sábado, 17 de maio de 2014

"Só abro a boca quando eu tenho certeza" - Ofélia. As Ofélias nacionais


É a cara de tantos por ai nas internets e mesas de bar da vida... E o mais grave é que se têm em alta conta em sua lustrosa “consciência política”. Ler e se informar que é bom... Dá muito trabalho. O Jornal Nacional é bem mais fácil.

"... Como fez o senhor Ney Matogrosso, que longe de casa e para um entre­vistador atônito da TV portuguesa, que continuava a repetir "Mas o senhor tem certeza? Estou surpreso que ache isso", se pôs a desancar seu país como se fosse um turista vi­vendo acidentalmente em Niterói..." 
Folha
Barbara Gancia
Mick Jagger, salve-nos se puder!
É fabuloso o mal que a ditadura causou. As redes sociais pa­rece que estão deixando o estrago ainda mais evidente.
No regime militar, era fora de questão exercitar o pensamento político, estimular a criação de agremiações comunitárias... O em­burrecimento coletivo foi quase que uma imposição.
Dar consciência, é só assim que a gente vai formar uma sociedade de bem. E não deixando um bando de galinhas ao léu cacarejando, uma multidão de marias vai com as ou­tras. Formar cidadania e politizar são obras que requerem esforço, pes­quisa, leitura, organização e coe­rência.
Um esforço hercúleo que se asse­melha ao que foi empreendido pe­los operários que morreram nas obras dos estádios da Copa e que, agora, por causa de nossa boçalida­de, estão sendo transformados em heróis.
Teve acidente no Itaquerão, Bra­sília, Manaus e Cuiabá. É mesmo um número absurdo. Só em Ita­quera foram duas vítimas.
E, óbvio, a culpa é da Copa, do go­verno, de algum bambambã. A cul­pa tem que ser atribuída a alguém e lá vem o Brasil descendo a ladeira com suas opiniões desmazeladas.
Eu acho, tu achas, ele acha. Mas, pondere: talvez sejamos o país com mais acidentes de trabalho em nú­meros relativos. Há muito operário de obra buscando energia logo de manhã na base da caloria vazia do destilado (pinga é mais barato que prato feito) e, por mais que se tenha urticária quanto ao poder desme­surado das grandes construtoras, a segurança das obras da Copa foi exemplar. Adivinha se não tinha um monte de jornalista de olho?
Ou seja, morre gente em obra a ro­do no país. Com ou sem Copa. Al­guém já viu camarada operando uma britadeira de máscara ou com protetor de ouvido? Não, né? O su­jeito que cuida da limpeza do ar condicionado da sua empresa usa máscara? Acha incômodo, certo? Isso não veio com a Copa nem com a
Dilma, a Incompetente, veio?
O mesmo se aplica a essa generali­zação boba: Copa/PT - PT/Copa. Não foi o atual governo que quis Copa e os Jogos Olímpicos. Todos os governos mais o Carlos Arthur Nuzman querem. Lembro, na gestão FHC, de ter dito, neste nobre espaço, que seria uma temeridade trazer a Olimpíada como se pretendia. E a mulher do então chanceler de FHC, Luiz Felipe Lampreia, mandou uma longa carta ao "Painel do Leitor" acusando-me de falta de patriotis­mo. Está no arquivo do jornal.
Todo governante quer Copa, Olimpíada e GP de F-1. Pergunte à Prefeitura do Rio se ela gostou de perder a receita do GP Brasil.
Quando sai pela culatra, dá um prejuízo enorme. O Pan já tinha dado. Então por que esperamos es­te tempão para reclamar? Ah, é! Deixamos para o último mi­nuto...
Como fez o senhor Ney Matogrosso, que longe de casa e para um entre­vistador atônito da TV portuguesa, que continuava a repetir "Mas o senhor tem certeza? Estou surpreso que ache isso", se pôs a desancar seu país como se fosse um turista vi­vendo acidentalmente em Niterói.
Ocorre que ele não é. É um artista de uma idade que já não permite macaquices, que em vez de se valer de sua estatura -que não é pouca- saiu falando que os pobres estão tendo filhos para se valer dos bene­fícios do Bolsa Família.
Chega a ferir a dignidade humana que alguém ache que hordas de brasileiras topam dar à luz em troca de uns tostões, mas é a ignorância que mais me incomoda. O IBGE comprova essa informação? E o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o Banco Mundial, serão bur­ros por usar o Bolsa Família como modelo? Quero ver o sr. Matogrosso acusar o pastor Feliciano de vender superstição, quando ele mesmo usou desse tipo de crendice sobre o seu país na TV portuguesa

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