sexta-feira, 10 de julho de 2015

‘Brasil teve maior aumento em produtividade agrícola’ entre os ricos e BRICS


"A melhoria da produtividade nos últimos 15 anos no Brasil se beneficiou de reformas econômicas que permitiram a realocação de recursos e a reestruturação da agricultura e dos setores associados".

A produtividade da agricultura brasileira teve uma das maiores taxas de crescimento do mundo nos últimos anos, segundo estudo realizado pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em conjunto com a agência das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), publicado nesta quarta-feira.

O relatório "Perspectivas Agrícolas OCDE FAO 2015-2024" diz que, se forem considerados os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e os membros da OCDE, que reúne principalmente economias desenvolvidas, o Brasil "é o país que mais melhorou sua produtividade total de fatores (PTF) agrícolas".

O PTF se refere à relação entre o total produzido e o total de insumos, que caracteriza a produtividade. No Brasil, a produtividade agrícola aumentou em mais de 4% desde o início dos anos 2000, segundo o documento.

O relatório também menciona uma análise do Ministério da Agricultura dos Estados Unidos, que comparou as taxas de crescimento da produtividade agrícola entre 2001 e 2010 e colocou o Brasil na 12ª posição entre 172 países.

"Os investimentos a longo prazo nas pesquisas agrícolas, que permitiram ao Brasil desenvolver tecnologias de ponta para a agricultura tropical, estão entre os fatores que estimularam o crescimento da produtividade", diz o relatório, que dá grande destaque ao Brasil, com um capítulo especial de dezenas de páginas sobre o país.

"A melhoria da produtividade nos últimos 15 anos no Brasil se beneficiou de reformas econômicas que permitiram a realocação de recursos e a reestruturação da agricultura e dos setores associados", diz o relatório, ressaltando que isso criou um "ambiente mais competitivo", que incitou os produtores a aumentar sua produtividade e adotar inovações.

Ao mesmo tempo, a OCDE e a FAO destacam que a necessidade de reduzir os chamados gargalos de produção que entravam a produtividade é um dos "desafios estratégicos" da agricultura do país.

"A melhoria da logística e de infraestrutura e de transportes é uma prioridade essencial. Isso permitiria reduzir os custos de produtores voltados para a exportação e beneficiaria todos os agricultores, facilitando o acesso ao mercado interno", afirma o relatório.

Segundo o estudo, o crescimento futuro da agricultura brasileira dependerá da consolidação dos ganhos de produtividade, ligados à melhoria do aproveitamento das culturas, além da transformação de alguns pastos deteriorados em terras cultiváveis e da intensificação da produção animal.

A soja deverá continuar sendo o principal produto agrícola do Brasil. O país, que é o segundo maior produtor de soja no mundo, poderá aumentar sua produção nos próximos dez anos, reduzindo a diferença que o separa dos Estados Unidos, o primeiro.

"Entre os grandes países produtores e exportadores de oleaginosas, o Brasil é o país onde o potencial de expansão da produção é o mais elevado", segundo as Perspectivas Agrícolas da OCDE e FAO.

O documento também menciona o impacto ambiental dessa atividade econômica no Brasil. O crescimento da agricultura brasileira também está associado à expansão das áreas agrícolas, "uma das mais fortes observadas no mundo entre 1990 e 2012".

"Uma parte importante do desmatamento está ligado a atividades ilegais. As terras desmatadas são em seguida utilizadas como pastos."

"Esse desmatamento suscitou preocupações em relação à expansão da agricultura na Amazônia", diz o estudo, fazendo a ressalva de que estimativas de órgãos brasileiros indicam uma redução nos níveis de desflorestamento em 2014.

No documento, a OCDE e a FAO preveem que os preços mundiais dos produtos agrícolas deverão cair nos próximos dez anos "graças ao crescimento da produção, puxada pelo aumento tendencial da produtividade e a diminuição dos preços dos insumos, que ultrapassarão a progressão da demanda, menos acentuada do que antes".

Daniela Fernandes - BBC Brasil

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