O que me inspirou a escrever este artigo
foi a manchete de uma notícia que saiu no Correio do Brasil, em junho
último, com o titulo: Sonegação
no País alcança a marca de R$415 bilhões no ano, que
você pode conferir em link, no final.
Quando se vê o furor com que muita gente se indigna
com a corrupção dos outros, daria para inferir que todos agem corretamente, não
sonegam os seus impostos devidos ou não usam de qualquer tipo de jeitinho para
se dar bem em uma transação ou negocio, por mais simples ou pequeno que seja.
É costume alegar que é coisa pequena, de pouca importância,
mas, o fato é que, o que determina o delito, porque é um delito, não é o seu
volume ou valor da transação, mas, sim a atitude de usar um recurso ilícito
para se dar bem, daí para uma corrupção “das grossas”, destas que causam
revolta e até saem nos jornais, é só uma questão de escala e de oportunidade.
Um dia antes do “Voto de Minerva” do ministro Celso
de Mello, no STF, desempatando a disputa pela concessão ou não do direito de
defesa previsto na Constituição Federal, os tais “Embargos Infringentes”, para
alguns réus no processo da Ação Penal 470, vulgo “mensalão”, eu tomei um taxi
na hora do “rush”, e acabei passando um bom tempo no trânsito, o que acabou
levando a uma conversa com o motorista.
Ele começou falando mal do trânsito, sobretudo dos próprios
motoristas “sem educação”, da falta de punição para os infratores, sobrando também
para a prefeitura que não organizaria a circulação dos veículos de forma adequada.
Conversa vai, conversa vem, acabamos por “cair” na
polêmica do dia. Juro que foi por iniciativa dele, que já vinha indignado com a
sua lista de reclamações e sugestões aos órgãos públicos.
Confesso que tive pouca oportunidade de colocar o que
achava do imbróglio jurídico, e ele continuou no mesmo pique, até levemente inflamado
com a própria oratória, com seus argumentos sobre a corrupção e os corruptos. Detonou
a política, o governo, a justiça, e, lá pelas tantas, quando falei algo sobre a
falta de informação exata sobre o que andava rolando e que nós precisávamos nos
informar sempre para entendermos as coisas, ele, “en passant”, disse que deixou
a faculdade no final, que se cansou, Et Cetera e tal.
Acho que para atestar que era um cara instruído.
Quando alguém “dando uma de esperto” avançou o sinal,
ele interrompeu o que falava para apontar o “delito” do motorista. Desceu o
pau, como se diz.
Mas, encurtando a conversa, ele me contou pouco
depois, que também só para no sinal por causa das tais câmeras nas sinaleiras, que
já tinha tido a carteira suspensa por um mês, mas que dirigiu normalmente – sem
a carteira, é claro – mas que agora tomava cuidado para não avançar onde sabia que
tinha câmeras.
Então. Esta atitude do “taxeiro” é bastante comum. Não
só de “taxeiros”, é claro! Nós estamos “carecas” de ver e saber. A lei só passa
a valer, ou a sua observância, quando existem chances concretas de “ser pego”,
no mais, sempre se dá um jeitinho.
E tome-lhe falar do rabo do outro, sendo que se está
sentado no próprio rabo, como bem ilustra o ditado popular.
Este caso do julgamento do “mensalão” é emblemático.
Muita gente não iria se sentir à vontade para “atirar a primeira pedra” se o desafio
fosse mesmo pra valer. Não é verdade?
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