Abrir a porteira para o capital internacional |
É um cerco! É um cerco do neoliberalismo em crise que precisa de
‘facilidades’ para se reciclar e um gigante como o Brasil não pode ser deixado,
assim, à sua própria vontade e a serviço de seu povo sem ‘pagar tributos devidos’
ao capital internacional, representado internamente pela turma de golpistas e com
o apoio da mídia vendida de sempre.
A ‘crise’ gerada e
alimentada por eles via mídia local é a deixa para derrubar normas princípios
e leis e adequá-las às sua ‘necessidades’.
Um Congresso em grande
parte vendido – via financiamento privado de campanhas – é a linha de frente
deste processo de venda, de desnacionalização de bens e direitos do povo
brasileiro.
As maravilhosas e
produtivas terras do país são um grande objeto de desejo.
É como dizia o Joseph Goebbels – ministro
da propaganda nazista – que
a propagando deve se tão bem feita, eficiente,
de maneira que o alvo, o leitor desavisado e ignorante, faça seu um discurso
que vai ferrá-lo – literalmente – por mais contraditório que pareça. E é o que
faz ‘a grande’ mídia local.
E o resultado é o que fazem
os ‘esclarecidos’ oposicionistas anti-Dilma (vulgo coxinhas) que, inclusive,
infestam as redes sociais divulgando suas ‘verdades’.
"Cresce a pressão contra PL que limita a compra de terras por estrangeiros
Não houve ativo com maior valorização nos últimos
dez anos do que as terras brasileiras. A aquisição por especuladores
financeiros explica a crescente valorização.
Na sabatina do Senado que reconduziu Rodrigo Janot
a Procurador Geral da República (PGR) por mais dois anos, o senador (DEM-GO) e
colunista de agronegócios da Folha
de São Paulo, Ronaldo Caiado, teve atuação peculiar.
Ao questionar o PGR sobre o andamento do projeto de
lei que permite repatriar recursos depositados ilegalmente no exterior,
mediante pagamento do imposto, multa de 35% e garantia de anistia, pediu
pressa. Estaria recebendo consultas de seus eleitores-clientes, sobretudo,
quanto à confirmação de que a multa seria a única punição. Quem tem medo, bem, tem medo.
De forma acidental, acabou entregando o ouro antes
contrabandeado. Diga-me com quem andas...
Ainda na dinâmica histórica desta Federação de
Corporações, a mesma ansiedade ocorre em relação ao endurecimento na legislação
que limita a compra por estrangeiros de terras brasileiras.
Como se no planeta ainda houvesse farta
disponibilidade de áreas para expansão agricultável. Nossa estratégia de futuro
tem a profundidade de meu amigo Pires.
Não houve ativo com maior valorização nos últimos
dez anos. Entre 2009 e 2014, os preços médios de terra no Brasil cresceram 95%.
No Centro-Oeste, 130%. A isso não faltou o auxílio luxuoso e esperto de
pandeiros do setor financeiro, sempre de olho em barbadas.
Japoneses como sempre, chineses cheios de apetite,
mesmo argentinos que fogem das plásticas Kirchner, têm sido clientes de encher
carrinho. Aqui e em África.
A regulamentação da Advocacia Geral da União (AGU),
transformada em projeto de lei, tramita no Congresso e aflige os lobbies
interessados. Já é forte a resistência manifestada por associações, empresas
imobiliárias, ex-ministros da Agricultura.
Conselheiros e consultores aprovam
em nome de um mundo globalizado: “se tudo pode, por que não do lado de dentro
das fazendas”?
Segundo o INCRA, perto de 8.000 propriedades
agrícolas já pertencem a estrangeiros, totalizando 1,6 milhões de hectares.
Recentemente, a BrasilAgro, empresa focada em
negócios imobiliários rurais, reverteu seu prejuízo com a venda de apenas uma
propriedade, no município de Baixa Grande do Ribeiro, Piauí. Área de 28 mil
hectares, por R$ 270 milhões, na mais nova fronteira agrícola. Não há
informação sobre o comprador. Sabemos que a citricultura não é desenvolvida na
região.
Para esses negócios, qualquer sinal de crise no
setor agropecuário é atraente. Faz paralisar ou diminuir a atividade produtiva,
fazendeiros venderem propriedades ou parte delas, e cair o preço médio por
hectare.
Num momento de dólar valorizado a baba faz babarem
os investidores estrangeiros.
Tais reflexos já começam a se evidenciar no recuo
dos preços para arrendamentos. Entre 2012 e 2014, subiram 25%, em média. Em
junho de 2015, registraram queda de 7%. Pouco ainda, mas com tendência a
aumentar na medida em que folhas e telas cotidianas anunciam o apocalipse das
economias brasileira e chinesa.
Como estamos numa Federação de Corporações, tocada
a qualquer nota, argumentos os mais estapafúrdios comparecem para animar a
festa da flexibilização “global”.
Por exemplo, leio analista conceituado conceituar
(foi de propósito) que “uma vantagem de termos estrangeiros investindo na
agricultura brasileira é contar com profissionais competentes produzindo por
aqui”.
Êpa! Ô seu Zé Euclides, aí de Palotina (PR), vai
ouvir calado? Ô Pedro Forastieri, em São Desidério (BA), não vai reagir?
Lá como cá
Os caríssimos leitores e leitoras já visitaram a
Bélgica? Conheceram Bruxelas, Brugge? Caso não, já devem ter ouvido falar ou
provaram seus excelentes chocolates e cervejas.
No Brasil, tem gente ganhando dinheiro para nos
ensinar como degustar cevadas e lupulinas belgas. Mercado interno com alto
poder aquisitivo dá nisso.
Não estão satisfeitos, porém, os produtores
agropecuários belgas. Principalmente, os leiteiros e criadores de suínos. Maior
fuzuê em Bruxelas, que o jornal Valor
Econômico (08/09/2015) apelidou
“tratoraço”.
Presentes na cidade os ministros da Agricultura dos
países-membros da União Europeia (UE) para discutir a crise no setor, em
francês ou flamenco, roncaram as cuícas belgas. Pedem apoio diante do fim das
cotas de produção de leite na UE e o embargo russo. Justiça, mas pode me chamar
de reserva de mercado.
Vão receber algo como 550 milhões de euros de
ajuda. Acham pouco e querem mais.
Imaginem onde os agricultores belgas já teriam
enfiado seus tratores se tivessem que lidar com a demora do Banco do Brasil em
liberar empréstimos para custeio da nova safra.
Por Rui
Daher
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