E
aí, você se colocaria em um quadro/diagnóstico assim?
O silencio/inércia seria, mesmo, sinônimo de perda
de fé, desencanto ou teria traços de condescendência, ou até aprovação, mesmo que
pontual?
Para quem “olha de fora” deve ser difícil entender
como tanta agente “olha” impassível a destruição/venda de um país assim... Não acha?
Será se teria algo a ver, também, com a postura dessas
fontes de informações usual/preferenciais – que continuam as mesmas – que fazem
o “teatrinho de mídia” para não
perderem audiência/credibilidade dos aficionados de
sempre?
Ou falando em uma linguagem mais... Como poderia
dizer? Mais chula? Para continuarem a enganar os trouxas de sempre?
É, vamos ver o que acontece... Se vai sobrar “Brasil
que se preze” depois disso tudo...
"Silêncio da rua contra Temer não é condescendência, mas perda de fé no país
O governo Temer comemora que as ruas não estejam
coalhadas de gente pedindo sua cabeça, tal qual ocorreu com Dilma Rousseff. De
forma cínica, seus apoiadores afirmam que isso é uma prova de que a população
entende que ele tem agido corretamente para tirar o país da crise e confiam em
sua honestidade.
Ao mesmo tempo, uma pesquisa CNI/Ibope aponta que
Temer, com seus 5% de aprovação, conseguiu a proeza de estar abaixo dos pisos
atingidos por Collor (12%), Dilma (9%) e até Sarney (7%).
O silêncio na rua, quebrado aqui e ali por
manifestações ligadas a movimentos e sindicatos, não significa que a
insatisfação não esteja no ar. Mas que há uma sensação de desalento
generalizado.
Quem apoiou a saída de Dilma, seja por conta das
denúncias de corrupção em seu governo ou pelo desgosto com a grave situação
econômica que ele ajudou a construir, agora sente desalento ao perceber que
saiu da frigideira para cair direto no fogo. Talvez haja felicidade entre
quem professa o antipetismo pelo antipetismo, mas este texto não trata de
patologias.
Quem não apoiou e protestou contra sente
impotência diante da profusão de denúncias de corrupção decorrentes do
fisiologismo a céu aberto do atual governo e sua relação incestuosa com o
Congresso Nacional. E com a aprovação de uma agenda de desmonte da proteção
social, trabalhista e ambiental, que não foi chancelada pela população através
de eleições.
Quem não foi às ruas nem para apoiar a queda de
Dilma, nem para defendê-la, grupo que representa a maioria da população, e
assistiu bestializado pela TV ao impeachment, segue onde sempre esteve:
sentindo que o país não lhe pertence. Entende que as coisas vão piorando e,
quando bandidos não retiram o pouco que eles têm, o Estado faz isso. Seja
roubando suas aposentadorias, seja violentando-os nas periferias de todo o
país.
A falta de gente nas ruas é um sinal que diz mais
sobre o sentimento geral do país do que sobre a capacidade de engajamento de
movimentos contrários ao atual governo. Mesmo que contasse com o apoio do poder
econômico, que financiou e divulgou manifestações pró-impeachment, a rua não
atrairia tanta gente. E não apenas porque o momento catártico passou
e agora a população, cansada, se retraiu. Mas porque, para muita gente,
simplesmente não vale a pena.
A manutenção de um governo cuja legitimidade,
honestidade e competência são questionados seria suficiente para levar o país
às ruas. Contudo, a sensação é de que boa parte da população, aturdida com tudo
o que foi descrito acima, está deixando de acreditar na coletividade
e buscando construir sua vida tirando o Estado da equação. O que
deixa o Estado livre para continuar servindo à velha política e a uma parte do
poder econômico.
O Brasil está cozinhando sua insatisfação em
desalento, impotência, desgosto e cinismo. Isso não estoura em
manifestações com milhões nas ruas, mas gera uma bomba-relógio que vai explodir
invariavelmente em algum momento, ferindo de morte a democracia.
Quando o impeachment foi aprovado, um dos receios
era o esgarçamento institucional que a retirada de uma presidente eleita pelo
voto popular por um motivo frágil (pedaladas fiscais) em vez de um caminho mais
sólido (cassação da chapa por caixa 2) poderia causar. Infelizmente, o
esgarçamento aconteceu.
Vivemos um momento em que a sensação é de desrespeito a
regras e normas, principalmente por parte do governo e de parlamentares, é
amplo.
Deixar de confiar na política como arena para a
solução dos problemas cotidianos é equivalente a abandonar o diálogo visando à
construção coletiva. Caídas em descrença, instituições levam décadas para se
reerguer – quando conseguem. No meio desse vácuo, vai surgindo a
oportunidade para semoventes que se consideram acima das leis se apresentarem
como a saída para os nossos problemas. Pessoas que prometerão ser uma luz na
escuridão, mas nos guiarão direto para as trevas.
Ou seja, talvez o tempo da indignação já
tenha passado para muita gente. E, por não ter produzido frutos, abriu
caminho para a desconstrução daquilo que três décadas de democracia
ergueram por aqui.
É triste, mas talvez o principal legado do governo
Temer será um não-país.
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