Rio de
Janeiro – O futuro presidente da Venezuela terá que ser escolhido por uma nova
eleição, que ocorrerá nos próximos 30 dias. Apesar disso, o cientista político
especialista em América Latina Emir Sader, da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (Uerj), não vê qualquer risco de “insegurança, incerteza ou caos” no
país vizinho.
Sader
aposta na eleição de Nicolás Maduro, o vice-presidente que assumiu
interinamente o comando do país com a incapacitação e a consequente
morte de Hugo Chávez. De acordo com o cientista político, o chavismo já havia
demonstrado força nas eleições presidenciais, que reelegeram Chávez, e
estaduais, que garantiram o comando de 20 dos 23 estados venezuelanos a aliados
do ex-presidente. Ambas ocorreram no ano passado.
O clima
de comoção nacional após a morte de Chávez deve contribuir ainda mais para uma
vitória de Maduro. “Claro que vai faltar o líder, o carisma e a capacidade de
liderança popular. Mas ele [Maduro] será eleito e governará por seis anos.
Portanto, haverá a maior continuidade possível”, disse Sader, ressaltando que
não vê possibilidade de racha no comando do chavismo. “Nada indica [que haverá
um racha no chavismo]. A decisão do Chávez foi muito clara sobre a
continuidade.”
De acordo
com Sader, o grande legado de Chávez foi ter reduzido a miséria no país. “A
Venezuela era um caso escandaloso. Um país petroleiro, que tinha níveis de
miséria brutais. Chávez conseguiu dar uma volta nisso e mudou a fisionomia
social do país. Segundo, ele privilegiou a integração regional [da América
Latina] e não com os Estados Unidos. Terceiro, ele recuperou a PDVSA [Petróleos
de Venezuela], que era um empresa estatal, mas na prática, privatizada, para
utilizá-la para políticas sociais e processos de solidariedade latino-americana”,
disse.
No
entanto, o cientista político diz que o presidente, que ficou quase 14 anos no
poder, não conseguiu lidar com a violência. “É um problema da América Latina e
que na Venezuela também é agudo. A questão da violência urbana fica pendente ainda
para ser resolvido.” (Da Agência
Brasil)
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