E a pergunta que todo
mundo quer fazer foi feita pela correspondente de O Globo,
Deborah Berlink:
Por que Lula e não
Fernando Henrique Cardoso, seu antecessor, para receber uma homenagem
da instituição?
O presidente da
instituição, Richard Descoings, com a necessária diplomacia, dá a
resposta:
“O antigo
presidente merecia e, como universitário, era considerado um grande
acadêmico. Sciences-po é uma universidade de elite, porque nós
formamos uma parte da classe politica e das grandes empresas
francesas. O presidente Lula fez uma carreira política de alto
nível, que mudou muito o país e, radicalmente, mudou a imagem do
Brasil no mundo. O Brasil se tornou uma potência emergente sob Lula,
e ele não tem estudo superior. Isso nos pareceu totalmente em linha
com a nossa política atual no Sciences-po, a de que o mérito
pessoal não deve vir somente de um diploma universitário. Na
França, temos uma sociedade de castas. E o que distingue a casta é
o diploma. O presidente Lula demonstrou que é possível ser um bom
presidente, sem passar pela universidade. Ele foi eleito por
unanimidade pelo nosso conselho de administração. A França, como
toda a Europa, passa por um momento difícil.(…)
O professor Descoings
talvez não saiba, mas somos ainda mais uma sociedade de castas. E
foi preciso que se rompesse essa tradição de castas para que o
Brasil mudasse. Mesmo aqueles que vieram da esquerda, como Fernando
Henrique, ao serem aceitos nos salões, passaram a portar-se e a
pensarem como essa subnobreza colonial que não pensa o Brasil como
um país.
A entrega do título foi transmitida ao vivo no site da Sciences Po às 12h30 daqui. Foi um momento de afirmação, muito mais que de Lula,
do Brasil. Porque, quando não somos um país de castas, somos um
país imenso. (Tijolaço)
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