É
uma entrevista feita com a historiadora Leila Mezan Algranti, da
Universidade Estadual de Campinas, falando sobre o sistema escravista
e suas peculiaridades o que explica a grande complexidade desse
sistema colonial, como o fato de diferenças significativas entre as
relações senhor/escravo no campo e nas cidades.
Quitandeiras da Lapa, de Henry Chamberlain - 1819/1820 |
Em
entrevista a Fred Furtado, Algranti conta que o aspecto mais
enfatizado pelos historiadores em relação à diferença da vida dos
escravos do campo e da cidade é a maior liberdade de movimento dos
negros dos centros urbanos. Eles passavam grande parte do dia longe
da fiscalização dos senhores e dos feitores.
Isso
acontecia porque circulavam pela cidade realizando diversas
atividades, muitas das quais remuneradas. Esse sistema era chamado de
trabalho ao ganho, no qual o senhor estabelecia um valor que deveria
lhe ser entregue ao fim do dia ou da semana pelo escravo e este o
obtinha realizando serviços para outros.
Segundo
Algranti, o trabalho ao ganho era uma forma de o senhor ter uma
renda, mas ele não tinha como controlar o total de dinheiro que o
escravo conseguia com seu trabalho. Isso permitia que o escravo
guardasse parte do ganho para si e pudesse comprar bens ou até sua
própria liberdade.
A
historiadora fala ainda da dificuldade de acúmulo de capital pelos
escravos por meio desse sistema, da ausência de um padrão nas
relações estabelecidas entre senhores e escravos e de outros
sistemas similares ao trabalho ao ganho.
Você pode conferir
a entrevista, na íntegra, em PDF: Entre
o cativeiro e a liberdade ou
ouvir o Podcast
na página do Ciência
Hoje.
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