Este artigo da Coluna Econômica,
do Agência Dinheiro Vivo, de Luis Nassif, foi publicado em
31/01/2012, por ocasião de uma entrevista do FHC, que tentava
encerrar ou parar de contribuir, com as aventuras eleitoreiras do seu
pupilo José Serra. Em que pese a data, se ainda não leu, vale à
pena. Vai ajudar a entender um pouco mais a personalidade do Serra e
do que o Brasil e o povo brasileiro se livrou quando não o elegeu à
presidência no lugar do Lula e Dilma. Mesmo que você seja um
serrista de carteirinha, deve ler isto, pois, a fonte é uma figura
insuspeita para falar sobre o Serra, o seu mentor e maior
patrocinador.
Dias antes da entrevista que concedeu
ao The Economist – na qual dizia que Aécio Neves deveria ser o
próximo candidato do PSDB à presidência e responsabilizava José
Serra pela derrota de 2010 – o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso teve uma conversa com diplomatas.
Segundo o Correio Braziliense, nessa
conversa ele disse que sua “cota de Serra já deu”. Dias depois
da entrevista, segundo Jorge Bastos Moreno, de O Globo, Serra teria
dito que “Fernando Henrique está gagá”.
***
Chega ao fim o maior erro político
de FHC.
A relação entre ambos foi
alimentada por dona Ruth Cardoso que, em dezembro de 1994 convenceu o
marido a nomear Serra Ministro do Planejamento. FHC já conhecia
suficientemente o parceiro para identificar suas fraquezas. Mas cedeu
ao apelo da esposa.
Serra sempre foi um ministro desleal.
Para fora passava a ideia de que era um resistente contra os erros do
câmbio, os excesso da privatização. Jamais dava uma declaração
pública. Na medida em que o quadro foi se completando, com relatos
de dentro do governo, emergia de Serra o perfil de um sujeito
pusilânime, que se inibia intelectualmente ante o maior preparo dos
economistas do Real e que estava mais empenhado em fazer acordos
sigilosos com protagonistas da privatização do que em gerir a
pasta.
***
Esse jogo de dubiedades sempre
permeou a vida política e pessoal de Serra. No domingo foi colocado
no Youtube um vídeo bastante significativo
(http://youtu.be/BkVzB9Nbrcs).
Nele, Serra diz que pode ser acusado de muitas coisas, “menos de
ser desonesto e de ser privatizante”. Em seguida, uma entrevista de
FHC dizendo que Serra foi o que mais lutou pela privatização dentro
do seu governo, tendo papel decisivo na Vale e na Light.
O livro de Amaury Ribeiro Jr –
revelando os ganhos pessoais de Serra com a privatização, fecham o
ciclo.
***
Aliás, foi o livro o principal fator
a dar a FHC energia para romper emocionalmente com Serra. O que
segurava era a lembrança de dona Ruth e a impressão de que, apesar
de cabeçudo, Serra tinha uma vida limpa.
Foi por isso que, depois de ter
apoiado a indicação de Serra como candidato do PSDB em 2002, FHC
teve paciência para suportar os ataques (por trás) que lhe foram
desferidos. Serra dizia a quem quisesse ouvir que FHC o boicotara nas
eleições porque sabia que ele, Serra, faria um governo melhor que o
dele.
Pura jactância.
Em São Paulo, Serra provavelmente
entrará para a história como o mais inoperante governo que o estado
já teve. Não se envolveu com a gestão, não comandava uma reunião
conjunta sequer do seu secretariado, fugiu nos momentos decisivos
(greve da Policia Civil, crise de 2008, enchentes na cidade).
O coroamento de sua carreira veio com
a campanha de 2010 e, agora, com as revelações de que enriqueceu
usando os diversos cargos públicos.
***
Serra acabou; FHC permanecerá como
uma referência para o partido. Mas o PSDB vive seu pior momento, sem
quadros de expressão nacional, sem ideias claras sobre o que
pretende ser, sem renovação.
Depois do tormento Serra, parece que
nem grama nasce mais nos campos do partido. (Agênia Dinheiro Vivo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá!
Bem vindo, a sua opinião é muito importante.