sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O analfabeto político - Bertold Brecht

Política e político não é necessariamente, a mesma coisa

O pior analfabeto

É o analfabeto político,

Ele não ouve, não fala,

...Nem participa dos acontecimentos políticos.

Ele não sabe o custo da vida,

O preço do feijão, do peixe, da farinha,

Do aluguel, do sapato e do remédio

Dependem das decisões políticas.



O analfabeto político

É tão burro que se orgulha

E estufa o peito dizendo

Que odeia a política.


Não sabe o imbecil que,

da sua ignorância política

Nasce a prostituta, o menor abandonado,

E o pior de todos os bandidos,

Que é o político vigarista,

Pilantra, corrupto e lacaio

Das empresas nacionais e multinacionais.


QUEM FAZ A HISTÓRIA


Quem construiu a Tebas das sete portas?

Nos livros constam os nomes dos reis.

Os reis arrastaram os blocos de pedra?

E a Babilônia tantas vezes destruída

Quem ergueu outras tantas?

Em que casas da Lima radiante de ouro

Moravam os construtores?

Para onde foram os pedreiros 

Na noite em que ficou pronta a Muralha da China?

A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.

Quem os levantou?

Sobre quem triunfaram os Césares?

A decantada Bizâncio só tinha palácios

Para seus habitantes?

Mesmo na legendária Atlântida,

Na noite em que o mar a engoliu,

Os que se afogavam gritaram por seus escravos.

O jovem Alexandre consquistou a Índia.

Ele sozinho?

César bateu os gauleses,

Não tinha pelo menos um cozinheiro consigo?

Felipe de Espanha chorou quando sua armada naufragou.

Ninguém mais chorou?

Fredrico II venceu a Guerra dos Sete Anos.

Quem venceu além dele?

Uma vitória a cada página.

Quem cozinhava os banquetes da vitória?

Um grande homem a cada dez anos.

Quem pagava as despesas?

Tantos relatos.

Tantas perguntas.

Nada é impossível de mudar

Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.

E examinai, sobretudo, o que parece habitual. 

Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em 

tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de 

humanidade desumanizada, nada deve parecer natural, nada deve parecer impossível de

 mudar.

Aquele que não conhece a verdade é simplesmente um ignorante, mas aquele que a conhece

 e diz que é mentira, este é um criminoso.

Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar.

É da empresa privada o seu passo em frente,

seu pão e seu salário.

E agora não contente querem privatizar o conhecimento, a sabedoria, o pensamento, que só

à humanidade pertence.

Melhor que roubar um banco, é fundar um.

*

Bertolt Brecht (1898-1956) - foi dramaturgo, poeta e encenador alemão no século XX 

Se gostou deste post, assine o nosso feed RSS Feed ou siga no Twitter, para acompanhar as nossas atualizações

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá!

Bem vindo, a sua opinião é muito importante.