É a matéria com a qual ‘trabalha’ a mídia oficiosa, golpista, local. A desinformação, e porque não? A ignorância.
Ignorância esta que não escolhe condição econômica, social ou de escolaridade – já que a dita cuja, escolaridade, não pressupõe conhecimento em seu sentido amplo ou informação, que não esteja incluída em seu currículo básico/profissional.
Logo, a informação é uma questão de interesse,
de busca pessoal.
Pregações como àquelas que encheram as ruas e levou à quebra das instituições
democráticas com a destituição da Presidente da Republica eleita, é um claro
exemplo do poder que a dupla desinformação/mídia têm junto aos corações e mentes
desavisados.
"Uma visão holística do socialismo. Ou: zen socialismo
Muitos leitores,
sobretudo os jovens, me perguntam o que é o socialismo que defendo. Quando “o
comunismo chegar”, como é que vai ser? Os ricos vão ser mortos? O Brasil vai
virar uma Cuba ou uma Coreia do Norte? Meu Iphone será confiscado? Enfim, todo
tipo de pergunta. Não sou nenhuma teórica, mas vou falar [...] aqui como eu
vejo o socialismo à luz do século 21.
Em primeiro lugar, não
acredito em revolução, mas em revoluções. Acho que a ideia de que a classe
trabalhadora irá se levantar e tomar o poder foi superada, pelo menos em um
futuro próximo — não posso falar do que pode acontecer daqui a 300 anos.
No entanto, acredito ser possível revolucionar, sob inspiração socialista,
vários setores da sociedade: a educação e a saúde, por exemplo. Os socialistas
defendem que a educação e a saúde sejam universais. Isso significa que devem
ser públicas e gratuitas. Capitalistas acham que não.
Socialistas também
defendem que todos tenham acesso à terra para plantar. Por que seria necessário
matar alguém para isso, se pode ser feita uma reforma agrária de maneira
perfeitamente legal, pelo Congresso, tirando o excesso de terras em mãos de
latifundiários e redistribuindo para quem precisa? O mundo mudou e os
socialistas mudaram com ele — quem continua a matar gente é o capitalismo.
Outra revolução possível no campo seria garantir que a nossa comida não seja
alvo de experimentos científicos motivados pela vontade de produzir mais para
ganhar mais dinheiro, sem nenhuma preocupação com o bem-estar do ser humano.
Capitalistas não estão nem aí para isso. Socialistas, sim.
No socialismo moderno,
não enxergo a necessidade de se “eliminar” os ricos ou de “reeducá-los”, como
se defendia nos primórdios. O que tem que ser feito com os ricos é fazê-los
pagar os impostos que nos devem, proporcionalmente à fortuna que acumularam.
Não é possível que gente bilionária pague os mesmos impostos que todo mundo. É
claro que esse tipo de distorção precisa ser corrigida. Os ricos do Brasil
pagam menos imposto até mesmo que os ricos de outros países. Quem você acha que
está interessado em acabar com essa injustiça? Os capitalistas é que não.
Um lado hilário do
capitalismo é que eles pregam a menor intervenção possível do Estado na
economia, mas é só o sistema entrar em crise que os bancos recorrem ao Estado.
Ou seja, o Estado só pode socorrer o capital financeiro, justamente quem
precisa de menos ajuda, enquanto os pobres ficam à míngua… No socialismo em que
acredito, o Estado continuaria a ter um papel forte e as riquezas do País
continuariam a ser públicas. Para que privatizar empresas públicas que estão
indo bem? Agora, é possível ser empresário e socialista? Por que não? Tudo
depende da forma como você vê seu negócio, como trata seus empregados, o meio
ambiente, e se seu único norte é acumular capital. Mais-valia obviamente
continua sendo coisa de capitalista.
