Imbecilidade pouca é, mesmo, bobagem. Os profissionais que trabalham coisas deste
gênero sabem a qual público visam e, como sabemos de velho, é um público graúdo
e que permeia todos os setores da sociedade, já que os aficionados pela fonte
de informação – JNs da vida – permeia todos os extratos econômicos/sociais do
país.
Daí a excrescência que
seria o tal “pobre de direita”, o
que inclui muitos ex-pobres, vulgo classe
média, que já se sentem alçados a categoria de elite... Sabe-se lá de que. E, é lógico, deixar-se identificar com
coisas tipo Lula e PT – e no caso dona Marisa – é decididamente coisa de pobre.
Existe uma gama de
profissionais que vive disso, trabalhando nos “bastidores’ da notícia, dos
jornais, das TVs, e ganhado muito dinheiro às nossas custas.
O pior é que acaba por
sobrar pra todo mundo, já que o peso específico desta ‘turma alvo’ inclusive no
voto é considerável. Vide a eleição
de ‘um coiso’ como o Dória em São Paulo, rejeitando um prefeito – Haddad – que
foi considerado por organizações internacionais como o melhor prefeito do mundo
no período – colocar link – mas, como falamos estes profissionais sabem muito
bem com quem estão ‘mexendo’.
E o pior, pelo menos
pra nós, e que não vemos nenhuma luz no final do túnel... Da imbecilidade
galopante que assola o país.
“Como mentiras sobre a morte de Marisa buscam evitar empatia com Lula
''O objetivo, neste momento, é não deixar gerar
compaixão com Lula.''
A avaliação veio de um profissional que trabalha
com construção e desconstrução de reputação via redes sociais. Em condição
de anonimato, ele me explicou que é esse o objetivo de boatos que estão circulando
na rede por conta da morte de Marisa Letícia, esposa do ex-presidente.
Um dos boatos afirma que o velório
seria realizado de caixão fechado porque tudo isso era uma
encenação para forjar sua morte e possibilitar a fuga para
o exterior a fim de escapar de ser julgada e presa como consequência da
Operação Lava Jato. Outras mensagens exigiam que as Forças Armadas obrigassem a
realização de teste de DNA no corpo.
Não importa a foto abaixo. Não importa que
políticos ligados a Lula ou adversários políticos fizeram visitas no
hospital antes de ser declarado o óbito. Não importa que o Sírio-Libanês seja
uma instituição com uma reputação a zelar (chegando a demitir uma de suas
médicas por vazar informações confidenciais sobre a entrada de Marisa no
hospital) e não toparia essa encenação. Não importa a multidão que compareceu
ao velório realizado em caixão aberto em São Bernardo do Campo. Não importa os
jornalistas que estavam lá para cobrir e noticiar e a profusão de fotos e de
vídeos circulando.
Se a loucura faz sentido para um grupo de
pessoas que odeia os dois, emoções é que passam a construir a realidade e fatos
tornam-se irrelevantes. É a velha burrice fundamental consagrada sob
o nome pomposo da pós-verdade.
Outra mensagem, violenta, que está circulando diz
que tudo é uma ''falácia para comover a população'' porque ela não
poderia doar órgãos uma vez que teria atingido a idade limite de 70 anos.
Contudo, não existe limite de idade para doação (com exceção da córnea, outros
órgãos contam com idades-limite de referência, mas o que determina se um
órgão é viável para transplante não é a idade, mas o estado de saúde do
doador) e ela tinha 66. Obtive a confirmação de que rins, córneas e
fígado haviam sido retirados para doação.
Claro que a morte de Marisa Letícia gera comoção
junto a uma parcela da população que respeita Lula. E a situação tende
a criar empatia devido o sofrimento de Lula, que é real, e pode
criar, inclusive, desconforto a protagonistas da Lava Jato – uma vez
que o próprio ex-presidente afirmou que sua esposa morreu triste por
ter sido acusada de algo que não cometeu.
Ao longo dos últimos anos, entrevistei
profissionais contratados por políticos para construir ou desconstruir
candidaturas através de ação coordenada em redes sociais.
E, ao contrário do que acredita o senso comum, não são robôs usados para xingar
tresloucadamente que causam os maiores impactos, mas ''fazendas'' de perfis
falsos que parecem reais e são administradas por anos, agindo de acordo com
pesquisas comportamentais.
Daí, a avaliação do profissional com quem falei.
Essas mensagens, nascidas de malucos que atuam como atiradores solitários ou
produzidas por grupos especializados, estariam sendo bombadas artificialmente
para impedir a formação dessa empatia.
E, com isso, evitar que o longo trabalho de
desumanização feito contra Lula e o PT – que, independentemente de seus
defeitos ou crimes, é maior do que o tamanho do ódio gerado contra eles – seja
perdido.
Isso sem contar os sites que produzem boatos
e fofocas absurdos não por motivos políticos, mas sim para, através de cliques
em anúncios, ganhar dinheiro.
Nas eleições presidenciais norte-americanas
do ano passado, uma cidade da Macedônia ficou famosa por produzir sites com
notícias mentirosas pró-Trump a fim de ganhar com visitas de internautas dos
Estados Unidos.
Lula é um animal político, tal como Fernando
Henrique. Ambos fazem política até dormindo, então é natural que na morte de
ambas as esposas, eles alternassem choro e política, no ombro de aliados ou
adversários. O que não é natural é imaginar que o mundo é um grande duelo do
bem contra o mal.
O ideal seria que a população não confiasse
nas mensagens de WhatsApp que não pode checar a veracidade para a formação
de sua opinião, como tenho dito, há anos, neste blog. Mas como alfabetização
midiática e informacional é algo raro, que não será realizado em massa no curto
prazo, os veículos de comunicação tradicionais de massa têm um papel importante
a cumprir, que é o de explicitar esse tipo de boato e, na medida do possível, a
quem ele interessa. Sites que desmascaram informações falsas são importantes,
mas atuam em uma escala muito pequena para esse tipo de acontecimento.
Isso deveria ocorrer, independentemente do
resultado do boato ser oportuno a quem controla o veículo ou não. Sei que isso
pode parecer utopia. Mas, agora, é com a família Silva. Amanhã, poderá ser com
qualquer outra família.
E, acreditem: a imprensa tradicional (que já está
em fase de transformação por conta das mudanças na forma de financiamento do
jornalismo na era digital) pode se tornar irrelevante diante da força das
fábricas de ''verdades alternativas'' que temos por aí. Que não têm compromisso
com nada, nem ninguém.
Observação: Texto alterado para
inclusão da informação sobre a doação do fígado.
Leonardo Sakamoto, na Folha
Se
gostou deste post subscreva o nosso RSS
Feed
ou siga-nos no Twitter
para acompanhar nossas atualizações
*
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá!
Bem vindo, a sua opinião é muito importante.