sábado, 6 de fevereiro de 2016

Porque a tentativa de impeachment não passa de um “golpe paraguaio”, segundo o Bresser Pereira

Irresponsabilidade

A oposição liberal, liderada por Aécio Neves, embarcou feliz no barco podre de Eduardo Cunha. O golpismo liberal sempre que o governo não se submete estritamente aos interesses dos ricos, é algo antigo. Em minha última nota eu afirmei que, uma vez iniciado o processo do impeachment, eu esperava que ele fosse logo concluído, aliás, como manda a Constituição - em no máximo 30 dias.

Mas a oposição quer mais tempo para poder convencer a opinião pública do paraíso que teremos com o novo presidente. Pouco lhe importa que isto seja manifestação de falta de responsabilidade cívica. Agora é importante uma decisão rápida, que ou fortaleça a presidente, ou o Brasil volte à condição de Paraguai e a derrube.

Perguntam-me os os liberais: "mas por que um impeachment eventualmente decidido pelo parlamento equivale a um golpe de Estado?" Porque o impeachment só se justifica quando há crime. Ora, todos sabemos que a presidente não cometeu crime algum. Impichá-la é reduzir o Brasil ao Paraguai. As "pedaladas" são uma irregularidade, mas definitivamente não implicam crime.

"Mas nós teríamos um governo melhor", continua o liberal. Não creio, mas mesmo que isso fosse verdade, o impeachment continuaria a ser uma violência à democracia. A justificativa de todos os impeachments sempre é a promessa de um governo melhor.

"Mas, me disse o liberal moralista, ela cometeu um estelionato eleitoral". Ora, se fosse verdade que a presidente cometeu esse erro, essa não seria uma razão para afastá-la. Na verdade, ela não cometeu qualquer estelionato. Em outubro do ano passado, uando ela prometeu continuar com a política de expansão fiscal, nem ela nem ninguém tinha a menor ideia da forte recessão que vinha vindo. Em nenhum momento a oposição ou economistas independentes manifestaram sequer temor que isto acontecesse.
Luiz Carlos Bresser-Pereira

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