domingo, 31 de maio de 2020

Porque toda mulher é loira? Pode ser um pouco mais do que modismos

É interessante que “toda” mulher seja loira. É sei, pode ser moda, mas toda moda muda, se recicla, mas esta é permanente.

Estive pensando que talvez reflita mais do que uma opção estética e traga enrustida, embora não de todo consciente, algum sentimento de negação racial ou coisa do gênero*.

Ou seja, uma tentativa de provar para si mesmo e para os outros a sua distância com um passado que teria um pé na África e/ou na floresta.

Ultimamente vem ficando mais evidente, mais claro, uma negação da própria nacionalidade, também porque esta traria inevitavelmente uma associação com aquilo a que nos referimos no parágrafo anterior.

As filas nos consulados e embaixadas na busca por uma dupla cidadania é longa. E tem gente que já conseguiu, e que já se refere a ela como se fosse seu país de origem.

Aquilo que o voto de tantos acabou por nos trazer..., um Brasil assim, agora, tende a acentuar este sentimento de vergonha, de não aceitação de si mesmo, de sua própria origem, de nacionalidade.

Temos o episódio do vice-presidente da República, um general, o Mourão, que fez declarações radicais altamente depreciativas sobre negros e índios [não deve usar espelhos com frequência], e que diante das reações acabou por se retratar e ter que admitir ter um pé na África e outro na floresta.

Entretanto, continua como é, pois em um desembarque se referiu ao neto como tipo escandinavo, sem que nenhuma pergunta lhe tivesse sido feita.

Temos, também, o caso, da ditadora, golpista da Bolívia, que do nada se saiu com essa tirada. A imagem que ilustra acima.

Como vê, o processo de alienação daquilo que fomos vítimas aqui [continuamos via meios de comunicação televisivos], no “sul” deixou-nos este legado.

A negação do negro por aqui só não é pior do que no país modelo, os EUA, mas se aprendeu, e se aprende bem as lições vindas via TVs no cotidiano.

A saída é refletir e crescer em consciência, e como se diz popularmente, “dar um trato na mulera”, para superar tudo isso e se assumir como tal.

   *O homem não faz a mesma coisa porque, ainda, deve pegar mal.

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