Esta
frase estava em um cartaz em manifestação contra o Estatuto do Nascituro, na
Praça da Sé, em São Paulo (15/07/13). Será, mesmo, se o feto, se tivesse a
opção de escolher, concordaria com esta premissa?
O Estatuto do Nascituro volta com a velha
questão: A partir de que momento, mesmo, existe vida? Ele, o feto, ou a vida,
seria uma extensão do corpo da mulher? Se vida, ela tem o direito de fazer
prevalecer sua vontade e eliminá-la?
Entretanto,
já que o estupro sujeita a mulher a uma situação involuntária, forçada, assim, como
ficariam os seus direitos? O Estatuto objetiva atenuar ou mesmo trazer uma
solução para este dilema.
Paulistanos protestam
contra o Estatuto do Nascituro
São Paulo
– Manifestantes se reuniram na tarde de hoje (15) na Praça da Sé, centro da
capital paulista, para protestar contra o Estatuto do Nascituro (PL 478/07),
projeto que tramita no Congresso e que oferece direitos ao feto concebido a
partir de estupro. O ato reuniu, segundo a Polícia Militar, 200 pessoas. Já os
organizadores do protesto contabilizaram 3 mil participantes.
O
estatuto foi aprovado pela Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados
e depende da aprovação da Comissão de Constituição, Justiça e de Cidadania para
ser apreciado em plenário. A proposta prevê que a mulher que engravida após um
estupro e não tem condições econômicas de cuidar da criança terá direito a uma
pensão alimentícia paga pelo Estado. Caso o estuprador seja identificado, ele
será responsabilizado pelo pagamento. A mãe também tem a opção de oferecer a
criança à adoção.
Movimentos
sociais e feministas, porém, temem que as mulheres que engravidam depois de
terem sido violentadas sexualmente sejam impedidas de fazer o aborto, que é
legalizado para esta situação.
Sônia
Coelho, coordenadora da Marcha Mundial das Mulheres, acredita que a autonomia
da mulher tem de ser privilegiada no momento em que ela decide se leva ou não
adiante a gravidez decorrente de um estupro. “Para ser pessoa, é todo um
processo de criação, de amor, de carinho, de cuidado, de socialização. O óvulo
vai ser pessoa se aquela mulher decidir que aquele óvulo vai ser [um
indivíduo]”, disse.
Para
Sônia, o estatuto tira a autonomia feminina. “O Estatuto do Nascituro coloca as
mulheres em uma situação de não pessoa, de não sujeito de direitos. Ele dá
direito a um óvulo fecundado, em detrimento à vida e ao direito das mulheres.
Nós somos radicalmente contra, porque esse projeto significa naturalizar o
machismo, a misoginia, aceitar a violência contra as mulheres e banalizar o
estupro, que é um crime hediondo”, disse.
Guilherme
Engeleman Bortoleto, 19 anos, estudante de publicidade e propaganda,
classificou o Estatuto do Nascituro como um “retorno à Idade Média”. Junto à
uma minoria de homens presentes ao protesto, ele carregava uma faixa com os
dizeres: “Quem gostaria de ser filho de um estuprador?”. Guilherme acredita que
a aprovação da lei poderá aumentar os índices de abortos clandestinos e de
morte materna. “É uma questão de saúde pública. Mulheres morrem e a gente não
pode ignorar isso. Ninguém fala nada sobre isso, a televisão não mostra. Então,
eu repudio essa lei, ela é uma afronta”, argumentou.
Além de
São Paulo, a manifestação contra o Estatuto do Nascituro foi programada para
ocorrer em Belo Horizonte, Brasília, no Rio de Janeiro, Recife, Porto Alegre,
em Santa Maria (RS), Florianópolis, em Joinville (SC), Jaraguá do Sul (SC) e em
Campina Grande (PB). (Agência Brasil)
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