Com a instalação da "Comissão da Verdade" no último dia 16 de maio, pela
presidenta Dilma, para passar à limpo uma fase recente da nossa
história, apurando as violações aos direitos humanos no Brasil, no
periodo de 1946 e 1988, incluindo a ditadura militar (1964-1985), mais
conhecida como "Os anos de chumbo", conhecer um pouco da historia de Dom
Paulo Evaristo Arns um dos maiores protagonistas da resistência, é
fundamental.
Arns abrindo caminho para o corpo do operário Santo Dias da Silva, morto pela polícia em 1979, e que a ditadura queria esconder (foto: Eduardo Simões) |
De esperança em esperança, Paulo Evaristo Arns completa 90 anos com a mesma certeza que tinha aos 20: a solidariedade e a busca da justiça e da paz como razão de viver. Os arredores da morada de dom Paulo emanam serenidade. A mesma com que enfrentou tiranos de plantão no poder e lutou pelas causas dos desfavorecidos. Desde 2007, o franciscano vive numa pequena congregação na região metropolitana de São Paulo. Irmã Devanir de Jesus, amiga de convivência diária, conta que o cardeal optou por descansar com a sensação de dever cumprido. “É uma pessoa iluminada. De fácil cuidado e muito gentil. Eu cresço a cada momento que convivo com ele.” (...)
Quando assumiu a Arquidiocese de São Paulo, em 1970, o franciscano de cara deu recados. Vendeu o Palácio Pio XII, residência oficial do arcebispo, para financiar terrenos e construir casas na periferia. Fortaleceu as Comunidades Eclesiais de Base, que até hoje disseminam pelos bairros as discussões sobre política, cidadania e, claro, religião. E incentivou as pastorais. “O papa Paulo VI disse a dom Paulo que tivesse uma bela equipe de bispos auxiliares que deveriam estar perto do povo”, conta um desses bispos, dom Angélico Sândalo Bernardino, chamado em 1974. Eram quatro bispos auxiliares, um para cada região da cidade. Dom Angélico recebeu a incumbência de cuidar da Pastoral Operária, criada quatro anos antes. E se tornaria mais tarde o “bispo dos operários”.
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