quarta-feira, 23 de março de 2011

Os Estados Unidos querem invadir as redes sociais

Sistema controlado pelo exército criará falsos perfis para disseminar propaganda pró-Washington e tentar sufocar opiniões contrárias. Analistas comparam iniciativa à censura chinesa – e duvidam que seja bem-sucedida

A história poderia ter brotado de uma ficção sobre guerras cibernéticas, mas está a ponto de se tornar real. O Comando Central do Exército dos Estados Unidos (CentCom) prepara uma grande operação para manipular as redes sociais. Centenas de militares poderão ser mobilizados para intervir em ambientes como o Twitter e o Facebook, sempre que houver críticas ao papel de Washington no mundo.

Porém, omitirão suas identidades. Contarão com um software que multiplicará falsos perfis de usuários destas redes, e os transformará em “fantoches” eletrônicos – para usar uma expressão do londrino The Guardian, que apurou os fatos e os expôs na edição de quinta-feira (17/3). A operação fere as leis dos EUA. Será realizada graças a uma brecha legal, que não impede o exército de praticar manipulação contra internautas de outros países. Aparentemente, irá se desenvolver, num primeiro momento, no Oriente Médio. Nada impede, contudo, que seja voltada contra outros alvos.

Como boa parte dos ataques do Estado norte-americano aos direitos civis, a operação usa como pretexto a “guerra ao terror”. Tem nome orwelliano: Operation Earnest Voice (OEV), algo como Operação Voz Sincera. Sua existência foi revelada pela primeira vez em público no ano passado, num depoimento do general David Paetreus, então chefe do CentCom, ao comitê de Assuntos Militares do Senado norte-americano. Para defendê-la, ele afirmou que se tratava de um esforço para “conter a ideologia e propaganda extremistas”.

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