Não acho que o
socialismo um dia vencerá e o capitalismo acabará. Infelizmente. Acredito mais
numa convivência (não exatamente pacífica) entre capitalismo e socialismo. Uma
hora um estará em cima e o outro embaixo, como o Yin e o Yang do taoísmo. O
socialismo surgiu no século 19 como oposição ao massacre que o capitalismo
impingia aos trabalhadores, principalmente mulheres e crianças. O que seria do
mundo se o socialismo não tivesse aparecido? As pessoas estariam trabalhando de
14 a 16 horas por dia e morrendo antes de chegar aos 40 anos, de exaustão e
doenças. A fome, a desigualdade e a miséria seriam muito maiores, porque os
capitalistas são incapazes de enxergar falhas em seu sistema brutal. As
modificações que vieram são resultado da luta dos socialistas. Se houvesse bons
capitalistas, deveriam se sentir até gratos.
Assim como a noite
chega após o dia e o dia chega após a noite, essa queda-de-braço nunca terá
fim. Para desespero do capitalismo, ainda que não esteja em posição de mando, o
socialismo sempre existirá como objeção às vilezas inerentes ao sistema que
defendem. Ação e reação. Quem mais apontaria os defeitos do capitalismo senão o
socialismo? Ocasionalmente, políticos socialistas ganharão o poder pelo voto em
diversas partes do planeta — e cada vez que não se saírem bem no governo,
serão derrotados pelo capitalismo. O que não é exatamente negativo: é bom para
o socialismo quando ele se submete à autocrítica, coisa que o capitalismo
desconhece.
Ser socialista, para
mim, não significa necessariamente estar ligado a um partido político que
se diz socialista. Nem mesmo alcançar o poder, mas atuar como uma consciência
coletiva ainda que fora dele, um contrapeso na busca por mais equilíbrio no
mundo. Não é, portanto, um regime de governo, mas uma forma de ver o mundo
oposta à sociedade de consumo que tanto os capitalistas endeusam. Oposta à
exploração do homem pelo homem para obter lucro. Nenhum muro derrubado é capaz
de modificar o fato de que existem injustiças no capitalismo. E, enquanto elas
existirem, haverá uma força inversa defendendo que outro mundo é possível, sem
se curvar e aceitar as crueldades do sistema como gado. Não somos gado.
Rebelar-se contra as injustiças faz parte da natureza humana.
Não acredito em
socialismo sem liberdade. Acho que socialismo e liberdade são sinônimos e a
principal razão pela qual as experiências de socialismo real fracassaram foi a
confusão que fizeram entre socialismo e falta de democracia — os homens,
não a ideia em si. Um governo socialista teria, ao contrário, o máximo de
participação popular, democracia direta. Acho que a “ditadura do proletariado”
(na acepção que o termo ganhou popularmente, porque na teoria não há nada sobre
cerceamento de liberdades, pelo contrário) é um conceito que está claramente
datado, porque o mundo mostrou não gostar de ditaduras.
Por outro lado, adoro a
revolta do proletariado. Acredito nela como força motora de mudanças na
sociedade e como conscientizadora do lugar que ocupamos no mundo. De onde você
vem? Você quer estar do lado de quem o oprimiu ou dos que foram oprimidos junto
com você? A luta de classes, que fazem muitos torcerem o nariz como se fosse a
causa da violência, é, na verdade, o que nos impulsiona para evoluir, ascender.
A raiva que sinto por tão poucos terem tanto e tantos não terem nada é o que me
faz sentir vontade de progredir e desejar que outros progridam. Nisso os
capitalistas estão certos: a competição é algo natural. Deveriam entender que a
luta de classes também é competição.
Meu socialismo é,
digamos, zen. Vou colocando meu grãozinho de areia contra o capitalismo e assim
vamos crescendo e ganhando batalhas. Não precisa ser de uma vez como se pensou
antes, pode ser aos pouquinhos. Quando disserem a você que o socialismo acabou,
tenha a certeza de que fazem isso apenas para atirá-lo no conformismo. Porque
sabem que socialistas não se conformam, não perdem a capacidade se indignar e
não abandonam nunca a boa luta.
Por Cynara
Menezes
No Socialista Morena
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