segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Brasil, país de extremistas. Um exemplo de nossas contradições. É hilário!

Este artigo é ótimo. Vale à pena gastar um pouco do seu precioso tempo para conferir. Com isso você vai ter uma ideia de como funciona – um pouco – a cabeça das pessoas, ia dizer do brasileiro, mas, acho que é um clichê tão batido que prefiro não usar. É como se nós “os brasileiros” fossemos essencialmente diferentes de todos os outros povos, tanto para o bem como para ao mal, mas, enfim, dê uma lida, é até engraçado, se não fosse trágico.

A opinião pública brasileira se forma optando por extremos que não trazem soluções para o desenvolvimento.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) exulta: temos 61% dos biomas naturais preservados; o aumento da produtividade fez “pouparmos” mais de 70 milhões de hectares que serviriam ao plantio; em nenhum país áreas tão extensas são destinadas aos povos indígenas; há muitos anos a agropecuária garante balança comercial, alimentação barata e, agora, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

Impossível deixar de lembrar o céu azul anil, palmeiras, sabiás e, claro, Galvão Bueno.

Organizações ambientalistas retrucam em uníssono: a produção agropecuária foi responsável pela destruição de grandes porções do Cerrado, da Floresta Amazônica e da quase totalidade da Mata Atlântica; desaloja índios de terras constitucionalmente concedidas; simula situações de trabalho escravo no campo; envenena com agroquímicos a pureza de leites maternos; gera monstros transgênicos de resultados imprevisíveis.

Impossível deixar de lembrar os cenários de devastação do filme Mad Max.

O Brasil faz rolar discussões importantes pelos extremos. Comparando ao futebol, parece um time com goleiro, um jogador no meio de campo e nove pontas.

O goleiro para defender nosso corporativismo endêmico. Assim são jornalistas, médicos, reitores de universidades, motoristas de caminhões. O volante-armador distribui o jogo, entre nós, os caras livres e o Estado, culpado por tudo.

O governo, desesperançado, responde: “tenho culpa eu”? Certo de um dia ser agraciado.

Para nós, políticos e funcionários públicos ignoram nosso polpudo arcabouço de leis para impedir e punir os culpados, salvando a nossa inocência diante de tantas mazelas.

É a impunidade, insistimos, como a Conceição de Cauby Peixoto, pois ninguém sabe ninguém viu tudo o que foi escrito e por nós aprovado sendo desrespeitado por nós mesmos.

Nas brasas de minhas sardinhas, percebo claros os extremos quando vejo o que se pensa do que escrevo.

Reclama-se do modelo agrícola. Acha-se absurdo perto de 85% da área que utilizamos para a produção estar concentrada em apenas sete culturas (soja, milho, cana-de-açúcar, café, laranja feijão, arroz). Somente nós?

Por acaso, isso não é o que vocês e o planeta elegeram consumir? Plantássemos 50 milhões de hectares com agave, o que faríamos com ele?

Mais: bater nisso para demonstrar fraqueza é imensa bobagem. Produzimos com expressão ajustada à demanda mais de 60 culturas agrícolas em milhares de municípios. Tanto quanto a qualidade e produtividade das colheitas, nossa agricultura vale pela importante diversidade.

Se não acreditam, consultem um extraordinário levantamento realizado e publicado anualmente pelo IBGE, Produção Agrícola Municipal. Tá no sítio do instituto. Você ficará sabendo o que e quanto se planta em Calçoene, no Amapá, ou como anda a laranja em Arauá, Sergipe. Qual a área, quanto e o que foi produzido, qual o valor dessa produção.

Algo que as preguiçosas folhas e telas cotidianas nem sonham informar-lhes. É assim que acaba se formando a opinião pública brasileira. Optando por extremos que não trazem soluções para o desenvolvimento.

Seguimos o caminho como Deus fez a mandioca. De qualquer jeito.

Digo isso depois de, nesta semana, presenciar uma reunião sobre os destinos do País em Vargem Grande do Sul (SP), num pequeno café e tabacaria da cidade.

Afiei meus ouvidos, embora não necessário. Os brados eram retumbantes. Propunha-se a volta a um passado sadio: seguidas viagens de helicóptero que fossem despejando nossos corruptos em alto mar.

Todos concordavam com a delicada proposta, ao mesmo tempo em que reclamavam da carga tributária, da inflação, dos transportes, dos outros, enfim.

Até que um dos “ministros” não se fez de rogado e perguntou ao colega mais próximo:

- Você tem inscrição de produtor rural?

- Tenho.

- Sabe o que é? Uma concessionária me propôs vender um SUV (veículo utilitário esportivo, na sigla em inglês) nas condições favorecidas dadas às máquinas agrícolas. Mas precisa ser produtor rural.

- Tem problema, não. Passo o número por e-mail.

Haja helicópteros! 

(por Rui Daher, na Carta Capital).

 Qualquer semelhança com alguém que fundou uma empresa só para não pagar imposto em uma compra de apartamento... É, deve ser só uma coincidência.

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