Esta
notícia não é, necessariamente, nova, 2012, embora o fato de os fatos aqui
relatados não terem sido coibido ou punidos como manda a lei, garante a sua
atualidade. A Nestlé é notória em todo o mundo no uso ilegal, criminoso da
água, já tendo sido processada e condenada na Califórnia (EUA), engarrafando
água de torneira, bem como a Coca-Cola, e na China, só para ficar nestes
exemplos.
Mas, pelo
visto, graças ao apoio político tanto na escala estadual como federal, ela
continua pisando na decência, na lei e na saúde de quem acredita em seus produtos,
largamente incensados pela publicidade e mídia.
"Crimes da Nestlé são acobertados por autoridades e imprensa brasileira
As águas turvas da Nestlé: Se a grande imprensa
brasileira, misteriosa e sistematicamente, vem ignorando o caso, o mesmo não
ocorre na Europa, onde o assunto foi publicado em jornais de vários países,
além de duas matérias de meia hora na televisão.
Ao invés de aplicar multas, governo de
Minas Gerais é condescendente com Nestlé
Há alguns anos, a Nestlé vem utilizando
os poços de água mineral de São Lourenço para fabricar a água marca PureLife.
Diversas organizações da cidade vêm combatendo a prática, por muitas razões. As
águas minerais, de propriedades medicinais e baixo custo, eram um eficiente e
barato tratamento médico para diversas doenças, que entrou em desuso, a partir
dos anos 50, pela maciça campanha dos laboratórios farmacêuticos para vender
suas fórmulas químicas através dos médicos. Mas o poder dessas águas permanece.
Médicos da região, por exemplo, curam a anemia das crianças de baixa renda
apenas com água ferruginosa.
Para fabricar a PureLife, a Nestlé, sem
estudos sérios de riscos à saúde, desmineraliza a água e acrescenta sais
minerais de sua patente. A desmineralização de água é proibida pela
Constituição.
Cientistas europeus afirmam que nesse
processo a Nestlé desestabiliza a água e acrescenta sais minerais para fechar a
reação. Em outras palavras, a PureLife é uma água química. A Nestlé está
faturando em cima de um bem comum, a água, além de o estar esgotando, por não
obedecer às normas de restrição de impacto ambiental, expondo a saúde da
população a riscos desconhecidos. O ritmo de bombeamento da Nestlé está acima
do permitido.
Troca de dutos na presença de fiscais é
rotina. O terreno do Parque das Águas de São Lourenço está afundando devido ao
comprometimento dos lençóis subterrâneos. A extração em níveis além do aceito
está comprometendo os poços minerais, cujas águas têm um lento processo de
formação. Dois poços já secaram.
Toda a região do sul de Minas está sendo
afetada, inclusive estâncias minerais de outras localidades.
Durante anos a Nestlé vinha operando, sem
licença estadual. E finalmente obteve essa licença no início de 2004.
Um dos brasileiros atuantes no
movimento de defesa das águas de São Lourenço, Franklin Frederick, após anos de
tentativas frustradas junto ao governo e à imprensa para combater o problema,
conseguiu apoio, na Suíça, para interpelar a empresa criminosa. A Igreja
Reformista, a Igreja Católica, Grupos Socialistas e a ONG verde ATTAC uniram
esforços contra a Nestlé, que já havia tentado a mesma prática na Suíça.
Em janeiro deste ano, graças ao apoio
desses grupos, Franklin conseguiu interpelar pessoalmente, e em público, o
presidente mundial do Grupo Nestlé.
Este, irritado, respondeu que mandaria
fechar imediatamente a fábrica da Nestlé em São Lourenço. No dia seguinte, no
entanto, o governo de Minas (PSDB) baixou portaria regulamentando a
atividade da Nestlé. Ao invés de aplicar multas, deu-lhe uma autorização,
mesmo ferindo a legislação federal. Sem aproveitar o apoio internacional para o
caso, apoiou uma corporação privada de histórico duvidoso.
Se a grande imprensa brasileira,
misteriosa e sistematicamente, vem ignorando o caso, o mesmo não ocorre na
Europa, onde o assunto foi publicado em jornais de vários países, além de duas
matérias de meia hora na televisão. Em uma dessas matérias, o vereador Cássio
Mendes, do PT de São Lourenço, envolvido na batalha contra a criminosa Nestlé,
reclama que sofreu pressões do governo federal (PT), para calar a boca. Teria
sido avisado de que o pessoal da Nestlé apoia o Programa Fome Zero e não está
gostando do barulho em São Lourenço.
Diga-se também que a relação espúria da
Nestlé com o Fome Zero é outro caso sinistro. A empresa, como estratégia de
marketing, incentiva os consumidores a comprar seus produtos, alegando que
reverte lucros para o Fome Zero. E qual é a real participação da Nestlé no
programa? A contratação de agentes e, parece, também fornecendo o treinamento.
Sim, é a mesma famosa Nestlé, que tem
sido há décadas alvo internacional de denúncias de propaganda mentirosa,
enganando mães pobres e educadores, para substituir leite materno por produtos
Nestlé, em um dos maiores crimes contra a humanidade.
A vendedora de leites e papinhas
“substitutos” estaria envolvida com o treinamento dos agentes brasileiros do
Fome Zero, recolhendo informações e gerando lucros e publicidade nas duas
pontas do programa: compradores desejosos de colaborar e famintos carentes de
comida e informação. Mais preocupante: o governo federal anuncia que irá
alterar a legislação, permitindo a desmineralização “parcial” das águas. O que
é isso? Como será regulamentado?
Se a Nestlé vinha bombeando água além
do permitido e a fiscalização nada fez, como irão fiscalizar agora a tal
desmineralização “parcial”? Além do que, “parcial” ou “integral”, a
desmineralização é combatida por cientistas e pesquisadores de todo o mundo. E
por que alterar a legislação em um item que apenas interessa à Nestlé? O que
nós, cidadãos, ganhamos com isso?
É simples. Sabemos que outras empresas,
como a Coca-Cola, estão no mesmo caminho da Nestlé, adquirindo terrenos em
importantes áreas de fontes de água. É para essas empresas que o governo
governa? Uma vergonha!
Publicado em pragmatismopolítico
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