de
gente suja e que meu cabelo é de ninho de bicho”.
Gabriela
conversou com a filha e ligou para a escola. Quando falou com o diretor da
instituição, a resposta que recebeu dele foi que aquilo “não era coisa da
escola, que ele duvidava que as crianças estavam falando aquilo e que isso
poderia estar vindo de dentro de casa”.
“Eu falei que não. Não existe preconceito
dentro da minha casa. Achei agressivo da parte dele falar que o preconceito
vinha de dentro da minha casa”.
A
mãe de Lorena diz que aquele foi o primeiro contato da filha com o problema do
racismo e que foi, também, a primeira vez que ela tinha presenciado algo do
tipo com a filha dela.
“Ela
se esfregava no banho porque achava que a cor ia sair”.
Para
ajudar a filha a superar o trauma e fazer com que ela fosse forte para
conseguir encarar outros momentos como esse, a mãe começou a trabalhar a
autoestima da menina, buscando a representatividade. Ela mostra para a filha
mulheres negras importantes, para que ela possa se ver representada em outras
pessoas de sucesso.
“Uma
vez ela me perguntou porque não tinha princesa negra e atriz negra em peça para
criança”.
Gabriela
sempre frequentou peças de teatro com a filha. Mesmo proporcionando momentos
culturais para a criança, ela não se reconhecia nos personagens.
Pensando
nisso, a mãe resolveu, aos 28 anos, começar a estudar artes cênicas.
“Entrei
no teatro pela minha filha e por outras crianças que precisam ter essa
visibilidade. Quero mostrar para ela que existe princesa negra e que ela pode
ser o que ela quiser”, contou Gabriela.
De Giorgia Cavicchioli, R7
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