É interessante como a ‘turma da direita’ parece que se assume –
embora nem todos saibam mesmo sobre o que falam ou fazem – e você? É o que?
Os tempos talvez exijam
alguma definição. É claro que um pouco de informação sobre ‘estas coisas’ não
fazem mal a ninguém.
Acha que uma saída poderia
ser a volta dos milicos? Ou seria um retorno ao governo antinacional, vendido, do psdb & Cia? aécio’s, alckmin’s
e serra’s – e sua fixação em se firmar como garoto ‘pau mandado’ dos EUA...
O que seria melhor?
Então. Talvez devêssemos “botar
a mão na massa virtual” – leia-se internet e redes sociais – e passarmos a
defender e lutar por aquilo em que acreditamos ser o melhor para o
povo e para o Brasil.
Se tem uma coisa que a tal
da direita sabe fazer, é organizar-se muito bem, por isso os tempos de “pagar
pra ver” e do amadorismo já passou. Se é o seu caso, mãos à obra!
"A ascensão dos grupos conservadores nas redes
sociais – da revolta “pop” ao uso de perfis fake e robôs importados da campanha
eleitoral.
Os 37 anos, o carapicuibano André Ricardo de Paulo
não sabe explicar com precisão qual sua tendência política. “Eu não sei me
definir ainda. Posso dizer que sou conservador politicamente e liberal no
sentido econômico”, diz. “Não tem como negar que estão ligados à direita.” Mas
alguns anos atrás André sabia perfeitamente o que era: “Não tinha consciência
política”. Em 2002, na campanha eleitoral que elegeu Luíz
Inácio Lula da Silva, votou nulo simplesmente por não conhecer nada sobre o
tema. Em 2006, votou pela reeleição do ex-presidente. “Nós achávamos o máximo o
Lula no poder.
O Lula é um fenômeno, sair de onde ele saiu e chegar aonde
chegou.” Hoje em dia, depois de ter buscado se informar, André está seguro de
que o Brasil vive uma “ditadura disfarçada” e de que “Lula e Dilma fazem parte
do mesmo projeto: espalhar o comunismo na América”, explica ele, na
varanda da casa dos sogros, uma coleção de puxadinhos de concreto em Carapicuíba,
cidade da grande São Paulo, onde mora com a família da esposa – os pais e os
cunhados –, além dos dois filhos. Na rua, crianças empinam pipa, um boteco
atende aos moradores, e do outro lado as casas sem reboco enfileiram-se
vermelhas. “Não é uma favela, é uma periferia. É a visão do Marrocos”, diz,
colocando em seguida em cima da mesa um livro grosso, orgulhoso, “O mínimo que
você tem que saber para não ser um idiota”, de Olavo de Carvalho. Explica: “Não
tive tempo ainda para ler isso, precisa de uma dedicação, né?”.
Até cerca de sete anos atrás, André nunca tivera
tempo de pensar em política. Trabalha desde os 14 anos. Foi office-boy,
operador de telemarketing, assistente administrativo. Hoje tem sua pequena
empresa que fornece serviços de telefonia. “Trabalhei praticamente todos os
fins de semana, desde cedo”, diz. Tudo mudou quando um primo indicou-lhe a
leitura da página do filósofo e polemista Olavo de Carvalho no Facebook. “Logo
nas primeiras coisas que eu vi do Olavo já percebi que eu tava errado. É tão
claro.” Desde então, André visita a página todos os dias, além de seguir outros
colunistas como Felipe Moura Brasil e Rodrigo Constantino, da Veja.
Faz eco às bandeiras abraçadas por seus autores preferidos: defende o Estado
mínimo, é a favor da redução da maioridade penal, ataca o que chama de
“gayzismo” – a imposição do modo de vida homossexual sobre a sociedade – e
acha que políticas como Bolsa Família e cotas “deixam as
pessoas acomodadas”.
Como centenas de milhares de brasileiros, o “despertar”
político de André tem tudo a ver com a sua crescente intimidade com a internet.
Hoje ele usa sua página no Facebook para compartilhar notícias de
interesse, propagando informação para seu círculo. “Já tive posts de
cem comentários, até uns 150 likes. Isso aí vai pra tanto lugar que
você não imagina”, orgulha-se. “Não confio em mídia nenhuma, a não ser nas
alternativas”, explica, citando os sites Mídia sem Máscara, de
Olavo de Carvalho, e Folha Política.
Segundo a Pesquisa Brasileira de Mídia 2015, realizada
pelo Ibope, a internet é de longe o meio de informação que mais cresce entre os
brasileiros. Metade da população já usa internet. Desde o ano anterior,
aumentou de 26% para 37% o número daqueles que a utilizam todos os dias.
Sessenta e cinco por cento dos jovens na faixa de 16 a 25 anos se conectam
todos os dias durante mais de cinco horas, em média. Entre os internautas, 92%
estão conectados por meio de redes sociais, sendo as mais utilizadas o Facebook
(83%), o WhatsApp (58%) e o YouTube (17%). Apenas 7% leem jornais diariamente.
A TV continua sendo o meio mais usado: 73% disseram assistir diariamente.
“A internet é hoje em dia um campo de batalha entre
a velha ordem repressora e os projetos de liberação das jovens gerações. Todos
esses projetos sociais estão presentes na internet, e é por ela que se chega às
mentes das pessoas”, analisa o sociólogo catalão Manuel Castells, professor da
Universidade do Sul da Califórnia (USC, na sigla em inglês), que estuda o
impacto da tecnologia na cultura e na política. “É o verdadeiro lugar do
poder.”
Quem influencia a rede?
No dia 2 de junho o ídolo de André, o filósofo
Olavo de Carvalho, participou de um hangout no YouTube de
quase duas horas com um time de “estrelas” da nova direita online. Fábio
Ostermann, fundador do Movimento Brasil Livre, o cantor Lobão, Beatriz
Kicis, procuradora do Distrito Federal e membro do Revoltados Online, além do
ativista Dalmo Accorsini, discutiam qual seriam “os próximos passos contra o
PT”. Foi apenas mais um de dezenas de hangouts parecidos que,
a cada 15 dias, reúnem “influenciadores” da rede conservadora. Uma semana
depois, na última terça-feira, os principais perfis compartilhavam
freneticamente imagens e slogans exigindo que o TCU rejeitasse as contas do
governo Dilma por ter segurado repasses de cerca de R$ 40 bilhões, aparentando
um melhor equilíbrio nas contas. Os e-mails dos juízes do TCU foram compartilhados
nas redes e receberam centenas de mensagens. Um deles chegou a receber mais de
800 e-mails na manhã do dia 17. Deu resultado. “Já tivemos contas muito piores,
mas o momento é outro. O país cobra mais fiscalização, e a presidente é
impopular. Essa decisão não seria tomada contra Lula no auge da popularidade”,
teria dito um deles, segundo a Folha de S. Paulo.
Em comum, os diversos canais online de direita
apostam em um discurso agressivo contra todas as “causas” que combatem, uma
violenta oposição ao atual governo e a descrença generalizada na mídia e nos
jornalistas (com exceção de Veja) cuja cobertura consideram
governista. “Os panelaços foram chamados pelos articulistas da Veja,
que se engajam politicamente, são articuladores do processo, atores políticos.
Mas também surgiram novas lideranças e microlideranças de opinião”, diz o
sociólogo e ativista digital Sérgio Amadeu, professor da Universidade Federal
do ABC. (por Natália Viana, da Agência Pública).
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