É
isso! Apesar do cunha já ter declarado
que vai colocar em votação os vetos da Dilma referentes ao financiamento
privado das eleições, pelo visto não vai dar em nada, sobretudo porque o STF já mandou recado que se isso ocorrer,
por lá não passa, já que decidiu pelo contrário.
É desespero
de um político e toda a “sua bancada” que está na casa e vive à soldo de financiamento
empresarial, a quem servem de fato. É o ultimo estertor antes da morte
definitiva deste velho casuísmo que sempre relativizou a representatividade do
legislativo, e por que não, da própria democracia no país.
A se
confirmar a proibição, seria absurdo tudo se isso se curvar e/ou ser viciado
por um bandido com um monte de processos nas costas e seu séquito de vendidos, teremos
pela primeira vez a possibilidade de um Congresso
Nacional, efetivamente com a cara do povo, representando os seus interesses
e assim fortalecendo a nossa democracia, ou melhor refundando a nossa
democracia até então canhestra.
A bem
da verdade, se o ‘script’ que vem sendo usado ultimamente nas investigações
sobre corrupção e cambalachos de todo tipo, esse cunha deveria estar é na cadeia, ou no mínimo respondendo ao monte
de acusações fora da presidência do Câmara dos Deputados e não articulando golpes,
inclusive legislando em causa própria.
"Por um Congresso com a cara do povo
A retirada dos financiamentos empresariais pode
representar a verdadeira possibilidade de se eleger Congressos com a cara do
povo e não das suas elites.
Nos sistemas políticos representativos, os cargos executivos
representam a maioria da população. Os legislativos deveria representam as
distintas posições em suas devidas proporções, espelhando a diversidade –
social, politica, cultural – da sociedade.
No entanto, não há nada mais oposto à cara da sociedade brasileira do que a composição dos parlamentos, a todos os níveis. É como se os congressos fossem a sociedade invertida: há muito mais parlamentares representando o agronegócio do que as trabalhadores rurais enquanto que, na realidade do campo, são milhões de trabalhadores trabalhando a terra por um lado e um punhado de donos de agronegócio por outro.
Acontece que, entre a realidade concreta e essa representação invertida intervém o poder do dinheiro, produzindo todas essas distorções. Se os grandes temas discutindo pelo Congresso fossem debatidos e definidos pela sociedade realmente existente, frequentemente as resoluções seriam o oposto do que os parlamentares decidem.
O financiamento privado de campanha elegeu, até aqui, não bancadas de partidos, mas de empresas que os financiam, os conhecidos lobbies: do agronegócio, da educação privada, da mídia, da bala, da vaca, dos evangélicos, dos planos privados de saúde, etc., etc. O financiamento é um investimento, que tem como retorno o apoio aos interesses dos que financiaram os parlamentares. É na verdade uma compra do mandato deles pelo dinheiro que os financia. Torna abertamente a vida política parlamentar um negócio.
É o neoliberalismo invadindo a política. A concepção de que tudo tem preço, tudo se vende, tudo se compra, tudo é mercadoria. Então parlamentares e partidos inteiros são reduzidos a mercadorias, compradas, vendidas, reduzindo a isso o que deveria ser a vontade popular.
Dados mostram que os parlamentares que mais foram financiados pelas grandes empresas, são os mais votados. Que um total de menos de 10 grandes empresas sao responsáveis pela eleição da maioria dos parlamentares.
A retirada dos financiamentos empresariais pode representar a verdadeira possibilidade de se eleger Congressos com a cara do povo e não das suas elites. Deve haver um rígido controle – talvez levado a cabo pela OAB – das campanhas, mas a possibilidade de uma disputa menos desigual é real. Menos desigual, porque a mídia seguirá sendo um instrumento de promoção das candidaturas conservadoras, mas as escandalosas campanhas recheadas de grana, com outdoors, cartazes, cabos eleitorais, etc., etc..
