Após incentivar os exageros
do STF no julgamento do “mensalão do PT” – como a condenação
sem provas ou o uso indevido da tese do “domínio dos fatos” –,
a mídia privada agora parece temer a fúria dos ministros. Os
jornalões já afirmam que as “punições rigorosas deixam bancos
apreensivos”. A Folha de hoje critica, pela primeira vez, os
“métodos” de Joaquim Barbosa, o “Batman”. Até “calunistas”
que aplaudiram o fuzilamento do chamado “núcleo petista do
mensalão” alertam para o risco de descontrole no STF.
Como
expressão do capital rentista, o maior temor da mídia é com o
futuro dos banqueiros. A condenação de Kátia Rabello, dona do
Banco Rural, teria provocado reuniões emergenciais dos agiotas. Eles
temem ser enquadrados em crimes financeiros e até já estudam
medidas para se proteger. “A dosagem da pena [contra Kátia
Rabello] foi o que deixou apreensivos o empresariado e boa parte dos
banqueiros. Para eles, está claro que o STF vai instituir a teoria
usada na decisão como ‘regra’ a partir de agora”, relata a
Folha.
Este temor dos agiotas e da
mídia rentista, porém, não se justifica. Afinal, banqueiro nunca
foi para a cadeia no Brasil. Para acalmá-los, basta citar alguns
casos recentes. Ângelo Calmon de Sá, do Banco Econômico, foi
condenado a 25 anos de prisão em 1995. Não passou um dia na cadeia.
Salvatore Cacciola, do Banco Marka, foi condenado a 13 anos, mas
“fugiu” do país. Edemar Cid Ferreira, do Banco Santos, e Luís
Octávio Índio da Costa, do Banco Cruzeiro do Sul, também
conseguiram escapar das grades.
Os banqueiros têm muito
influência política, inclusive no Poder Judiciário. Eles também
gozam da proteção da mídia rentista. O julgamento do “mensalão
do PT” teve objetivos políticos. Ele foi cronometrado para
socorrer a oposição demotucana nas eleições municipais de outubro
e, do ponto de vista estratégico, para prejudicar as forças de
esquerda no país. Por isso, ele exagerou no teatro e nas punições.
Os rentistas não precisam se preocupar. A encenação tem data de
vencimento e o Brasil é o paraíso dos banqueiros!
Por Altamiro
Borges
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