terça-feira, 22 de janeiro de 2013

As capas médicas da revista Veja, a que interesses serve?

A Veja “não dá ponto sem nó”, como diz o ditado popular. Abusa de sua grande tiragem e de sua “audiência cativa”, para usar e abusar dos corações e mentes de seus leitores. Se useira e veseira na manipulação e mentira quando o tema é política, abusa ao vender-lhes produtos de saúde de qualidade duvidosa, como se fosse uma simples informação. A que interesses serve? O artigo abaixo é do Luís Nassif, no sítio do Observatório da Imprensa:

A propaganda médica sofre inúmeras restrições, tanto na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) quando dos próprios conselhos de medicina. É um risco para a saúde pública, por induzir ao aumento desmedido do consumo de medicamentos, muitas vezes sem a devida prescrição médica e, algumas vezes, podendo afetar a saúde do público.

No entanto, algumas publicações de alcance nacional tem recorrido a um expediente, provavelmente para burlar as restrições à propaganda: matérias com todos os sinais de terem sido encomendadas pelos laboratórios interessados.

É o caso do imprudente mergulho da Editora Abril em matérias médicas.

Em setembro de 2011 a revista publicou capa polêmica, recomendando o medicamento Victoza, do Laboratório Novo Nordisk, para combate à obesidade. O medicamento é para tratamento de diabetes tipo 2, não é recomendado para emagrecimento. A capa ensejou uma enorme reação dos setores médicos, a ponto da Anvisa exigir uma Nota de Esclarecimento da Editora Abril.

Quesito crucial”

Como notou o leitor Pedro Saraiva, em meu blog, mesmo assim na semana seguinte a revista MdeMulher, da mesma Editora Abril, publicou reportagem semelhante sobre o Victoza. E, em novembro, foi a vez da revista Claudia.

Na semana passada, Veja trouxe outra capa polêmica, em que expunha um rapaz alto ao lado de um baixinho e a informação, com base em uma certa “evolução tecnofísica”, de que “Do alto tudo é melhor” (manchete de capa). “A ‘evolução tecnofísica’ explica por que as pessoas mais altas são mais saudáveis e tendem a ser mais bem-sucedidas”, dizia o texto complementar da capa.

No blog, o leitor Hugo rebateu as pretensas afirmações científicas da revista. “Tão rasa quanto a concepção de que os mais altos se saem melhor que os baixinhos, é a explicação dada sobre tal tese, tirada sabe-se lá de onde. Sem fontes claras – fossem elas estudiosos ou mesmo uma pesquisa quantitativa das que renderam a Fogel boa parte da relevância que tem hoje – a revista limita-se a exibir um quadro intitulado “Por que alguns centímetros a mais fazem diferença”, citando relações mirabolantes entre altura e sucesso, e ao seguinte parágrafo, de autoria da própria redação da revista:

“A altura está associada também à produtividade, ao poder e ao sucesso. Pessoas mais altas são consideradas mais inteligentes e conseguem aumento de salário com maior facilidade do que as mais baixas. Medir 5 centímetros a mais do que os colegas de trabalho garante um salário 1,5% maior, ou 950 dólares suplementares no fim do ano. A altura é um quesito crucial até para a liderança. Entre 1789 e 2008, 58% dos candidatos mais altos à Presidência dos Estados Unidos ganharam as eleições. Barack Obama tem 1,85m. O republicano Mitt Romney, 1,88 metro.”

Acinte à saúde pública

O que leva uma revista com tal tiragem a montar uma capa dessa ordem?

Coube ao leitor Saraiva a suspeita final. “A empresa farmacêutica Novo Nordisk atua basicamente em apenas 3 áreas da saúde: diabetes, distúrbios da coagulação e... distúrbios do crescimento”, revela ele.

Seja qual for a motivação da Editora Abril, é um acinte que atropela todo o aparato de saúde pública, autoridades reguladoras, conselhos médicos. 

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