Mas será necessário também uma mudança de atitude dos movimentos populares em relação à luta politica. A influência liberal levou à exaltação da “sociedade civil” e ao desprezo pela política, pelos partidos, pelos governos – típica das ONGs. Mas como a via insurrecional atualmente é inviável, porque a correlação de forças levaria a um massacre dos movimentos populares que se aventurassem por essa via, a alternativa para realizas as profundas transformações necessárias para democratizar radicalmente a nossa sociedade passa pela democratização do Estado e da política. Provavelmente até mesmo da refundação do Estado mas, de qualquer maneira, evitar retrocessos e avançar, requer uma maioria popular, de esquerda, no Congresso.
Para isso, é preciso eleger bancadas que representem diretamente o movimento popular, por exemplo, da educação publica, da saúde pública, dos setores do movimento sindical – metalúrgicos, bancários e tantos outros. Traduzir a maioria social em maioria parlamentar. Só quando a esquerda conseguir maioria no Congresso, poderá se desvencilhar de aliados incômodos e poderá realizar seu programa político.
O fim dos financiamentos empresariais é uma grande oportunidade para realizar isso.
Por Emir Sader
No entanto, não há nada mais oposto à cara da sociedade brasileira do que a composição dos parlamentos, a todos os níveis. É como se os congressos fossem a sociedade invertida: há muito mais parlamentares representando o agronegócio do que as trabalhadores rurais enquanto que, na realidade do campo, são milhões de trabalhadores trabalhando a terra por um lado e um punhado de donos de agronegócio por outro.
Acontece que, entre a realidade concreta e essa representação invertida intervém o poder do dinheiro, produzindo todas essas distorções. Se os grandes temas discutindo pelo Congresso fossem debatidos e definidos pela sociedade realmente existente, frequentemente as resoluções seriam o oposto do que os parlamentares decidem.
O financiamento privado de campanha elegeu, até aqui, não bancadas de partidos, mas de empresas que os financiam, os conhecidos lobbies: do agronegócio, da educação privada, da mídia, da bala, da vaca, dos evangélicos, dos planos privados de saúde, etc., etc. O financiamento é um investimento, que tem como retorno o apoio aos interesses dos que financiaram os parlamentares. É na verdade uma compra do mandato deles pelo dinheiro que os financia. Torna abertamente a vida política parlamentar um negócio.
É o neoliberalismo invadindo a política. A concepção de que tudo tem preço, tudo se vende, tudo se compra, tudo é mercadoria. Então parlamentares e partidos inteiros são reduzidos a mercadorias, compradas, vendidas, reduzindo a isso o que deveria ser a vontade popular.
Dados mostram que os parlamentares que mais foram financiados pelas grandes empresas, são os mais votados. Que um total de menos de 10 grandes empresas sao responsáveis pela eleição da maioria dos parlamentares.
A retirada dos financiamentos empresariais pode representar a verdadeira possibilidade de se eleger Congressos com a cara do povo e não das suas elites. Deve haver um rígido controle – talvez levado a cabo pela OAB – das campanhas, mas a possibilidade de uma disputa menos desigual é real. Menos desigual, porque a mídia seguirá sendo um instrumento de promoção das candidaturas conservadoras, mas as escandalosas campanhas recheadas de grana, com outdoors, cartazes, cabos eleitorais, etc., etc..
Mas será necessário também uma mudança de atitude dos movimentos populares em relação à luta politica. A influência liberal levou à exaltação da “sociedade civil” e ao desprezo pela política, pelos partidos, pelos governos – típica das ONGs. Mas como a via insurrecional atualmente é inviável, porque a correlação de forças levaria a um massacre dos movimentos populares que se aventurassem por essa via, a alternativa para realizas as profundas transformações necessárias para democratizar radicalmente a nossa sociedade passa pela democratização do Estado e da política. Provavelmente até mesmo da refundação do Estado mas, de qualquer maneira, evitar retrocessos e avançar, requer uma maioria popular, de esquerda, no Congresso.
Para isso, é preciso eleger bancadas que representem diretamente o movimento popular, por exemplo, da educação publica, da saúde pública, dos setores do movimento sindical – metalúrgicos, bancários e tantos outros. Traduzir a maioria social em maioria parlamentar. Só quando a esquerda conseguir maioria no Congresso, poderá se desvencilhar de aliados incômodos e poderá realizar seu programa político.
O fim dos financiamentos empresariais é uma grande oportunidade para realizar isso.
Por Emir Sader
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